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sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Irmãos de Sangue

Título no Brasil: Irmãos de Sangue
Título Original: Clockers
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Spike Lee
Roteiro: Richard Price, Spike Lee
Elenco: Harvey Keitel, John Turturro, Delroy Lindo, Isaiah Washington, Regina Taylor, Thomas Jefferson Byrd

Sinopse:
Jovens negros da maior periferia de Nova Iorque são expostos à violência urbana da forma mais cruel e precisam sobreviver em um bairro onde as ruas são dominadas por traficantes de drogas. E um policial branco tenta desvendar um crime de assassinato ocorrido naquela região. 

Comentários:
O projeto inicial desse filme contava com a direção de Martin Scorsese. Quando tudo estava pronto para o começo das filmagens, Scorsese percebeu que não teria tempo para concluir o filme pois tinha compromisso com outra produção, o filme "Cassino" com Robert De Niro. Assim a Universal Pictures acabou optando por levar Spike Lee para a direção. Claro que se tivesse sido feito por Scorsese o filme seria bem diferente, mas é inegável também que Spike Lee fez um bom trabalho (Mais uma vez pois sua filmografia é repleta de obras cinematográficas importantes). O roteiro explora a questão da criminalidade nos bairros mais pobres de Nova Iorque e como a comunidade negra responde a esse tipo de violência. O sempre eficiente Havey Keitel interpreta o policial branco que tenta trabalhar em um bairro negro. Claro que a tensão racial acaba ficando à flor da pele. Enfim, um bom filme que expõe o lado mais violento da maior cidade dos Estados Unidos. 

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de agosto de 2023

Sem Fôlego

Título no Brasil: Sem Fôlego
Título Original: Brooklyn Boogie
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Paul Auster, Wayne Wang
Roteiro: Paul Auster, Wayne Wang
Elenco: Harvey Keitel, Lou Reed, Michael J. Fox, Roseanne Barr, Lily Tomlin, Jim Jarmusch

Sinopse:
Uma pequena loja de cigarros do bairro no Brooklyn em Nova Iorque vira palco de encontros entre pessoas que moram nessa região da grande cidade norte-americana. Indicado ao American Comedy Awards.

Comentários:
Filmes como esse fizeram a fama da companhia cinematográfica Miramax. A empresa se propunha a fazer um tipo de cinema mais independente, mais intelectualizado. Em poucas palavras, um tipo de cinema mais cult. A força vinha do diálogos, das improvisações dos atores, do clima mais descontraído. E tudo isso você encontrará nessa produção. Como era uma proposta muito interessante para a época, nomes conhecidos de Hollywood acabaram aceitando fazer parte desse elenco. É o tipo de filme mais indicado para cinéfilos e mais indicado ainda para quem é de Nova Iorque. Isso porque a grande protagonista do filme é justamente a própria cidade. Os personagens debatem, discutem, contam casos aleatórios, curiosos, tudo o que faz Nova Iorque ser a big apple. As boas atuações e uma direção inspirada garantem a qualidade do filme. Certamente é um bom filme para quem gosta do cinema independente norte-americano.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Lansky

O filme conta a história do mafioso Meyer Lansky. O enredo começa quando ele envelhecido e já idoso, decide contar sua história para um jovem jornalista. Uma situação perigosa, pois a vida de Lansky foi dedicada ao mundo do crime organizado.  O FBI acompanha com bastante atenção o desenrolar dos fatos. E tenta trazer o jornalista para seu lado, como informante, para revelar tudo o que o velho mafioso está contando. Esse mafioso foi uma figura importante dentro da hierarquia do crime organizado nos Estados Unidos. De certa forma, ele era a mente pensante por trás de muitos crimes que foram cometidos. Era um sujeito racional, que procurava organizar tudo de uma forma que lembrasse a mentalidade das grandes corporações americanas. 

Usava os gangsters brutais e a violência apenas como ferramentas e meio para atingir seus objetivos. Ele mesmo raramente colocava a mão na massa ou fazia o serviço sujo. Ao invés disso, montou um esquema de lavagem de dinheiro Internacional, que fez com que a máfia investisse em grandes negócios pelo mundo afora. Foi um dos responsáveis, inclusive, pela construção de Las Vegas e seus cassinos. Era muito próximo de Bugsy Siegel, um sujeito violento e brutal que acabou sendo eliminado pela própria quadrilha. Ele estava roubando dinheiro dos mafiosos ao comandar e administrar os cassinos de Las Vegas. O filme é muito interessante, que conta a história desse velho criminoso que tinha ligações com pessoas poderosas dentro do governo americano. Talvez isso explique porque ele conseguiu sair relativamente impune de tudo o que fez ao longo de sua vida criminosa. Um mafioso diferente, que nem italiano era. Um judeu inteligente que mudou os métodos da máfia em seu tempo.

Lansky (Lansky, Estados Unidos, 2021) Direção: Eytan Rockaway / Roteiro: Eytan Rockaway / Elenco: Harvey Keitel, Sam Worthington, Minka Kelly, AnnaSophia Robb, John Magaro, David Cade / Estúdio: Vertical Entertainment / Sinopse: O filme conta a história do mafioso judeu Meyer Lansky e seu envolvimento com o crime organizado nos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Mudança de Hábito

Título no Brasil: Mudança de Hábito
Título Original: Sister Act
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Emile Ardolino
Roteiro: Joseph Howard
Elenco: Whoopi Goldberg, Maggie Smith, Harvey Keitel, Kathy Najimy, Mary Wickes, Wendy Makkena,

Sinopse:
Uma cantora de boate é forçada a se refugiar dos criminisos que a perseguem em um convento. Disfarçada de freira ela passa então a movimentar as coisas no coro da irmandade, trazendo uma nova sonoridade que surpreende a todos. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Whoopi Goldberg).

