segunda-feira, 8 de abril de 2024
Torrentes de Ódio
Título Original: Scudda Hoo! Scudda Hay!
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: F. Hugh Herbert
Roteiro: F. Hugh Herbert
Elenco: June Haver, Lon McCallister, Walter Brennan, Marilyn Monroe
Sinopse:
Um peão decide se organizar na vida, pois está apaixonado pela filha de seu patrão. Para mostrar que tem futuro resolve comprar um par de mulas para transporte, algo que lhe dará muita dor de cabeça depois, mas ele está decidido a dar certo para conquistar o amor de sua vida.
Comentários:
Outro filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe em que você terá que prestar muita atenção para encontrar a atriz em cena. Infelizmente a maior parte de sua participação foi parar no chão da sala de edição do estúdio mas ainda podemos ver a loira descendo as escadas de uma igreja no domingo pela manhã, acenando e dizendo sua única linha de diálogo no filme inteiro: "Oi Rad!" Por essa razão não é raro muitos jornalistas cometerem a burrice de dizer que essa foi a primeira aparição de Marilyn Monroe no cinema (como já comentamos em resenhas de filmes anteriores de Marilyn, esse tipo de afirmação simplesmente não procede). O elenco também traz outra curiosidade, a presença da também aspirante à fama Natalie Wood, que interpreta Eufraznee 'Bean' McGill (que nome hein?). Hoje em dia sua presença e a de Marilyn se tornaram os grandes atrativos do filme. No geral o filme não é lá grande coisa (como Marilyn ou sem ela). Se trata mesmo de uma diversão ligeira, um filme de rotina dentro da indústria de cinema dos anos 40. Não há qualquer sinal de que aquela garota quase figurante das escadas da capela um dia iria se tornar um mito da sétima arte. Vale como curiosidade histórica e apenas isso.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 35
Assim como aconteceu com os Beatles, que foram esnobados pela gravadora Decca, antes de se tornarem famosos, Marilyn Monroe também foi desprezada pela Columbia Pictures, antes de se tornar a estrela de cinema mais popular de sua época. De fato Marilyn Monroe começou sua carreira na Columbia, onde apareceu nos primeiros filmes, ainda como uma garota bonita, uma extra, sem diálogos para falar para as câmeras.
Na verdade a Columbia não soube aproveitar Marilyn. Havia centenas e centenas de moças jovens e bonitas andando pelos estúdios em busca de uma chance e os diretores de elenco da Columbia não entenderam que tinham uma jóia em mãos. Isso porque apesar de Marilyn ser sim uma starlet, como todas as outras, ela tinha um natural talento para comédias e isso nunca foi enxergado pelos executivos da Columbia.
Assim, mais ou menos um ano depois de ter assinado seu primeiro e único contrato com a Columbia ela foi demitida sem maiores explicações. Simplesmente o estúdio lhe avisou que não tinha mais interesse nela. E como há mudanças que levam para novos caminhos, Marilyn saiu da Columbia e assinou com a Fox, onde iria se tornar a mais popular atriz de Hollywood de seu tempo. Imagine a cara dos diretores da Columbia ao perceberem que tinham dispensado uma mina de ouro em bilheterias!
terça-feira, 21 de novembro de 2023
Arquivos: Marilyn Monroe
segunda-feira, 6 de novembro de 2023
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 34
Os dois se conheceram meio ao acaso. Di Maggio viu uma foto de Marilyn em uma revista e ficou impressionado pela beleza da atriz. Usou de seus contatos no meio cinematográfico para conhecê-la a qualquer custo. Informada ela não deu muita bola, afinal não acompanhava beisebol e pouco sabia sobre Di Maggio. Após alguns desencontros resolveram se encontrar. Foi um jantar formal, com Joe sempre receoso em tudo ir por água abaixo. Curiosamente apesar da diferença de personalidades acabaram se entrosando. Marilyn há muito almejava encontrar seu par ideal para quem sabe formar uma família de verdade (algo que realmente nunca teve em vida). Finalmente depois de vários encontros finalmente foram para a "terceira base" (uma gíria bem em voga nos EUA). Se deram muito bem sob os lençóis. Tão bem que esse acabou sendo realmente o elo que sempre os mantinham juntos.
Em um impulso típico da atriz acabaram se casando. Di Maggio finalmente tinha seu grande prêmio, a mulher de seus sonhos. Ele tinha sua própria ideia do que seria um casamento ideal e para falar a verdade Marilyn bem se esforçou para corresponder a esses anseios do marido. Se tornou praticamente uma dona de casa. Fazia a comida de Joe enquanto esse ficava na sala assistindo seus faroestes preferidos na TV. Até suportou o bando de amigos beberrões do marido que sempre os visitavam para beber, jogar cartas e contar piadas machistas. Imaginem a cena: um monte de italianos ao redor de uma mesa de bridge sendo servidos com salgadinhos e cerveja por um dos maiores símbolos sexuais do mundo. Olhando bem de perto realmente não havia como dar certo uma coisa dessas. Marilyn já tinha tido uma experiência assim com seu primeiro marido. O fato puro e simples era que ela na realidade queria voltar aos sets de filmagem o mais rápido possível.
