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quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Êxodo: Deuses e Reis

Êxodo: Deuses e Reis
Mais uma versão para o cinema da história de Moisés e a saída do povo judeu do Egito Antigo. Ridley Scott fez o filme em homenagem ao irmão que havia se suicidado. Era uma mensagem sentimental, mas acabou que não agradou a quase ninguém. Religiosos torceram o nariz, pessoas que apenas queriam ver um bom épico antigo também não gostaram e a crítica, de maneira em geral, não avaliou bem ao filme. O que deu errado? Antes de qualquer coisa é bom deixar claro que é sim um filme bem produzido. Tem opções de direção de arte bem cuidadosas e acertadas. O elenco também faz o possível, mesmo que alguns atores não estejam muito bem adequados para seus personagens. Enfim, o filme não é, em minha opinião, o desastre todo que pintam por aí. 

O problema desse roteiro é conceitual. A história dos dez mandamentos, de Moisés e tudo o mais desse pacote todo, é de uma mitologia religiosa de fé. Não tem como fazer um filme racional desse enredo. O problema de Ridley Scott foi esse, ele quis fazer um filme racional. Não dá. O Exodus é um desbunde religioso, que pede mesmo exageros irracionais e pensamento mágico. Para funcionar tem que acreditar que tudo aconteceu mesmo, que o mar abriu e o resto todo. O Moisés é uma mistura de mago, profeta e líder messiânico. Não tem com contar essa história com o pé no chão da realidade, tem que afundar o pé na jaca da religião como fez Cecil B. De Mille no passado.

Essa coisa de tentar trazer explicações racionais para o que aconteceu na trama, simplesmente não cola. Não é documentário do canal Discovery ou do History. Não agrada ao fundamentalista religioso e nem ao espectador mais racionalista e progressista que não vai curtir também. Aliás acredito que esse tipo nem foi ao cinema ver ao filme. O simples tema já o deixou fora das salas. Quem não acredita, não vai ver filme de Moisés e Velho Testamento. É demais para eles. 

O fato é que os historiadores nunca acharam uma prova arqueológica da existência de Moisés e nem de uma multidão de judeus atravessando o deserto. Então academicamente o Êxodo é tratado como uma mitologia de fundação do povo de Israel e nada mais, inclusive reutilizando partes de mitologias de outros povos antigos, de mitos estrangeiros praticamente iguais ao de Moisés.

Então ou se mostra tudo sob o ponto de vista religioso ou não se faz filme nenhum, porque para a história, para a Academia, Moisés é meramente um personagem de literatura antiga. Nada mais do que isso. Ele nunca existiu de verdade! De qualquer forma, mesmo com esse erro de conceito, eu gostei do filme. Eu queria ver apenas bom cinema. Já sabia que não era um grande filme, mas esperei por algo ao menos digno de Ridley Scott. E nesse ponto tudo está bem OK. Poderia ser muito melhor, mas não deu. Só não adianta fazer filme de mitologia religiosa como algo racional, porque não vai dar certo, mas fora isso podemos tentar ver ao filme ao menos como mero entretenimento bem produzido. 

Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings, Estados Unidos, 2014) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Adam Cooper, Bill Collage, Jeffrey Caine / Elenco: Christian Bale, Joel Edgerton, Ben Kingsley, Sigourney Weaver, John Turturro, Aaron Paul / Sinopse: Filme que entrou recentemente na grade de programação do Netflix contando a história de Moisés, os dez mandamentos e a saída do povo judeu escravizado das mãos do faraó Ramsés II. Baseado no Velho Testamento da Bíblia. 

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de janeiro de 2024

A Invenção de Hugo Cabret

Argumento e roteiro: O filme é baseado no livro "A Invenção de Hugo Cabret" cujo teor é nitidamente de realismo fantástico pois mistura personagens reais (como o diretor George Melies) em situações de ficção. Em termos de desenvolvimento temos aqui um começo um pouco cambaleante, quase caindo no chato, mas que conforme o filme avança melhora bastante. Talvez isso seja atribuído ao fato do roteiro não ter sido tão polido quanto a produção, essa sim rica e bonita. De qualquer forma não há maiores danos dessa falta de ritmo na terça parte inicial do filme pois logo ele consegue superar esse problema e finalmente encontra o tom certo conforme o filme avança..

Produção: A grande qualidade de "A Invenção de Hugo Cabret" é sua produção nota 10. Não é complicado de entender porque tiveram tanto capricho nesse aspecto do filme. Rodado para se tornar o primeiro projeto 3D do diretor Martin Scorsese o filme supervaloriza cada cena, cada cenário, cada ambiente, tudo ricamente desenvolvido chegando quase ao ponto da saturação, da poluição visual (são tantos os detalhes que o espectador simplesmente cansa de prestar atenção de tudo). Em resumo, uma produção de alto luxo e rica direção de arte.