Comentários:
Muito simpática essa comédia musical que fez um belo sucesso quando foi lançada. Há um bom roteiro, cenas musicais bem coreografadas e executadas, excelente repertório de canções e, claro, a presença carismática da atriz Whoopi Goldberg. Ela inclusive esteve recentemente no Brasil divulgando sua nova peça off Broadway que é... imagine você... a versão teatral desse mesmo filme. Pelo visto marcou bastante sua carreira, haja visto que ainda segue os passos da personagem irmã Deloris, uma trambiqueira que para fugir de inimigos perigosos entra no convento católico, se fazendo passar por freirinha. Ora, criada nas ruas, com toda a manha, modos e linguajares nada finos ou educados, ela acaba virando uma ovelha negra dentro do grupo. Assim o roteiro se baseia justamente nisso, no contraste entre o modo de ser a agir das demais religiosas e dela, que mais parece uma mulher grossa e vulgar, de rua mesmo. Verdade seja dita, Whoopi Goldberg nunca esteve tão bem em cena. Ela canta, dança, faz humor e encanta, provavelmente seja o papel de sua vida, onde ela teve realmente a oportunidade de mostrar todos os seus inúmeros talentos. Eu gostei bastante tanto desse filme original, como de sua continuação e sempre que me deparo com reprises por aí na TV paro um pouquinho o que estou fazendo para me divertir um pouco. Sinal de que o filme, apesar dos anos passados, ainda consegue divertir e entreter nas mesmas proporções. Vale a recomendação.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

O Piano

Título no Brasil: O Piano
Título Original: The Piano
Ano de Produção: 1993
País: Austrália, Nova Zelândia, França
Estúdio: Jan Chapman Productions
Direção: Jane Campion
Roteiro: Jane Campion
Elenco: Holly Hunter, Harvey Keitel, Sam Neill, Anna Paquin, Kerry Walker, Tungia Baker

Sinopse:
No século XIX, uma mulher chamada Ada McGrath (Holly Hunter) chega na distante Nova Zelândia para recomeçar sua vida. Ele tem problemas de fala desde os seis anos de idade. Também tem uma pequena filha. Ela chega nesse novo país para se casar com um homem da região. Um casamento que está destinado ao fracasso. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor direção, melhor direção de fotografia (Stuart Dryburgh), melhor figurino (Janet Patterson) e melhor edição (Veronika Jenet).

Comentários:
Belíssimo filme de época, com ótimo roteiro e elenco inspirado, formado por atores, atrizes (e também jovens atrizes) que impressionam pelo talento. O filme é uma amostra da posição inferior que as mulheres tinham que se contentar no século XIX. A protagonista é uma mulher talentosa, que toca piano, ama as artes, mas que a despeito de suas qualidade pessoais precisa arranjar um casamento de todo jeito, para ter um lugar dentro daquela sociedade patriarcal e atrasada. Como já tem uma filha e é muda, acaba tendo que se contentar com o que aparece. E o seu novo marido é um homem rude, grosso, o exato contraste com sua própria personalidade. Um verdadeiro choque de cultura e sensibilidade. "O Piano" foi recebido com muitos aplausos pela crítica internacional, a tal ponto que foi indicado a oito categorias do Oscar, inclusive o de melhor filme. Acabou vencendo na categoria de melhor atriz para Holly Hunter, no papel de sua vida. Outra surpresa foi o Oscar vencido pela garotinha (na época) Anna Paquin. O roteiro, primoroso, também foi premiado pela academia. Prêmio justíssimo. Enfim, um festival de premiações para um filme realmente maravilhoso. Esse mereceu mesmo todos os aplausos e elogios. É uma grande obra de arte cinematográfica.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Casanova e a Revolução

Mais uma excelente obra do mestre Ettore Scola. Aqui ele foca suas câmeras para o período da revolução francesa. A trama se passa exatamente dois anos depois da queda da Bastilha. O antigo regime veio abaixo e com ele toda a antiga nobreza, que da noite para o dia perdeu sua importância e relevância dentro da sociedade francesa. Muitos decidem fugir para fora das fronteiras francesas, como medo da morte. Os que ficaram acabaram mesmo na guilhotina. Os revolucionários franceses queriam sangue para lavar a bandeira da França com a morte daqueles que, em seu modo de ver, tinham destruído a nação. E entre os nobres que são atingidos por essa nova realidade está justamente o outrora famoso Giacomo Girolamo Casanova (Marcello Mastroianni). Amante lendário, escritor, poeta, ocultista e nobre, Casanova agora não passa de uma sombra de sua própria celebridade do passado. Envelhecido, decadente e empobrecido, o famoso personagem segue viagem numa pequenina carruagem quando essa quebra no meio da estrada. Para socorrê-lo uma diligência que vinha logo atrás o acolhe. Nela viajam uma ex-dama de companhia da rainha (interpretada pela bonita e talentosa Hanna Schygulla), um escritor subversivo, um burguês rico, dono de vastas propriedades, uma artista italiana de teatro e um intelectual plenamente convencido das virtudes do novo regime, apoiado nas idéias iluministas dos grandes escritores e filósofos da época.

A estrutura do roteiro é genial pois o cineasta Ettore Scola coloca as várias partes da sociedade francesa da época sendo representadas por cada um dos personagens que desfilam pela tela. O mais interessante deles é obviamente Casanova. Muitos filmes já foram realizados com o mitológico conquistador mas esse é um dos mais interessantes, pois foca no lado mais humano do homem, que vê seu mundo desmoronar enquanto tenta utilizar seu passado de glórias como muleta para sobreviver dia a dia. Frequentador das grandes cortes francesas (como Luis XV e Luis XVI) ele agora não tem mais para onde ir, pois seu ambiente natural, as luxuosas e extravagantes festas da nobreza, simplesmente deixaram de existir. Casanova foi então atropelado pela roda da  história, pelas mudanças radicais que aconteceram em sua época.

Para coroar ainda mais essa bela produção, Ettore Scola tira da cartola uma parte da história que é das mais interessantes: a tentativa de fuga de Luis XVI da França. Ao lado da esposa Marie Antoinette, o rei francês tenta escapar das garras da revolução e acaba cruzando caminho com os personagens do filme. O resultado é excelente sob qualquer ponto de vista que se abrace, seja do puro entretenimento, seja do interesse histórico dos acontecimentos narrados pelo filme. Historicamente correto, com ótimas atuações (em especial Marcello Mastroianni como Casanova) e uma direção brilhante, esse filme já é considerado um clássico moderno do cinema europeu pelos especialistas. Não deixe de assistir ou, melhor ainda, de ter em sua coleção de filmes.