Assim após alguns meses Marilyn finalmente retornou aos braços de seu público. Lá estava ela em plena Nova Iorque filmando as famosas cenas do vestido levantado em "O Pecado Mora ao Lado". Di Maggio que já havia tido vários atritos com ela por causa dos roteiros dos filmes que fazia ficou discretamente posicionado atrás das câmeras, meio na surdina. Marilyn obviamente nem tomou conhecimento da presença do marido no local. Di Maggio franziu a testa. O que viu lhe deixou profundamente irritado. Marilyn com as saias esvoaçantes, deixando muito pouco para a imaginação dos homens no local. Rindo e se divertindo ela acabou adorando as cenas. A volta para casa foi tumultuada. Joe pediu explicações - Marilyn retrucou. Depois de muita gritaria finalmente aconteceu o que selou o fim do casamento. Joe Di Maggio, o herói americano, agrediu Marilyn. Ela já tinha suportado muita coisa de Joe mas isso não. Era o fim. Em pouco tempo Monroe pediu o divórcio e se foi. Di Maggio ficou arrasado. Ele ainda tentou várias e várias vezes reatar seu relacionamento mas Marilyn, que quase virou um dia uma típica dona de casa italiana, caiu fora para sempre. Era o fim do casamento dos sonhos da grande nação ianque.
O casamento da estrela e do herói do esporte acabou definitivamente, mas não a paixão de Di Maggio. Ao longo dos anos ele virou literalmente um chiclete no saldo alto da atriz. Sempre pronto a tentar uma reconciliação. Engoliu seu tradicional orgulho italiano e se prestou a passar por verdadeiras humilhações públicas. Marilyn nunca voltou atrás e parece não ter se arrependido disso. Mas como diz o velho ditado o mundo dá voltas. Após diversos fracassos amorosos Marilyn encontrou seu destino no quarto de sua casa em Hollywood. Na cama sozinha ela ainda tentou fazer uma última chamada mas o efeito das pílulas que tomou foram fortes demais. Ela apagou. Em suas últimas semanas Marilyn Monroe estava arrasada. Tinha sido despedida da Fox após inúmeros atrasos e faltas no set de seu último filme. Tentara e fracassara em seu romance duplo com os irmãos Kennedy. Abandonada e ferida Marilyn se afogou em tristeza e depressão. Para alguns uma morte acidental, para outros suicídio e como todo conto de fadas Made in USA esse também teve sua pitada de teorias da conspiração. Teria Marilyn sido assassinada pelo FBI ou pela CIA? Hoje, passado tantos anos isso realmente não importa mais.
No apagar das luzes do mito eterno foi Di Maggio quem acabou sendo o responsável por seu funeral. Afastou da cerimônia as pessoas que ele acreditava terem sido danosas a Marilyn (como Frank Sinatra, por exemplo). Providenciou uma despedida simples e respeitosa, com os poucos verdadeiros amigos da atriz. No final se mostrou inconsolável de uma dor que jamais iria se cicatrizar. Ao longo dos anos Di Maggio recusou milhões de dólares para escrever sua auto biografia. Certa vez confidenciou a um amigo próximo que jamais o faria, porque sabia que a imprensa queria mesmo era saber sobre a vida de Marilyn Monroe e ele certamente não a trairia nesse ponto. Enquanto viveu ele mandou depositar diariamente um ramalhete de flores na lápide da amada. Era uma forma de provar que jamais a esqueceria. No final seu amor por Marilyn mostrou-se realmente eterno e incondicional pois cumpriu sua promessa de nada declarar sobre sua amada. Morreu em 1999 sem falar uma linha sequer sobre seus anos ao lado da atriz mais famosa da história do cinema. O amor realmente desconhece as razões de sua própria existência.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de outubro de 2023
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 33
Porém o talento de Marilyn Monroe e seu carisma falaram mais alto com o passar dos anos. Aos poucos ela foi chamando atenção em um filme aqui, outro acolá. E as cartas de fãs e admiradores começaram a chegar nos estúdios Fox. E como a própria Marilyn Monroe diria alguns anos depois em uma entrevista, "Receber a primeira carta de um admirador, no começo da carreira, é como se embriagar! É uma alegria que até hoje sinto quando relembro".
Naquela época em Hollywood isso era extremamente importante para qualquer ator ou atriz, pois os executivos dos estúdios costumavam medir a popularidade de seus contratados pelo número de cartas que recebiam. E em pouco tempo o camarim de Marilyn ficou repleta de cartas, vindas de todos os lugares dos Estados Unidos e também do exterior. E ela fazia questão de ler todas, de ficar emocionada com cada frase escrita por seus fãs por todos os lugares. Era um sentimento de auto afirmação para quem sempre teve problemas de autoestima.
Pablo Aluísio.
O Príncipe Encantado
As histórias do set são saborosas mas e o filme? Sim, é uma boa comédia, muito bem produzida com lindos figurinos, cenários, muita pompa e luxo. Marilyn Monroe está encantadora. Apesar dos problemas de saúde ela surge em cena linda e aparentando muita saúde (o que me deixou surpreso). No saldo final considerei sua atuação muito superior á de Laurence Olivier, esse está particularmente travado na interpretação do nobre regente dos balcãs. Já Monroe não, está natural, espontânea. Não causa admiração a declaração que Laurence Olivier fez muitos anos depois da realização do filme reconhecendo que Marilyn estava ótima em "O Príncipe Encantado". Concordo plenamente. Aliás se tem algo que prejudica o filme é justamente a mão pesada do diretor Olivier. Ele demonstra claramente não ter o timing perfeito para Marilyn. O filme se alonga além do que seria razoável e tem barrigas (quebras de ritmo que o levam a certos momentos de monotonia). Pra falar a verdade quem salvou a produção foi realmente Marilyn que em muitos momentos simplesmente carrega o filme nas costas. Quem diria que a amadora Monroe daria uma rasteira no grande Laurence Olivier? Pois deu, e foi em "O Príncipe Encantado". O filme é dela no final das contas. Assista e confira!
