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sexta-feira, 26 de maio de 2023

Alias Grace

Alias Grace
Gostei bastante dessa minissérie da Netflix. A história se passa no século XIX e começa quando um jovem médico decide fazer uma série de sessões com uma jovem que foi condenada por matar duas pessoas na propriedade rural onde trabalhava como empregada doméstica. Ela parece tão meiga, tão inocente, que sua situação intriga o jovem psiquiatra. Ele quer desvendar sua mente para escrever um artigo científico. E nessas sessões o roteiro desfila uma série de flashbacks contando a  história do passado da Grace, mostrando as justificativas e as circunstâncias que levaram aquela jovem a ser condenada à prisão por homícidio qualificado. Como isso teria acontecido?

Alguns aspectos devem ser levados em conta quando for assistir a essa minissérie. A primeira delas é que a dublagem brasileira ficou meio estranha, principalmente no trabalho da dublagem da protagonista. O curioso é que passado o estranhamento inicial, se forma uma familiaridade com aquele estilo que vai fazer você preferir a dublagem mesmo, ainda que ela seja um tanto fora da curva. É o carisma vocal da dubladora. Outro aspecto digno de nota é o bom roteiro que vai mostrando as peças que deram origem a esse crime, inclusive mostrando a vulnerabilidade que jovens mulheres que trabalhavam como domésticas sofriam naqueles tempos. O abuso sexual era uma constante, além dos abusos psicológicos e de preconceito social. Um quadro terrível que levava jovens inocentes até mesmo a cometerem os piores crimes. Então deixo essa dica de boa minissérie. Vale muito a pena acompanhar todos os episódios. 

Alias Grace (Estados Unidos, 2017) Direção: Mary Harron / Roteiro: Margaret Atwood / Elenco: Sarah Gadon, Edward Holcroft, Rebecca Liddiard / Sinopse: A minissérie conta a história de Grace Marks, uma jovem vivendo no século XIX que é condenada por matar seu patrão e a governanta de uma fazenda onde ela trabalhava. Ela passa a ser analisada por um jovem médico que deseja descobrir os segredos de sua mente. 

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

As Discípulas de Charles Manson

Charles Manson morreu em 2017. Ele foi o mais infame guru psicótico da história criminal dos Estados Unidos. Aproveitando a repercussão na mídia com seu falecimento, os produtores decidiram financiar esse "Charlie Says" baseado no livro "The Family", escrito por Ed Sanders. O que levou jovens saudáveis, de classe média, a cometerem assassinatos terríveis em prol da causa de um lunático como Manson ainda hoje desperta dúvidas. Seria o seu enorme poder de manipulação? Como esse pequeno homem (tinha 1.50 de altura) conseguiu levar um grupo de homens e mulheres, alguns deles com escolaridade e boa formação, a participarem de crimes horripilantes? Como todos sabemos foi a "família" de Charles Manson quem matou a atriz Sharon Tate e várias outras pessoas em 1969, nas colinas de Hollywood. Crimes que chocaram todo um país.

Eu gostei desse filme porque ele deixa um pouco a figura de Manson de lado para focar nas jovens Leslie 'Lulu' Van Houten, Patricia 'Katie' Krenwinkel e Susan 'Sadie' Atkins. Elas eram jovens, bonitas e seguidoras de Charles Manson. As três participaram dos crimes de Sharon Tate e depois do assassinato de um casal de prósperos comerciantes, o casal La Bianca. Os crimes tiveram requintes de crueldade, com mutilações e atos de pura bárbarie. Depois Manson mandou seus jovens assassinos escreverem palavras com o sangue das vítimas nas paredes. Ele queria dar início a uma guerra racial. Cheio de LSD na cabeça, Charles acreditava que um apocalipse Helter Skelter estava para começar no mundo. Inspirado nas músicas do álbum branco dos Beatles, ele pensava que seria o novo messias para reconduzir a humanidade de volta para a harmonia depois de todas as mortes. Como se pode perceber era completamente doido o tal sujeito.