Casanova e a Revolução (La nuit de Varennes, França, Itália, 1982) Direção: Ettore Scola / Roteiro: Sergio Amidei, Ettore Scola / Elenco: Marcello Mastroianni, Hanna Schygulla, Harvey Keitel, Jean-Louis Barrault / Sinopse: Após a revolução francesa, o decadente Casanova tenta se adaptar aos novos tempos. Após se socorrido por uma diligência no meio de uma estrada, ele é levado até uma cidade na fronteira da França onde o rei Luis XVI tenta escapar da ira dos revolucionários franceses. Indicado a Palma de Ouro em Cannes.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Fronteira da Violência

Título no Brasil: Fronteira da Violência
Título Original: The Border
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos
Estúdio: Efer Productions,
Direção: Tony Richardson
Roteiro: Deric Washburn, Walon Green
Elenco: Jack Nicholson, Harvey Keitel, Valerie Perrine, Warren Oates, Elpidia Carrillo, Shannon Wilcox

Sinopse:
Filme com roteiro baseado em fatos reais. Charlie Smith (Jack Nicholson) é um agente de fronteira corrupto que acaba se vendo  frente a frente com uma situação terrível. Com crise de consciência ele decide rever seus atos do passado para se redimir quando descobre que o bebê de uma mulher imigrante pobre é colocado à venda no mercado negro, provavelmente para um grupo criminoso de tráfico de órgãos humanos.

Comentários:
Velhos problemas, novos problemas. É incrível como os Estados Unidos não conseguem resolver o problema da imigração ilegal em massa para suas fronteiras. Esse filme é de 1982 e de lá para cá podemos perceber que pouca coisa mudou na realidade. Massas de imigrantes ilegais de países latinos continuam a cruzar a fronteira sem muito controle. E as coisas pioram quando os agentes que deveriam deter esse tipo de coisa começam a aceitar subornos e dinheiro para deixar os imigrantes pularem as cercas da fronteira americana rumo à alguma cidade dos Estados Unidos. Sem controle, sem lei e sem vergonha na cara. Esse é o tipo de tira corrupto que Jack Nicholson interpreta nesse filme, que curiosamente segue pouco conhecido. Apesar de ser um bom filme com Jack, essa produção passou em brancas nuvens no Brasil nos anos 1980. Foi exibido timidamente nos cinemas, não fez qualquer sucesso de bilheteria e sumiu do mapa. Hoje é um filme complicado de achar para assistir. Não lembro sequer de ter visto essa produção sendo lançada no mercado de vídeo VHS no Brasil durante o auge das locadoras. Uma pena, porque seguramente é um bom momento da carreira do bom e velho Jack Nicholson.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de junho de 2020

A Última Tentação de Cristo

Título no Brasil: A Última Tentação de Cristo
Título Original: The Last Temptation of Christ
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Paul Schrader
Elenco: Willem Dafoe, Harvey Keitel, Barbara Hershey, Roberts Blossom, Gary Basaraba, Verna Bloom

Sinopse:
Com roteiro escrito baseado no livro de Nikos Kazantzakis, esse filme conta a história de um jovem judeu que viveu no século I chamado Jesus (Dafoe). Ele tem uma missão divina a cumprir, mas ao mesmo tempo sente que talvez não esteja à altura disso, por causa de suas falhas humanas, em relação principalmente às tentações do mundo. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção (Martin Scorsese).

Comentários:

Não, esse não é um filme recomendado para pessoas religiosas. Pelo menos para pessoas tradicionalmente religiosas. O filme causou muita polêmica em seu lançamento justamente por causa do roteiro que para alguns era extremamente inteligente e instigante, enquanto que para outros seria apenas ofensivo para com a fé alheia. E de fato essa obra de Martin Scorsese passa longe do convencional. Ele passeia por temas espinhosos e ousa tentar entender a mente de Jesus Cristo em seus momentos mais decisivos. Além disso há sim pequenas provocações ao longo do filme. Por exemplo, imagine um Jesus carpinteiro que fazia cruzes sob encomenda para os romanos. E que tal um Jesus que de certa maneira ansiava pelos prazeres da carne, inclusive do ponto de vista puramente sexual? Pois é, um filme controverso acima de tudo. O interessante é que esse Jesus, muito humano, se curvando com as tentações ao seu redor, pode em certos aspectos históricos ter sido muito mais próximo da realidade do que muitos poderiam imaginar. O Jesus desse filme não é o Deus reencarnado no homem, mas sim um homem que não consegue lidar direito com a missão divina que precisa cumprir. Certa vez Scorsese disse que no bairro de Nova Iorque em que ele viveu só havia dois caminhos a seguir: se tornar um padre ou um gângster. Bom, nesse filme o diretor conseguiu ir pelos dois caminhos ao mesmo tempo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Oeste Selvagem

Título no Brasil: Oeste Selvagem
Título Original: Buffalo Bill and the Indians
Ano de Produção: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Dino De Laurentiis Company
Direção: Robert Altman
Roteiro: Arthur Kopit, Alan Rudolph
Elenco: Paul Newman, Burt Lancaster, Harvey Keitel, Joel Grey, Kevin McCarthy, Frank Kaquitts

Sinopse:
William Cody (Paul Newman), um empresário de circo, que usa o nome artístico de Buffalo Bill, decide contratar uma nova atração para suas apresentações, nada mais do que o verdadeiro Touro Sentado, chefe tribal que lutou contra a sétima cavalaria no passado. Filme premiado no Berlin International Film Festival.