O Príncipe Encantado (The Prince and The Showgirl, EUA - Inglaterra, 1957) / Direção de Laurence Olivier / Roteiro de Terence Rattigan / Fotografia de Jack Cardiff / Trilha sonora de Richard Addinsell / Com Laurence Olivier, Marilyn Monroe, Sybil Thorndike, Jeremy Spencer, Richard Wattis / Sinopse: Nobre regente (Laurence Olivier) conhece jovem corista (Marilyn Monroe) em um show de variedades e a convida para jantar em sua residência oficial em Londres. O encontro acaba trazendo inúmeras consequências para ambos durante os dias seguintes.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 30 de março de 2023
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 32
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 31
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023
A Malvada
segunda-feira, 21 de novembro de 2022
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 30
quinta-feira, 3 de novembro de 2022
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 29
O fator psicológico aliás pesou muito mais para Marilyn do que apenas o físico. Desde que se popularizou na Califórnia, a análise passou a ser feita por inúmeros astros e estrelas de Hollywood. Segundo Marlon Brando escreveu em seu livro, a grande maioria dos atores e atrizes da época eram completamente neuróticos. Marilyn Monroe foi uma que logo recorreu ao tratamento psicológico. Algo que o diretor Billy Wilder dizia ser um erro, pois em sua opinião o grande carisma de Marilyn nas telas vinha justamente desse seu lado meio biruta! "Essas atrizes entram em um consultório para fazer análise e saem de lá como uma coisa arrumada demais, plástica, sem graça nenhuma! O charme de Marilyn era ter dois pés esquerdos!" - ironizou o cineasta.
Um apoio que Marilyn recebeu por essa época foi do professor de atuação Lee Strasberg, Percebendo que Marilyn andava muito vulnerável do ponto de vista psicológico, ele abriu as portas de sua própria casa para a atriz. Marilyn passou a frequentar a vida pessoal e familiar de Strasberg, algo sem precedentes na vida do mestre. Anos depois, ele deu uma entrevista dizendo que embaixo de todo o mito, da imagem de mulher famosa e maravilhosa que o cinema vendia ao público, havia uma pessoa muito carente de atenção e carinho. Marilyn estava cansada de ser usada como objeto sexual pelos homens com quem se envolvia. Ela queria ser amada e respeitada como uma mulher, não ser apenas explorada por todos.
Assim, como já havia acontecido várias vezes antes em sua vida, Marilyn transformou a família de Lee Strasberg em sua própria família. Como eles eram judeus, Marilyn chegou até mesmo a pensar em se converter para o judaísmo. Tudo feito de impulso, como era peculiar em sua personalidade. Ela ficou fascinada pelos rituais do povo judeu e após ir a uma celebração ao lado de Lee Strasberg na sinagoga de Los Angeles, passou a dizer para todo mundo que iria se tornar judia! Quem ouviu Marilyn e a conhecia de longa data nem deu muitos ouvidos. No passado ela já havia dito que iria se tornar católica, protestante e até budista! Depois do impulso inicial, ela sempre ficava pelo meio do caminho, não indo adiante em nada no que dizia respeito a religiões. Como dizia Billy Wilder, ela tinha mesmo dois pés esquerdos!
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 28
Bette Davis então começou uma ampla campanha em prol da igualdade salarial, mas as demais atrizes da época, receosas em abraçar sua causa, a deixaram praticamente sozinha nessa luta. Muitas apenas queriam ter uma chance e não seria bom comprar uma briga com os estúdios em pleno auge do Star System, onde os estúdios fabricavam astros e estrelas em ritmo de produção industrial. Caso alguma delas lhe trouxessem problemas eram simplesmente substituídas por outras, geralmente mais jovens e mais belas. Mesmo sabendo disso Bette, no alto de uma grande coragem pessoal, resolveu comprar a briga. Claro que em pouco tempo ela começou a sofrer represálias, filmes estrelados por ela foram cancelados e os grandes estúdios de Hollywood não queriam nem ouvir falar de seu nome. Tudo chegou a um ponto tão crítico que Bette aceitou papéis secundários e chegou inclusive ao cúmulo de colocar um anúncio no setor de empregos nos classificados de Hollywood em busca de emprego.
Depois de Bette Davis a luta por melhores salários em Hollywood esfriou. A atriz Vivien Leigh foi uma das que se sentiu injustiçada. Seu trabalho no clássico "E O Vento Levou" é até hoje elogiado, uma atuação magistral. Ela também foi o grande destaque do filme, uma opinião que parece unânime entre público e crítica. Mesmo assim ela ganhou quase quatro vezes menos do que seu partner, o astro Clark Gable. Tão desiludida ficou que em pouco tempo deixou o cinema americano, voltando para a Inglaterra para atuar em filmes menores e mais artísticos. Mesmo com toda a situação realmente ultrajante que sofreu ela preferiu a discrição, não indo para a briga com a MGM que produziu a superprodução. Provavelmente Vivien teve receio de sofrer um boicote como havia acontecido com Bette Davis.