No filme ha duas linhas narrativas. Na primeira já encontramos as discípulas de Manson no presídio, no corredor da morte. Elas são ajudadas por uma assistente social que precisa trazer as garotas de volta à sanidade. A conclusão é que Manson havia feito uma lavagem cerebral em todas elas. As seguidoras de Manson então vão recordando os tempos em que andavam ao lado de Charlie. Primeiro em um rancho abandonado onde eram filmados velhos filmes de faroeste, depois na noite dos crimes quando elas foram capazes de atos criminosos inimagináveis. Assim temos a segunda linha narrativa, em flashback. E não foi fácil trazer essas mulheres de volta ao mudo real. Elas ainda passaram vários anos cultuando Manson dentro da cadeia. Só depois de muito tempo é que a ficha finalmente caiu e elas conseguiram compreender que tinham destruído suas vidas em prol das insanidades de um louco. Sadie, por exemplo, morreu na cadeia, de um câncer cerebral. As outras duas ainda amargam seus dias de velhice por trás das grades. Vidas desperdiçadas em troca de absolutamente nada! Assim deixo a indicação desse bom filme. É mais um tentando decifrar esse enigma sangrento e violento da história dos Estados Unidos.

As Discípulas de Charles Manson (Charlie Says, Estados Unidos, 2018) Direção: Mary Harron / Roteiro: Guinevere Turner, Ed Sanders / Elenco: Hannah Murray, Matt Smith, Sosie Bacon, Marianne Rendón, Merritt Wever, Chace Crawford / Sinopse: De dentro de uma prisão de segurança máxima, uma assistente social bem intencionada tenta trazer três seguidoras da "família" Manson de volta à realidade. Seguidoras de um guru lunático, elas cometeram terríveis assassinatos em seu nome e em prol de sua causa insana. Filme indicado no Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Psicopata Americano

Quando assisti a esse filme pela primeira vez não gostei muito. É um tipo de roteiro asséptico, insípido, sem nenhum calor humano, sendo mais frio que uma faca de corte. Provavelmente tudo isso tenha sido proposital já que o personagem principal (interpretado por um Christian Bale bem perturbador) não sente nada mesmo. Psicopatas não conseguem sentir qualquer tipo de identificação com outro ser humano. Eles apenas matam. O curioso é que o roteiro também faz de tudo para o espectador não decifrar o que está se passando. Seria a realidade ou apenas tudo fruto da mente psicótica de seu protagonista?

O enredo gira em torno de Patrick Bateman (Christian Bale), um figurão, um alto executivo de Wall Street. Ser frio faz parte de seu trabalho. Ao lado da fachada de homem de negócios respeitável ele começa a satisfazer seus estranhos desejos. Ele só consegue sentir algum prazer em sua vida ao matar outras pessoas. E o faz com regularidade, com frequência e brutalidade. Dessa forma começa sua carreira de sangue e tripas. Embora o roteiro seja interessante (filmes sobre serial killers são sempre bons, de uma maneira em geral), esse aqui deixa a desejar justamente pela sua obsessão em ser muito "clean". Tudo parece ser bem surreal, insano, mas que não conseguiu me prender. Definitivamente não consegui mesmo gostar desse "Psicopata Americano", nem numa segunda revisão. Simplesmente não foi dessa vez também.

Psicopata Americano (Estados Unidos, Inglaterra, 2000) Direção: Mary Harron / Roteiro: Mary Harron, baseado no romance policial escrito por Bret Easton Ellis / Elenco: Christian Bale, Justin Theroux, Josh Lucas / Sinopse: American Psycho conta a estranha estória de Patrick Bateman (Christian Bale), um homem de negócios bem sucedido que começa a matar pessoas para satisfazer seus prazeres sádicos e psicóticos. Filme vencedor do Empire Awards, UK, na categoria Melhor Ator (Christian Bale).

Pablo Aluísio.