Comentários:
O verdadeiro Buffalo Bill era um contador de lorotas. Um artista que criava histórias fantasiosas de sua vida para vender seu show itinerante. Esse era composto por atores e atrizes, artistas de circo e outros tipos que interpretavam personagens do velho oeste como cowboys, soldados da cavalaria e índios selvagens. Com o passar do tempo ele resolveu investir mais alto em seu elenco, chegando ao ponto de contratar o verdadeiro Touro Sentado para aparecer nas apresentações. O velho chefe tribal, coitado, estava arruinado. Ele havia sido derrotado pelo exército americano e sucumbia à fome e a miséria junto ao seu povo em reservas controladas pelo governo. Ao entrar para o circo de Buffalo Bill ele estava mais preocupado em sobreviver, em não morrer de fome, do que qualquer outra coisa. Além disso queria ajudar o seu povo que sofria cada vez mais. Então o que acabou acontecendo foi o encontro entre o falso homem do velho oeste, personificado por Buffalo Bill e o verdadeiro protagonista da mitologia do western, na presença de Touro Sentado. Esse filme do diretor Robert Altman recriou essa interessante história. E Paul Newman está ótimo como o bufão Buffalo Bill, um canstrão, falastrão, bufão, um homem que mentia tanto que acabava acreditando nas próprias mentiras inventadas por ele mesmo. Um personagem realmente saboroso para um grande ator esbanjar talento em cena.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de dezembro de 2019

O Irlandês

Frank Sheeran (Robert De Niro) foi uma figura central na história da máfia italiana. O curioso é que ele não era italiano, mas sim irlandês. Mesmo assim conseguiu entrar dentro da cosa nostra, uma organização criminosa onde os laços de sangue eram extremamente importantes. Seu começo foi modesto. Ele era um veterano de guerra que trabalhava como caminhoneiro. Em pouco tempo estava roubando carne de seus caminhões para os chefões de Nova Iorque. Mostrando lealdade foi subindo na escala social da Máfia. Sua função de assassino profissional veio naturalmente. Como um ex-combatente na II Guerra Mundial ele estava acostumado a matar. E em sua opinião não havia muita diferença entre matar sob as ordens de um general ou de um chefão mafioso.

Tudo o que se vê na tela foi baseado em fatos reais. Frank Sheeran conseguiu sobreviver na violenta história da Máfia e anos depois, já velho e preso numa cadeira de rodas em um asilo, contou sua história a um jornalista que escreveu o livro que deu origem ao roteiro desse filme. Para nossa sorte esse rico material foi cair nas mãos de ninguém menos do que o mestre Martin Scorsese. Não é surpresa para nenhum cinéfilo que a história da Máfia sempre foi um prato cheio para esse diretor. E isso desde os tempos de "Os Bons Companheiros", "Cassino" e outros grandes filmes com sua assinatura. O mais importante de tudo foi saber que Frank Sheeran esteve envolvido em diversos momentos importantes da história americana, inclusive transitando ali na periferia dos bastidores da morte do presidente JFK e do polêmico desaparecimento do líder sindicalista Jimmy Hoffa (Al Pacino). Esse último aliás tinha sido tema de um também muito bom filme com Jack Nicholson no papel principal.

Aqui porém temos um diferencial. O toque do mestre Scorsese. Ele sempre um gênio da narrativa cinematográfica e seu talento se mostra justamente na forma como conta sua história. Em pouco menos de três horas e meia de duração ele consegue encaixar tudo, todas as histórias, todos os incríveis acontecimentos que ocorreram ao lado de Frank Sheeran. O único "porém" do filme talvez tenha partido da lealdade entre Scorsese e De Niro. O ator acabou ganhando o papel principal, só que ele, se formos pensar bem, está mais do que "italiano" no filme. E o verdadeiro Sheeran era um irlandês da gema, alto, loiro, forte, um verdadeiro grandalhão. Com De Niro ele não ficou nada parecido com o Sheeran real. Porém é a tal coisa, De Niro é um excelente ator e consegue até mesmo passar por cima disso, com raro talento. E por falar em elenco... todos os grandes atores que algum dia já tinham trabalhado em filmes da Máfia assinados por Scorsese, dão as caras em cena. Fiquei particularmente surpreso com Joe Pesci. Ele está muito envelhecido e muito sóbrio. Nada parecido com os personagens do passado, pequenos patifes que falavam pelos cotovelos. Harvey Keitel tem pouco espaço, mas também chama a atenção e finalmente o ótimo Al Pacino surge com um Hoffa cheio de personalidade, cabeça-dura até o final.

O saldo final da mistura de todos esses elementos ficou muito bom. Nos Estados Unidos o filme foi exibido em poucas salas de cinema, já que é uma produção de Scorsese e De Niro para a Netflix. Com as telas ocupadas de super-heróis haveria mesmo pouco espaço para os filmes de um mestre como Scorsese. Quem perde é o público mais jovem, atolado em enlatados da Marvel e DC até o pescoço. Mal sabem a qualidade do cinema de um Martin Scorsese. Esse filme provavelmente não será lembrado no Oscar por causa disso, mas não custa nada recomendar a todos que amam a sétima arte. É um grande filme, daqueles que não fazem feio se comparados com as obras primas do passado. Por fim uma última pergunta (Spoiler): Teria mesmo Sheeran matado Hoffa? Até´hoje há dúvidas sobre essa confissão do irlandês. Como se sabe Hoffa desapareceu e nunca mais foi encontrado. O que teria acontecido com ele na verdade? O filme traz uma resposta que ainda não é plenamente aceita entre os historiadores e especialistas em sua história. De qualquer forma não deixa de ser muito interessante.

O Irlandês (The Irishman, Estados Unidos, 2019) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Steven Zaillian, escrito a partir do livro original escrito por Charles Brandt / Elenco: Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci, Harvey Keitel, Ray Romano, Anna Paquin, Domenick Lombardozzi , Paul Herman / Sinopse: O filme conta a história real de Frank Sheeran (1920 - 2003), um assassino profissional que fez parte da Máfia italiana nos Estados Unidos durante várias décadas.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Amor à Primeira Vista

Título no Brasil: Amor à Primeira Vista
Título Original: Falling in Love
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Ulu Grosbard
Roteiro: Michael Cristofer
Elenco: Robert De Niro, Meryl Streep, Harvey Keitel, Jane Kaczmarek, George Martin, David Clennon

Sinopse:

Frank (De Niro) e Molly (Streep) se conhecem casualmente durante as compras de natal em Nova Iorque. Meses depois voltam a se reencontrar em um trem indo para o centro de Manhattan. Ambos estão em busca de uma nova paixão. O que começa com um flerte casual acaba se tornando uma bela história de amor.