Esses salários ruins pagos pelas grandes empresas de cinema de Hollywood causavam situações constrangedoras, complicadas de explicar. Marilyn Monroe já era uma estrela da Fox, seus filmes rendiam milhões de dólares, mas ela continuava a levar uma vida de dura na Sunset Boulevard, morando em um pequeno apartamento praticamente sem móveis. Marilyn chegou ao ponto de ser processada várias vezes por aluguéis atrasados e contas de telefone que ela não pagava. De fato, a atriz vivia de malas prontas, sempre pronta a ser despejada dos pequenos apartamentos em que havia morado praticamente a vida inteira. A situação ficou tão ruim que Marilyn precisou fundar sua própria produtora para negociar com a Fox como pessoa jurídica. A solução, sugerida por seu advogado, acabou aumentando os rendimentos de Marilyn que depois de muitos anos de cachês baixos finalmente conseguiu comprar uma casa própria em Los Angeles.
Essa situação só viria mesmo a mudar quando Elizabeth Taylor resolveu colocar a própria Fox contra a parede. O estúdio queria muito que ela estrelasse o épico Cleópatra. Liz não tinha muito interesse e por isso chocou a imprensa quando pediu um milhão de dólares de cachê. Jamais uma atriz havia ganhado uma quantia dessas em Hollywood desde a sua fundação. Após muitas negociações e brigas a Fox finalmente se curvou ao seu pedido e assim Elizabeth Taylor se tornou a primeira mulher da história do cinema mundial a receber um salário milionário por seu trabalho. Um feito quase único e inédito, que só seria repetido anos depois com Audrey Hepburn que em 1964 pediu (e levou) seu milhão de dólares por sua atuação em "My Fair Lady".
Infelizmente apesar de tantas lutas e conquistas a média salarial das mulheres em Hollywood jamais se igualou ao dos homens, em época nenhuma. A desigualdade continuou e foi piorando ao longo dos anos, principalmente depois do auge dos filmes de ação. Bette Davis costumava dizer que além de não pagar o mesmo cachê que os homens a velha Hollywood também não abria espaço para mulheres mais velhas e que não se enquadrassem nos padrões de beleza da indústria. Bom, por tudo o que ela disse podemos dizer que as coisas realmente não mudaram muito na cidade dos sonhos desde aqueles distantes anos.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 27
Todos que participaram da produção de "Quanto Mais Quente Melhor" concordam que as filmagens foram tudo, menos um mar de rosas. Na realidade o caos imperou no set. Marilyn Monroe estava simplesmente impossível durante as gravações levando todos, do diretor aos membros da equipe de apoio, à loucura. Atrasos, ataques de estrelismo, esquecimento de falas, brigas e muitas faltas marcaram a atuação de Monroe nesse filme. Certa vez Marilyn chegou ao local de filmagens tão fora de si que todos pensaram que ela iria ter um ataque ou algo parecido. As filmagens foram canceladas e mais um dia foi perdido.
O diretor Billy Wilder, sempre irônico e com um humor mordaz recordou: "Quase enlouqueci com esse filme. Marilyn me deixava horas e horas esperando por ela nos estúdios. Todos a postos, equipe e atores, tudo pronto mas nada dela aparecer. Algumas vezes Marilyn aparecia com até seis horas de atraso e quando aparecia parecia uma morta viva - mal conseguia falar e não sabia nenhuma de suas falas! Sabe, eu tenho uma tia que decora todas as falas, chega nos estúdios na hora certa, é extremamente pontual e profissional. Na bilheteria ela deve valer uns cinco centavos! Entende o que digo? Tivemos que engolir muitos sapos para ter Marilyn Monroe nesse filme!" Só um grande diretor do nível de Wilder para controlar e administrar tantos problemas. Ele completou: "Só consegui dormir normalmente novamente depois que o filme acabou. Sinceramente, nunca mais quero passar por isso de novo, prefiro que meu próximo filme renda cinco centavos na bilheteria!".
Com os demais atores a situação foi ainda mais caótica. Como não aparecia regularmente para trabalhar Marilyn logo ganhou a antipatia de seu partner em cena, Tony Curtis, que após o filme declarou publicamente: "Beijar Marilyn Monroe é como beijar Hitler!" Em outra ocasião durante uma grande discussão com o ator, Marilyn jogou uma taça de vinho em seu rosto, causando um grande tumulto durante as filmagens. Com todo esse histórico fica realmente complicado acreditar que Marilyn teria tido um romance amoroso com Curtis, resultando ainda mais em gravidez. Infelizmente todos os demais envolvidos (como o diretor Billy Wilder e o ator Jack Lemmon) estão falecidos. A última palavra ficará realmente com Tony Curtis.
Marilyn Monroe foi sem a menor sombra de dúvidas um dos maiores mitos da história do cinema. Tinha uma vida pessoal marcada por inúmeros problemas (infância abandonada e infeliz, casamentos desfeitos, romances escandalosos, vício em medicamentos, problemas mentais, entre outros) e por isso é muito complicado nos dias de hoje determinar o que realmente aconteceu e o que são apenas estórias inventadas para faturar em cima de seu mito. Tony Curtis foi um grande nome do cinema também, tendo uma carreira vitoriosa nos anos 50 e 60. Porém com os anos 70 sua carreira no cinema estagnou e ele ficou com sérios problemas financeiros. Estaria apenas tentando ganhar algum dinheiro extra com sua bombástica revelação? Só o tempo dirá...