Comentários:
Os fãs de cinema sempre quiseram ver um reencontro nas telas entre Robert De Niro e Meryl Streep. Eles tinham trabalhado juntos antes em "O Franco Atirador" e todo mundo queria ver o casal junto novamente na tela. Isso durou anos até que eles decidiram finalmente atender a esse desejo dos cinéfilos. O interessante é que não escolheram um drama pesado para isso, mas sim um filme mais leve, bem romântico e que se dava até mesmo ao direito de ter uma daquelas trilhas sonoras bem melosas e açucaradas, com semelhanças de enredo com "Love Story", o grande sucesso de bilheteria do começo dos anos 80. Dessa maneira temos que reconhecer que "Falling in Love" ("Apaixonado" no título original) não é um filme excepcional com excelente roteiro e direção. Nada nesse sentido. É na verdade um bom filme romântico com uma dupla central de atores excepcional, eis a principal diferença. Muitas pessoas na época pensaram que o filme seria indicado com certeza ao Oscar nas categorias de melhor ator e atriz, mas isso não aconteceu, justamente pelo fato desse filme ser bem despretensioso. Vale é claro por ver De Niro apaixonado por Streep, mas nada muito além disso. Um bom momento do cinema romântico dos anos 80 e isso é tudo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Saturno 3

Fazer filmes de ficção é bem complicado, ainda mais quando você não tem a produção certa, a direção de arte adequada, figurinos, efeitos especiais, etc. É aquele tipo de filme que precisa começar a dar certo muito antes do começo das filmagens, ainda na chamada pré-produção. Esse não foi o caso desse "Saturno 3", um filme que poucos se lembram nos dias de hoje. Cópias são raras e o filme nunca é exibido em canais a cabo (não que eu me lembre ou que tenha topado com ele sendo exibido por aí).

Nem é preciso dizer que o filme está mais do que datado. O desenho das naves, as roupas dos astronautas, os cenários e os pobres efeitos especiais envelheceram absurdamente. Tudo parece muito mal feito nos dias de hoje. Até um robô que era sensação na época hoje em dia parece torto e mal ajambrado. Parecia uma geringonça mal feita saída de algum ferro velho ou de uma lata de lixo! A única razão para ver esse filme hoje em dia vem do elenco, começando pela beleza (e belos cabelos) da pantera Farrah Fawcett, passando pela presença do mito envelhecido Kirk Douglas. No meio do espaço fake eles ainda mantém o mínimo interesse no que se passa naquela nave de papelão.

Saturno 3 (Saturn 3, Estados Unidos, 1980) Direção: Stanley Donen / Roteiro: Martin Amis, John Barry / Elenco: Farrah Fawcett, Kirk Douglas, Harvey Keitel / Sinopse: Dois astronautas em missão numa base espacial localizada nos arredores do planeta Saturno precisam lidar com novos tripulantes, sendo um deles um burocrata da empresa espacial e o outro um enorme robô cuja presença na nave nunca chega a ser explicada de forma satisfatória.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de julho de 2018

Madame

Esse é um filme francês que a despeito de trazer um enredo simples, procura mostrar todo o preconceito social que existe dentro da sociedade francesa. O casal de protagonista é formado por ricaços americanos que vivem em Paris. A madame Anne Fredericks (Toni Collette) decide dar um belo jantar em seu apartamento. Entre os convidados estão figurões da política inglesa e membros da classe alta parisiense. Seu marido Bob (Harvey Keitel) procura esconder que sua empresa financeira de Nova Iorque está indo a falência, tudo para manter a pose. Falsidade completa. Pois bem, durante os preparativos do jantar, Madame descobre que a mesa foi montada para 13 pessoas, só que apenas 12 convidados estarão presentes. Para compensar ela resolve dar um de seus melhores vestidos para a empregada doméstica Maria (Rossy de Palma) fingir que é uma das convidadas ao elegante jantar.

Ela não deve interagir com ninguém, nem falar com os demais convidados. Deve apenas ser uma figurante, como um abajur da sala, nada mais. Só que Maria após alguns drinks começa a falar e conversar com os demais convidados, encantando particularmente David Morgan (Michael Smiley) que fica pensando que ela é uma milionária, prima do Rei da Espanha. Apaixonados, criam um problema e tanto para madame, que precisa acabar com esse romance, para contar toda a verdade. O roteiro, tipicamente uma comédia de costumes, procura mostrar que nem as maiores paixões resiste quando há um abismo social, sendo Maria uma empregada doméstica e seu namorado, David Morgan, um milionário. O filme apesar disso se desenvolve de forma leve, com duração adequada aos seus propósitos. Gostei do resultado. Livre daquelas amarras dramáticas que muitas vezes estragam os filmes franceses, esse aqui tem uma leveza muito bem-vinda.  Mostra um lado condenável da sociedade francesa, mas com um sorriso no rosto. Um ponto inegavelmente positivo para esse "Madame".

Madame (França, 2017) Direção: Amanda Sthers / Roteiro: Amanda Sthers / Elenco: Toni Collette, Harvey Keitel, Rossy de Palma, Michael Smiley, Tom Hughes / Sinopse: Durante um jantar a empregada doméstica de madame acaba encantando um rico político inglês. Eles começam a namorar, mas ele pensa que ela na verdade é uma nobre da casa real da Espanha. Apenas madame poderá desfazer todos esses enganos, contando toda a verdade sem magoar ninguém.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Um Diabo Diferente

Bom, quando  eu comecei a trazer textos sobre cinema para esse blog eu queria escrever sobre praticamente todos os filmes que assisti. Como tenho um lista onde anotei grande parte desses filmes o esforço seria no mínimo interessante. Pois bem, nessa longa jornada de cinéfilo assisti muitos filmes maravilhosos, alguns medianos (na verdade a grande maioria) e, é claro, puro lixo, filmes que são horríveis. Ninguém é perfeito afinal de contas. Uma das grandes porcarias que vi na minha vida foi esse trash involuntário chamado "Little Nicky - Um Diabo Diferente". Aliás é bom frisar, Adam Sandler é um caso à parte. Nunca um comediante do cinema americano fez uma lista tão grande de filmes ruins. Depois de várias péssimas experiências nunca mais vi nada com seu nome no elenco, mas em 2000 ainda conseguia ter paciência para lhe dar alguma chance. Tempo perdido.

Ainda interessado sobre o que o filme trata? Então OK. É uma bobagem imbeciloide sobre Nicky, que não é um sujeito normal. Ele é filho de um demônio (sim, isso mesmo que você leu!) que é enviado para a Terra para cumprir uma "missão" especial. Então tudo se desenvolve com suas peripécias em nosso mundo (isso soou muito com aquelas chamadas genéricas e bem estúpidas da Sessão da Tarde, algo do tipo "Vejam esse incrível diabinho se envolvendo em mil e uma aventuras!). Ahh... que coisa insuportável. Depois desse filme horripilante (no mal sentido) nunca mais vi um filme com o nome de Adam Sandler no poster como algo minimamente assistível. Fuja, como o diabo foge da cruz!

Um Diabo Diferente (Little Nicky, Estados Unidos, 2000) Direção: Steven Brill / Roteiro: Tim Herlihy, Adam Sandler / Elenco: Adam Sandler, Patricia Arquette, Harvey Keitel / Sinopse: Nicky (Sandler) é um cara diferente. Ele é o filho de um importante demônio do inferno que deseja que ele obtenha o mesmo sucesso na carreira que seu pai. Só que Nicky prefere ficar o dia todo ouvindo rock pauleira em seu quarto até ser enviado para a Terra para cumprir uma missão muito importante.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Dragão Vermelho

Resolvi rever ontem "Dragão Vermelho", o último filme da trilogia original do personagem Hannibal Lecter. Como já escrevi antes, esse ainda é o meu preferido. O interessante é que sua história é anterior a tudo o que vemos em "O Silêncio dos Inocentes". Isso fica bem claro na última cena de "Red Dragon" quando o diretor da prisão pergunta a Lecter se ele tem interesse de se encontrar com uma jovem agente do FBI. Ela mesma, a personagem de Jodie Foster. Pois bem, voltando um pouco, no começo do filme, vemos Hannibal trabalhando junto ao agente Will Graham (Edward Norton). O policial está tentando prender um assassino em série canibal (que obviamente é o próprio Hannibal!). Após descobrir sua identidade eles entram em confronto. Lecter o esfaqueia e esse consegue reagir antes de ser preso, também o atingindo.

Os anos passam e Graham se afasta do FBI, afinal ele quase foi assassinado. Tudo muda porém quando um novo assassino em série surge. Apelidado pela imprensa de "Fada dos Dentes", esse criminoso mata famílias inteiras, em chacinas terríveis. Impulsionado por sua ética profissional o agente do FBI decide voltar. Ele estuda o modos operandi desse serial killer e acaba descobrindo semelhanças com o antigo modo de agir de Lecter. Pior do que isso, ele também é um canibal que come pedaços de suas vítimas. Tentando colocar o psicopata atrás das grades o mais breve possível, antes que ele faça novas vítimas, Graham decide ir conversar novamente com Hannibal na prisão, uma reaproximação que o deixará extremamente nervoso e receoso. Assim a situação que vemos em "O Silêncio dos Inocentes" de certa forma se repete aqui. O agente do FBI e o assassino encarcerado interagindo para localizar e prender o psicótico que está solto pelas ruas.

Dentre os vários pontos positivos desse filme eu destacaria o trabalho de Ralph Fiennes. Ele interpreta o psicopata Francis Dolarhyde. Vivendo uma vida dupla, de tímido técnico que trabalha em um Zoo de dia e de matador cruel e sanguinário de noite, o sujeito vai enlouquecendo cada vez mais com o passar do enredo. Ele tem uma fixação por um desenho de Black intitulado "Dragão Vermelho e a Mulher banhada de Luz" e passa a alucinar, achando que o tal dragão da figura o está dominando, o transformando ele próprio em uma espécie de deus mitológico! Algo completamente insano. Apesar de ter tido uma classificação etária maior nos EUA, o filme não é dos mais violentos dentro dessa trilogia. Só há uma cena mais violenta quando o dragão vermelho começa a devorar vivo o jornalista Freddy Lounds (Philip Seymour Hoffman, sempre ótimo). Depois o encharca de gasolina e toca fogo! Fora isso a violência é mais intelectual, com os policiais tentando pegar o assassino, usando para isso pistas deixadas por ele mesmo nas cenas dos crimes. Somando-se o bom roteiro, a sempre interessante presença de Anthony Hopkins e o trabalho de direção de Brett Ratner, temos no final um dos melhores filmes de assassinos seriais do cinema mais recente.

Dragão Vermelho (Red Dragon, Estados Unidos, 2002) Direção: Brett Ratner / Roteiro: Ted Tally, baseado no livro escrito por Thomas Harris / Elenco: Anthony Hopkins, Edward Norton, Ralph Fiennes, Harvey Keitel, Philip Seymour Hoffman, Mary-Louise Parker / Sinopse: Após ser preso o psicopata canibal Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) passa a ajudar o agente do FBI Will Graham (Edward Norton) em seus casos de homicídio. Há um novo serial killer agindo nas ruas de Chicago e sua captura passa a ser algo urgente, por causa dos crimes horrendos que comete. Filme premiado pelo Fangoria Chainsaw Awards na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Fiennes).

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de novembro de 2017

O Comediante

Robert De Niro interpreta um comediante de stand-up que tenta ganhar a vida, apesar de já estar com a carreira em plena decadência. Nos anos 70 ele conseguiu popularidade atuando em uma série de TV, uma sitcom, o que lhe garante ainda algumas apresentações em pequenos bares e espeluncas. Numa delas, ele sai no braço com uma pessoa da plateia e acaba sendo condenado a prestar serviços comunitários. E é justamente quando faz esse serviço que acaba conhecendo uma mulher divorciada que pode revitalizar sua vida pessoal e profissional. Pela breve sinopse você poderia pensar que "O Comediante" é um tipo de drama, como os que De Niro fazia nos bons e velhos tempos, só que não é bem isso. O filme opta mesmo pelo convencional, se limitando a contar uma história de amor pincelada com momentos de humor, principalmente quando o ator sobe no palco para fazer suas apresentações. Nesse ponto cabem alguns elogios ao trabalho de De Niro pois ele se sai muito bem como comediante de stand-up, isso apesar de nunca ter feito esse tipo de trabalho em sua carreira ao longo de todos esses anos. Alguns podem até vir a se incomodar um pouco com os palavrões e piadas chulas, de baixo nível, mas isso no final das contas faz também parte do jogo.