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 26
É certo que a beleza ajudou muito, mas havia outras atrizes e estrelas em Hollywood que eram bem mais bonitas do que ela. Marilyn também passava longe de ser a mais talentosa atriz de sua época. Sua capacidade dramática aliás sempre foi contestada! Qual foi então o segredo que transformou Marilyn em um dos maiores ícones da história de Hollywood? Para muitos autores a resposta é até simples: Marilyn soube como poucas manipular a imprensa e os estúdios de cinema! Sim, de ingênua, boba e burra ela não tinha absolutamente nada! Havia um jogo a se jogar no mundo das celebridades de cinema e ela soube jogar muito bem ele, durante muito tempo.
Desde o começo da sua carreira Marilyn percebeu que uma boa matéria numa revista ou algum artigo revelador publicado em um jornal era de grande valia para uma jovem pretendente ao estrelato como ela. Assim Marilyn começou a cultivar amizade com um grande número de jornalistas em Los Angeles e Nova Iorque. Era uma relação de mão dupla - Marilyn conseguia publicidade grátis e os jornalistas tinham seu grande furo de reportagem que tanto queriam. Um dos biógrafos mais conhecidos da história de Marilyn revelou que ela mantinha intenso contato com esses profissionais, tudo para que sua vida pessoal e profissional jamais saísse das páginas da imprensa.
Tanto isso é verdade que nenhum grande jornalista da época precisava ir atrás de grandes notícias sobre Marilyn pois ela mesma tratava de ligar para todos eles contando as novidades! Depois fingia ficar escandalizada com as notícias. Outro aspecto interessante: Marilyn também desde cedo descobriu que sua história de garota órfã poderia atrair muita simpatia e compaixão dos leitores. O efeito disso era uma popularidade cada vez maior de pessoas que torciam por ela! Dessa maneira Marilyn estava sempre com um repórter ao lado contando histórias tristes (reais e imaginárias) de sua infância e juventude. Quando essas matérias eram publicadas atraíam grande atenção, se revelando uma enorme publicidade, tudo resultando em belas bilheterias de cinema.
Assim Monroe foi certamente uma das primeiras grandes relações públicas de Hollywood. Ela sabia fazer muito bem seu marketing pessoal em um tempo em que isso nem era muito conhecido! Marilyn, de forma inteligente, entendeu que não bastava apenas ser uma boa atriz e ter beleza, era necessário também criar uma personagem pública de si mesma! Enquanto os demais astros procuravam esconder sua vida pessoal, Marilyn usava ela para ganhar manchetes de primeira página. Ela adorava esse tipo de coisa e certamente a exploração de sua vida pessoal rendia muito lucro em retorno. Como se pode ver Marilyn era loira sim, mas burra... jamais!
E nesse processo de relacionamento próximo com a imprensa ela também virou a primeira grande celebridade de seu tempo. Dando matérias e furos para as principais revistas, ela acabou sendo presença constante nas capas delas. Porém houve um preço a se pagar que foi o fim de sua privacidade. Qualquer caso amoroso ou problema logo aparecia também na imprensa, prejudicando sua vida pessoal. Quando ela foi internada em uma clínica psiquiátrica, por um surto que tivera, a imprensa correu e logo estampou nas capas que ela estava ficando louca! Assim, do pior modo possível, Marilyn foi entendendo que a imprensa poderia também destruir sua imagem. Criava a lenda e depois destruía com a mesma intensidade. E isso seguiu até sua morte quando jornalistas inescrupulosos chegaram até mesmo a invadir o necrotério para tirar duas fotos de Marilyn Monroe morta. E isso foi depois de sua autópsia, quando o corpo já apresentava sinais de desgaste. O sensacionalismo e a falta de escrúpulos nesse caso não teve mesmo limites ou barreiras éticas. No final de tudo Marilyn Monroe acabou se tornando vítima da mesma imprensa que a transformou em uma deusa da história do cinema.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 25
Dorothy Manning, uma escritora que conviveu com Marilyn nos anos 1950 escreveu bem sobre essa dualidade do modo de ser de Marilyn Monroe em seu cotidiano. Dorothy relembra: "Marilyn era estranha. Quando a encontrei pela primeira vez tive a impressão de estar conhecendo uma menina em corpo de mulher. A vozinha de criança pequena era um tanto assustador. A falta de verbalização adulta, a mentalidade de uma menininha de nove anos! Ela parecia alguém com algum tipo de problema de retardo mental. Cerca de meia hora depois Marilyn surgia totalmente diferente! Ela parecia completamente dona de si, alegre, expansiva, independente, uma mulher moderna, de seu tempo, falando bem, uma diva do cinema. Suas percepções do mundo eram até mesmo brilhantes. Ela falava sobre política, os estúdios, a falta de credibilidade de certas pessoas... Era algo impressionante! Parecia duas pessoas completamente diferentes! Eu ficava sem saber como agir em sua presença!".
Teria Marilyn traços de esquizofrenia? Ou tinha um problema relacionado ao transtorno de personalidade esquizóide? Ninguém até hoje sabe ao certo qual era o problema de Marilyn. Ao longo da vida ela colecionou analistas. Em determinado momento Marilyn se convenceu que seus supostos problemas psiquiátricos poderiam ser curados com análise. Então ela virou uma cliente de inúmeros deles na Califórnia, não raro fazendo duas ou três sessões em um único dia! Nem todos esses analistas tiveram uma boa impressão sobre Marilyn. Como diria Dorothy Manning, Marilyn tinha mesmo problemas: "Todos que conheciam Marilyn tinham a sensação de que havia algo errado com ela. Havia uma sensação no ar de que Marilyn estava obviamente perturbada. Ela tinha ataques de ansiedade e insegurança. Lembrando do passado tenho a clara certeza de que Marilyn era uma pessoa bem estranha e confusa, cuja fraqueza psicológica nos atingia no coração."
O Dr. Milton Gottleb, que atendeu Marilyn, tinha opinião muito semelhante. Ele disse: "Marilyn era muito insegura, uma insegurança patológica. Era uma jovem mulher bem perturbada que tinha acima de tudo medo da vida. Não é errado dizer que tinha uma personalidade esquizóide. Muitos atores e atrizes acabam desenvolvendo algum tipo de neurose em algum momento de suas vidas.". Outro médico, o Dr. Elliot Corday, foi mais sombrio sobre sua avaliação sobre Marilyn: "Eu deixei de atender Marilyn porque ela não conseguia obter melhores resultados. As pessoas entenderiam melhor sobre sua morte se tivessem conhecimento das coisas que soube sobre Marilyn quando ela foi minha cliente. Marilyn havia tentado se matar inúmeras vezes, mais do que muitos pensam. Ela também começou a usar drogas pesadas e eu lhe disse que não seguiria sendo seu médico se aquilo continuasse. Marilyn também tinha ataques recorrentes de melancolia. Ela podia passar a tarde inteira, olhando pela janela, fitando o horizonte, sem falar nada ou pensar nada. Era um tipo de melancolia patológica que poderia levá-la a cometer atos insanos, como o suicídio, por exemplo",
Marilyn tinha muito medo de ficar louca como a mãe. Aliás a loucura não havia apenas atingido a mãe de Marilyn, mas também sua avó, suas tias, primas, etc. Estudos modernos já conseguiram provar que a depressão, por exemplo, pode por via genética, ser passada de mãe para filha. Então essa era uma possibilidade real. Por falar em depressão, Marilyn também sofria bastante com ataques dessa doença. Ela passava semanas trancada em seu quarto completamente escuro, com as portas fechadas, sem ver praticamente ninguém. Os inúmeros abortos a destruíam psicologicamente. Hoje em dia estima-se que Marilyn tenha feito ao longo da vida quatorze abortos. Em uma época em que a pílula anticoncepcional ainda não existia, o risco de surgir uma gravidez indesejada era algo constante na vida da atriz. Contraditoriamente o maior sonho de Marilyn era se tornar mãe. E isso foi apenas mais um fator para deixá-la ainda mais abalada do ponto de vista psicológico.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 8 de setembro de 2022
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 24
Eles beberam por vários dias seguidos, saíram pelas ruas atrás das festas populares das vilas mexicanas e chegando numa localidade afastada resolveram procurar um padre local para se casarem, bem ao meio-dia, depois de uma noite de excessos. Eles se casaram e depois de alguns dias voltaram para Los Angeles. O produtor Zanuck ficou irado quando soube de tudo. Mandou Marilyn e Slatzer de volta ao México para que eles anulassem o casamento por lá. Tudo isso teria acontecido em menos de um mês, mostrando como era caótica a vida de Marilyn Monroe na época. O que era verdade e o que era mentira nesse boato? Robert Slatzer morreu afirmando que havia se casado com Marilyn. Ele até escreveu um livro chamado "A Vida e a Curiosa Morte de Marilyn Monroe", onde também defendia que Marilyn havia sido assassinada por um complô conspiratório liderado pela família Kennedy. Ao longo dos anos surgiram inúmeros artigos publicados em revistas e jornais, ora desmentindo completamente o suposto casamento mexicano de Marilyn, ora confirmando tudo com testemunhas e documentos obtidos além da fronteira. Talvez a verdade esteja no meio termo, talvez tudo tenha um fundo de verdade, muito embora não da forma tão exagerada como Robert Slatzer contou em seus textos. O escritor Anthony Summers, autor de "A Deusa", biografia sobre a atriz, afirmou no livro que o casamento mexicano de Marilyn Monroe pode ter acontecido de verdade. Ele não foi a fundo na questão, não viajou ao México em busca de documentos que provassem tudo, mas conversou com pessoas que eram próximas da Marilyn Monroe naquela época. Uma de suas assistentes nos estúdios da Fox lhe contou que certo dia Marilyn chegou muito preocupada para trabalhar e confessou que havia "feito uma grande besteira". Depois ela teria sido chamada até o escritório de Zanuck, naquele tempo praticamente o dono da Fox e que uma vez lá a conversa tinha sido tensa.