Outro ponto a se destacar é o elenco de apoio, todo formado por veteranos (e amigos de longa data de De Niro). Assim lá estão Danny DeVito (como seu irmão judeu que precisa segurar as pontas quando a situação financeira dele vai de mal a pior), Harvey Keitel (como o pai da mulher por quem se apaixona, algo que vai criar muitos atritos entre eles) e Billy Crystal (numa pontinha rápida, passada em um elevador, quando eles trocam algumas farpas e pequenas provocações em forma de piadas). O filme assim é convencional, calcado em um roteiro redondinho e em determinados momentos bem clichê, mas que acaba se salvando no final pelos nomes envolvidos em sua realização.

O Comediante (The Comedian, Estados Unidos, 2016) Direção: Taylor Hackford / Roteiro: Art Linson, Jeffrey Ross / Elenco: Robert De Niro, Harvey Keitel, Danny DeVito, Leslie Mann, Billy Crystal / Sinopse: Ao chegar perto dos 70 anos de idade um comediante veterano tenta sobreviver, arranjando trabalhos cada vez mais inconsistentes. Tudo parece ir de mal a pior até que acaba conhecendo uma mulher divorciada que pode ser a pessoa que vai mudar sua vida para sempre.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Cop Land - A Cidade dos Tiras

Título no Brasil: Cop Land - A Cidade dos Tiras
Título Original: Cop Land
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: James Mangold
Roteiro: James Mangold
Elenco: Sylvester Stallone, Robert De Niro, Harvey Keitel, Ray Liotta, Robert Patrick, Peter Berg, Janeane Garofalo
  
Sinopse:
O policial Freddy Heflin (Sylvester Stallone) se torna xerife de uma pequenina cidadezinha de New Jersey. No passado ele tentou ser policial de Nova Iorque, mas por causa de suas limitações nunca conseguiu chegar em seus objetivos. Assim ele se torna membro de uma pequena corporação, em um lugar onde moram muitos policiais que trabalham além da ponte, em Manhattan. Aos poucos e quase sem querer, Freddy começa a perceber que há algo de errado naquela comunidade de tiras. Parece haver algo ilegal acontecendo, inclusive com múltiplos assassinatos. Estaria ele pronto para enfrentar algo assim, envolvendo seus próprios colegas de farda? Filme premiado no Stockholm Film Festival na categoria de Melhor Ator (Sylvester Stallone).

Comentários:
Dentro da vasta filmografia do ator Sylvester Stallone, esse filme é certamente um dos mais diferenciados. Deixando os heróis de ação do tipo Rambo, Rocky e Cobra de lado, o astro resolveu se despir de qualquer vaidade para interpretar um policial gordo, fraco, de personalidade medíocre e assustada. Na época muito se falou justamente disso, da metamorfose pela qual passou Stallone. Palmas para ele que acabou realizando uma das melhores e mais lembradas atuações de toda a sua carreira. Ele que vinha mal nas bilheterias, colecionando fracassos comerciais inesperados, acabou dando a volta por cima da melhor forma possível, mostrando que também poderia atuar ombro a ombro com grandes mestres como Robert De Niro e Harvey Keitel. Aliás é sempre bom salientar que a maior qualidade desse filme de uma forma em geral vem do excelente elenco que o diretor James Mangold conseguiu reunir. O jovem cineasta que havia ganho a confiança do estúdio Miramax (responsável por diversos filmes cult) conseguiu de fato realizar uma excelente obra cinematográfica. Seu talento aiiás iria se confirmar ainda mais no filme seguinte, o drama psicológico "Garota, Interrompida". Além da boa direção o filme também traz um excelente roteiro que aposta bastante na crueza e na mediocridade da mente humana, muitas vezes capaz de tudo para alcançar seus objetivos criminosos. Enfim, seja você fã ou não de Sylvester Stallone, o filme é altamente recomendado. Acima da média.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Um Drink no Inferno

Eu gosto de Quentin Tarantino. Definitivamente gosto do cinema que ele faz. Até defendo quando o acusam de ser nerd demais ou excessivamente apelativo. São duas acusações que até possuem seu fundo de verdade, mas se pararmos para pensar bem que outro diretor nesses últimos anos conseguiu imprimir tão profundamente sua marca no cinema quanto Tarantino? Dito isso ele também realizou sua cota de bobagens indefensáveis. Um dos filmes de Tarantino que nunca consegui gostar foi justamente esse amalucado (no mal sentido da palavra) "From Dusk Till Dawn". Eu acredito que Tarantino sabia que não tinha um material muito bom em mãos e por essa razão cedeu seu roteiro para ser dirigido por Robert Rodriguez, uma espécie de pupilo do cineasta.

Com poucos minutos de filme eu já tinha percebido que se tratava de uma das piores porcarias já feitas com o universo dos vampiros (de que gosto muito!). Não há necessariamente uma história para contar, apenas muito sangue, violência gratuita (e cartunesca) além de uma infinidade de diálogos pateticamente constrangedores. Na época em que o filme chegou nas telas o ator George Clooney não era nenhum astro do cinema, apenas um ator de TV, de seriado médico, que tentava emplacar fora da telinha. O resultado é completamente descartável, quase um delírio pessoal de Tarantino que no final das contas nem faz muito sentido. É violência pela violência e nada mais. Não que os outros filmes dele saíssem muito dessa fórmula, mas aqui ele certamente exagerou no besteirol. E afinal alguma coisa ainda vale a pena citar? Basicamente nada, a não ser a bela presença de Salma Hayek como a vampira Santanico Pandemonium! Ela é uma das poucas lembranças que você terá desse filme que caiu no esquecimento (de forma justa, aliás). Uma bola fora Tarantinesca. Até porque ninguém é perfeito.