Segundo as informações Marilyn Monroe se casou em Tijuana. Por acaso ela se encontrou com um ator americano nas ruas, um velho conhecido, pedindo que ele fizesse um "favor especial". Esse favor era nada mais, nada menos, do que ser sua testemunha de casamento. A cerimônia, rápida e apressada, aconteceu numa igreja católica da cidade. Depois Marilyn e o novo marido foram para um pequeno hotel chamado Rosarita Hotel, onde passaram a lua de mel que durou apenas dois dias. Robert Slatzer disse que tirou muitas fotos nesses dias, mas os "capangas" da Fox a teriam tirado dele. Muito provavelmente todas as fotos foram queimadas a mando do chefão do estúdio. De uma forma ou outra o casamento teria durado apenas três dias! O tempo suficiente para Marilyn chegar em Los Angeles e ser mandada de volta para desfazer o que tinha feito.
Isso foi em uma época em que os estúdios de cinema controlavam toda a vida de seus astros e estrelas. Elas não podiam fazer nada, nem em suas vidas pessoais, sem a autorização dos executivos. Uma estrela como Marilyn Monroe era considerada um "produto" da Fox e cabia ao estúdio zelar para que sua vida pessoal não se tornasse um escândalo de grandes proporções. Só alguns anos depois é que os produtores iriam entender que isso não funcionava com Marilyn Monroe. Ela mesma produzia seus próprios escândalos públicos, muitas vezes para não sair das páginas de revistas e jornais, afinal tudo isso também era uma publicidade para sua carreira. Assim depois de algum tempo o casamento mexicano de Marilyn acabou se tornando uma espécie de piada dentro da Fox, um exemplo das loucuras que sua própria estrela conseguia fazer. Afinal o que seria mais louco do que um casamento de fim de semana no México?
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 11 de julho de 2022
As vidas de Marilyn Monroe - Parte 23
Marilyn chegou a filmar algumas cenas para o filme, mas seus atrasos e furos foram tão grandes que tudo ficou inacabado. Na maioria das vezes Dean Martin contracenava sozinho, com um assistente de produção falando as falas de Marilyn pois ela simplesmente não havia aparecido para trabalhar. O caos completo. E quando Marilyn apareceu na festa de aniversário de John Kennedy, isso após dizer que estava doente para o estúdio, a Fox não teve outra alternativa e demitiu Marilyn.
Foi o fim da longa parceria entre Marilyn Monroe e os estúdios Fox. Ela tinha chegado no estúdio ainda como uma simples jovem aspirante ao estrelato. Era pouco conhecida e havia sido demitida pela Columbia após se envolver com um dos executivos e ter traído ele como um jovem ator. Pois é, Marilyn tascou um belo par de chifres em um dos chefões da Columbia. Na Fox Marilyn Monroe iria finalmente se tornar uma grande estrela de Hollywood. O estúdio soube exatamente o que fazer com ela, a escalando geralmente para atuar como "loira burra" em comédias com ótimos roteiros Depois disso Marilyn Monroe se tornou uma grande colecionadora de sucessos no cinema. Seus filmes geralmente ficavam entre os cinco primeiros filmes mais assistidos do ano.
O sucesso de bilheteria porém escondia vários problemas dentro dos estúdios. Marilyn geralmente chegava atrasada ao trabalho, sem decorar suas falas, sem conseguir acertar direito suas cenas. Como era uma estrela de sucesso, a Fox segurou as pontas por vários anos, até que um dia o caldo entornou e Marilyn foi demitida. Imagine ser a maior estrela de cinema de sua época e ser demitida! A atriz sentiu o impacto, entrou em depressão e depois aconteceu tudo o que sabemos, com sua controvérsia morte, algo que até hoje desperta suspeitas em quem conheceu de perto todos os fatos sobre seu falecimento.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 4 de julho de 2022
As vidas de Marilyn Monroe - Parte 22
Quando conheceu Marilyn, Hyde perdeu o juízo. Resolveu se separar da esposa, abandonou sua família e resolveu se dedicar de corpo e alma a Marilyn. Ela tinha muito a ganhar com esse relacionamento, mas sempre foi muito honesta com Hyde. Desde o começo deixou claro que não o amava como ele a amava. Não havia reciprocidade. Marilyn também jamais quis enganar Hyde dando a ele falsas esperanças. Mesmo assim, implorando por migalhas emocionais, Hyde resolveu apostar tudo o que tinha em Marilyn. Usou todo o seu poder financeiro e prestígio pessoal para conseguir papéis para a jovem atriz. Ele não escondia que era apaixonado por ela a ninguém. Com muito esforço conseguiu que John Huston escalasse Marilyn para seu novo filme que iria se chamar "O Segredo das Jóias". Foi a primeira vitória de Hyde em sua cruzada para transformar Marilyn em uma estrela de Hollywood.
Só havia mais um problema para Hyde, além do pouco retorno que Marilyn lhe dava em termos de afeição e amor: ele estava com um sério problema de coração. Os médicos lhe diziam que ele teria poucos meses de vida pela frente. Isso deixou um estado ainda maior de emergência em seu plano de ajudar Marilyn de todas as formas possíveis. Tão estafado ficou que acabou sofrendo uma parada cardíaca. Foi internado às pressas e só escapou da morte por causa do atendimento de emergência dos médicos que o atenderam. O pior porém veio depois. Marilyn não o visitou no hospital apesar dos inúmeros pedidos e ligações de Hyde para que ela o fosse visitar em seu leito. Quando encontrou com a professora de atuação de Marilyn, Natasha Lytess, desabafou: "Natasha, por que Marilyn não vem me visitar? O que está acontecendo? Eu fiz tudo por ela até hoje! Pode haver mulher mais ingrata do que Marilyn? Estou decepcionado... decepcionado..."
Mesmo com o apelo, Marilyn não foi ao hospital. Quando decidiu que finalmente iria lhe visitar aconteceu o pior: o coração de Hyde não resistiu e ele faleceu durante a madrugada. A morte de Hyde abalou Marilyn seriamente, principalmente pelas circunstâncias que ocorreram. Muitos a culparam por ele ter largado sua esposa e filhos e tudo mais. Marilyn ficou mal. Em seu enterro ela foi aconselhada por seu empresário para que não fosse ao funeral, porque a ex-esposa de Hyde e seus filhos estariam presentes, mas ela não ouviu os conselhos e compareceu ao último adeus de Hyde. Poucos dias depois resolveu se matar, tomando um monte de comprimidos. Quem a salvou da morte foi sua colega de quarto, uma starlet alemã com quem ela dividia o apartamento. Foi a primeira de muitas tentativas de suicídio de Marilyn... O detalhe mais preocupante porém vinha do fato de que Marilyn não tinha nem 25 anos de idade nesse momento em que decidiu acabar com sua própria vida! A tempestade estava apenas começando...
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 16 de junho de 2022
O Mundo da Fantasia
Título Original: There's No Business Like Show Business
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Walter Lang
Roteiro: Phoebe Ephron, Henry Ephron
Elenco: Ethel Merman, Marilyn Monroe, Donald O'Connor, Dan Dailey, Johnnue Ray, Richard Eastham
Sinopse:
O filme conta a história de uma família de artistas, que vivem e se apresentam nas melhores peças musicais de seu tempo. E uma jovem aspirante à atriz também sonha em um dia se tornar uma grande estrela dos musicais da Broadway. Trilha sonora musical de Irving Berlin.
Comentários:
Eu fico surpreso ainda hoje ao perceber como esse ótimo "O Mundo da Fantasia" é pouco comentado, pouco conhecido. E até mesmo entre os fãs de Marilyn Monroe ele não é muito citado. Uma injustiça. Poucas vezes Marilyn esteve tão talentosa e brilhante em cena como nesse musical. É um filme com linda direção de arte, primorosos números musicais, onde a futura estrela loira pode esbanjar tudo aquilo que aprendeu em Hollywood. Ela dança, canta, encanta com seu talento para comédias musicais românticas. O filme inclusive pode ser encarado como um dos últimos suspiros da era de ouro dos musicais clássicos, pois já década de 1950 eles começaram a ser deixados para trás pelos grandes estúdios. Não alcançavam mais grandes bilheterias como nos tempos de Fred Astaire e Ginger Rogers. Então é isso. Um filme maravilhoso, cheio de plumas e paetês, além do carisma fenomenal de uma ainda jovem Marilyn Monroe, prestes a se tornar a maior estrela de cinema do mundo.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 16 de maio de 2022
O Mistério de Marilyn Monroe
O resultado é excelente, muito embora não fuja das conclusões do próprio livro que ele escreveu anos atrás. Um de seus focos era justamente desvendar o que teria acontecido na última noite de vida de Marilyn Monroe. A versão oficial afirmava que ela foi encontrada na madrugada por sua empregada que telefonou ao seu psiquiatra para tentar entrar no quarto da atriz. Uma vez lá dentro ele teria constatado de que ela estava morta. Vítima de uma overdose de drogas prescritas. A tese de suicídio não foi inteiramente confirmada, ficando no campo da indeterminação. Assim a causa de sua morte foi descrita como "provável suicídio".
Para o escritor houve algo a mais. Provavelmente Bob Kennedy foi até a casa de Marilyn naquela noite. Algo saiu errado e ela morreu. Ele não culpa o irmão do presidente JFK de ter assassinado Marilyn, mas sim de encobrir sua presença na casa da atriz na noite de sua morte. Um escândalo dessa proporção teria acabado com sua carreira política. Para provar seu ponto de vista o documentário mostra o depoimento de funcionário de uma empresa de ambulâncias que teria levado Marilyn, além da esposa do relações públicas da atriz que afirma que ele teria sido informado da morte de Marilyn às onze da noite. Enfim, são questões até hoje mal explicadas. De qualquer forma esse documentário é sem dúvida uma excelente opção para quem deseja conhecer mais sobre a atriz. Só não deixe de ler depois o livro "A Deusa" pois esse é um complemento essencial para quem apreciar esse documentário.
O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas (The Mystery of Marilyn Monroe: The Unheard Tapes, Estados Unidos, 2022) Direção: Emma Cooper / Roteiro: Emma Cooper / Elenco: Anthony Summers, Marilyn Monroe, John F. Kennedy, Robert F. Kennedy, Joe DiMaggio, Lauren Bacall, Arthur Miller, Jane Russell, John Huston, Billy Wilder / Sinopse: Documentário sobre a carreira, a vida e a morte da atriz Marilyn Monroe. Tudo baseado em farto material colhido nos anos 80 para a produção do best Seller "A Deusa", do escritor Anthony Summers. O filme apresenta imagens raras da atriz, além de entrevistas e depoimentos de pessoas que a conheceram, conviveram e trabalharam ao seu lado.
Pablo Aluísio.