Um Drink no Inferno (From Dusk Till Dawn, EUA, 1996) Direção: Robert Rodriguez / Roteiro: Quentin Tarantino, Robert Kurtzman / Elenco: George Clooney, Juliette Lewis, Harvey Keitel, Salma Hayek, Danny Trejo, Quentin Tarantino, John Saxon, Kelly Preston / Sinopse: Dois criminosos e seus reféns vão parar em uma espelunca perdida no meio do deserto. Eles estão tentando fugir da polícia e tencionam ficar lá por pouco tempo, mas tudo acaba em caos quando descobrem que o lugar está infestado de vampiros sedentos por sangue humano. Filme "premiado" pelo Framboesa de Ouro na categoria de Pior Ator Coadjuvante (Tarantino).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Thelma & Louise

Existem filmes que nascem pequenos e despretensiosos e depois ganham a simpatia do público, se tornando grandes sucessos de bilheteria. Com o passar dos anos acabam também sendo considerados pequenas obras cultuadas, elevando seu status, se transformando em cult movies. Um exemplo perfeito disso temos aqui com "Thelma & Louise". A Warner bancou a realização do filme, porém jamais apostou muito nele. Foi lançado discretamente nos Estados Unidos e ganhou poucas resenhas significativas nas revistas de cinema da época. O público (especialmente o feminino) porém adorou o filme e assim começou uma propaganda boca a boca que acabou se refletindo nas bilheterias, tornando "Thelma & Louise" o grande campeão de venda de ingressos daquela temporada. O que explicaria esse tipo de fenômeno? Em minha forma de ver a situação o filme caiu nas graças do espectador porque explorava algo que diz respeito a muitas mulheres pelo mundo afora. As duas personagens principais são esposas frustradas, atoladas em casamentos ruins e relacionamentos destrutivos, que procuram encontrar uma saída para essa encruzilhada que se tornou suas vidas. Para elas o que deveria ser a felicidade de um casamento perfeito acabou se transformando em algo insuportável de tolerar. Então elas simplesmente pegam um carro e caem na estrada, procurando pela liberdade que sempre desejaram.

Não é complicado de entender que a fórmula e o segredo do filme se concentram justamente nisso, nessa situação de dar um basta a uma vida de fachada, infeliz e reprimida, para finalmente buscar o que se deseja, sair pelo mundo em busca de aventuras e ser feliz de uma vez por todas. Some-se a isso a bela atuação da dupla Susan Sarandon e Geena Davis e você entenderá porque afinal o filme fez tanto sucesso. De quebra ainda trouxe um jovem Brad Pitt, ainda desconhecida na época, como um cowboy sensual que seduz uma delas. Que mulher não ficaria extasiada com algo assim? A sociedade muitas vezes massacra a posição da mulher, geralmente a colocando numa situação de submissão e repressão. O enredo de "Thelma & Louise" funcionava justamente como uma válvula de escape para tudo isso. Olhando sob esse ponto de vista realmente o resultado foi acima das expectativas.

Thelma & Louise (Thelma & Louise, Estados Unidos, 1991) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Callie Khouri / Elenco: Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Brad Pitt, Michael Madsen / Sinopse: Thelma (Geena Davis) e Louise (Susan Sarandon) são duas amigas que resolvem dar uma guinada na vida. Cansadas de seus relacionamentos ruins e doentios elas resolvem pegar a estrada, buscando por aventuras na rota 66. Filme vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original (Callie Khouri). Também indicado na categorias de Melhor Atriz (Susan Sarandon e Geena Davis, ambas indicadas), Direção, Fotografia e Edição. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio. 

domingo, 5 de julho de 2015

No Rastro da Bala

Nick Tortano (Ben Barnes) descende de uma antiga linhagem de mafiosos italianos de Boston. Seu pai é um homem honesto e correto que prefere viver com dificuldades, mas de acordo com a lei. Nick porém quer subir mais rápido na vida. Para isso ele acaba se aproximando do velho chefe mafioso Salvatore Vitaglia (Harvey Keitel). O veterano gosta de seu estilo, mas antes de entrar para a sua organização Nick terá que provar sua lealdade assassinando um advogado criminal. Enquanto o dia de sua prova de fogo não chega, Nick acaba se interessando por Ali Matazano (Leighton Meester), a filha de um gangster que deseja manter a maior distância possível do mundo do crime. Alguns filmes são tão subestimados, mesmo sendo tão bons. Veja o caso desse "By the Gun". Passou praticamente despercebido do público brasileiro, o que é uma pena. O roteiro é bom mesmo, com personagens interessantes que vivem no submundo de Boston dentro do que restou da máfia italiana na cidade. Como se sabe a Cosa Nostra sofreu um duro golpe nos anos 80. Os grandes chefões das famílias poderosas foram todos para a prisão ou então acabaram sendo mortos por seus próprios inimigos. O que sobrou foi a existência de pequenos grupos, liderados por chefes mafiosos de menor expressão. É nesse meio que tenta ganhar a vida Nick Tortano (Ben Barnes). Tentando subir na hierarquia do crime, ele acaba percebendo que em pouco tempo pode se complicar, indo bem fundo nesse meio de violência e criminalidade. Na realidade ele é até um sujeito de boa índole que acaba sendo tragado pelo meio social onde vive.

O ator Ben Barnes que interpreta o personagem principal se sai muito bem em sua atuação, até porque não é fácil para um inglês interpretar um americano de origem italiana que convive com todos os tipos de mafiosos locais. É uma mudança e tanto nos rumos de sua carreira já que até agora ele vinha interpretando tipos mais sofisticados como o próprio Dorian Gray na adaptação cinematográfica de 2009. Outro nome que chamará a atenção dos espectadores, em especial dos que curtem séries, é a da atriz Leighton Meester (a Blair Waldorf de "Gossip Girl"). Deixando de lado o estilo fashion de sua personagem mais famosa ela aqui interpreta a filha de um gangster que tem um péssimo relacionamento com o pai. Vivendo de forma modesta, em um bar local servindo bebidas aos clientes, ela parece mesmo ser um doce de garota. Tentando ficar longe de criminosos ela acaba caindo numa armadilha ao se apaixonar por Nick (Barnes), justamente mais um sujeito que em breve estará bem enrascado com as famílias poderosas da cidade. Por fim, completando o bom elenco, temos o veterano Harvey Keitel na pele do chefão Salvatore Vitaglia. Mafioso da velha escola, ele faz questão de manter vivo velhos rituais da organização, como uma cerimônia de iniciação de seu pupilo Nick. Em suma, um bom filme sobre mafiosos sicilianos da bela Boston que seguramente deveria ter sido mais comentado e badalado. Recomendo sem receios.  

No Rastro da Bala (By the Gun, Estados Unidos, 2015) Direção: James Mottern / Roteiro: Emilio Mauro / Elenco: Ben Barnes, Leighton Meester, Harvey Keitel, Slaine / Sinopse: Filme de ação norte-americano.

Pablo Aluísio.