Elenco: Aqui se destacam os veteranos Ben Kingsley (finalmente fazendo um personagem carismático depois de aparecer em alguns abacaxis por aí) e Christopher Lee (que consegue se destacar mesmo em um papel mínimo e mal desenvolvido pelo roteiro). Já o elenco infantil é de mediano para fraco, o que é um problema em um filme baseado nas peripécias dos guris. Achei o ator que faz o garoto Hugo (Asa Butterfield) sem carisma, quase beirando a antipatia. Não mostrou nada de muito especial em cena, sendo apenas correto. A garotinha Chloe Grace Moretz (que fez a vampirinha do remake "Deixe-me Entrar") se sai melhor mas como o papel dela é limitado não melhora muito sua situação.

Direção: Não é o tipo de filme que estamos acostumados a ver com Martin Scorsese. De fato, "Hugo" é seu filme mais singular. Em vista disso não consegui visualizar maiores marcas da presença do cineasta. A antiga maestria em extrair o melhor de seu elenco aqui está nitidamente atenuada, uma vez que o filme é baseado mesmo em alta tecnologia na criação de cenários e ambientes totalmente virtuais. De certa forma achei a direção mais modesta desde "Gangues de Nova Iorque".Espero que ele deixe de lado essa fase "George Lucas" para retornar aos bons e velhos filmes baseados em atuações e situações reais.

A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, Estados Unidos, 2011) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: John Logan / Elenco: Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen, Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Ray Winstone, Emily Mortimer, Christopher Lee, Helen McCrory, Michael Stuhlbarg, Frances de la Tour / Sinopse: Garoto vive aventuras na estação de trem em Paris. Lá acaba conhecendo uma garotinha que irá lhe levar a ter uma outra perspectiva de vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Nosso Amigo Extraordinário

Título no Brasil: Nosso Amigo Extraordinário 
Título Original:  Jules
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Marc Turtletaub
Roteiro: Gavin Steckler
Elenco: Ben Kingsley, Jade Quon, Harriet Sansom Harris, Jane Curtin, Teddy Cañez, Narea Kang

Sinopse:
Um senhor idoso, aposentado e solitário, descobre que um disco voador caiu em seu quintal. E as surpresas não param por aí pois um alien também surge de dentro da espaçonave. O velho então resolve lhe ajudar e o ET acaba se tornando um bom companheiro em sua vida, no dia a dia. 

Comentários:
Eu achei o filme bem fraquinho. Eu sempre gostei de temas de realismo fantástico desse tipo, mas aqui achei tudo tão fraco, sem imaginação, sem muita criatividade. O tal alien (curiosamente interpretado por uma atriz chamada Jade Quon), por exemplo, não tem graça nenhuma. Fica o tempo todo sem emitir uma palavra sequer. Só fica ali comendo maçãs e olhando para as pessoas, ora com cara de bobo, ora com cara de espanto. Sua interatividade com os demais personagens do filme é quase mínima. Depois de um tempo sua presença desperta a atenção das autoridades de segurança, mas esqueça qualquer esperança que o filme vai melhorar, pois continua no mesmo marasmo. Nada vai em frente. Enfim, até que temos aqui uma boa história que poderia render algo, mas que nesse filme não deu bons frutos. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de junho de 2023

O Barbeiro de Londres

Título no Brasil: O Barbeiro de Londres
Título Original: The Tale of Sweeney Todd
Ano de Lançamento: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Emc2 Films
Direção: John Schlesinger
Roteiro: Peter Shaw
Elenco: Ben Kingsley, Campbell Scott, Joanna Lumley

Sinopse:
O conto fictício do barbeiro assassino do século XIX (Sir Ben Kinglsey) que vendeu suas carnes para um açougueiro vizinho (Joanna Lumley) por suas famosas tortas de carne. Uma jovem inocente (Selina Boyack) e o inspetor arrojado (Campbell Scott) que tenta resolver os assassinatos também são jogados na mistura.

Comentários:
Assisti a esse filme há muito tempo em um canal a cabo. Não é grande coisa, mas conta bem sua história para quem não a conhece. Importante relembrar que essa mesma história virou tema de um estranho musical dirigido pelo cineasta Tim Burton, aquele mesmo com Johnny Depp que você em algum momento da vida assistiu ou pelo menos ouviu falar. Curiosamente houve um caso no Brasil bem parecido na cidade de Porto Alegre há alguns séculos. Essa coisa de matar pessoas para fazer picadinho delas em cardápios de iguarias pelo visto não é uma completa novidade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Casa de Areia e Névoa

Título no Brasil: Casa de Areia e Névoa
Título Original: House of Sand and Fog
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Dreamworks Pictures
Direção: Vadim Perelman
Roteiro: Vadim Perelman, Lawrence Otto
Elenco: Jennifer Connelly, Ben Kingsley, Shohreh Aghdashloo, Ron Eldard, Frances Fisher, Kim Dickens, Carlos Gomez

Sinopse:
Depois de um divórcio desastroso, Kathy (Connelly) perde sua casa. O imóvel acaba sendo comprado por um estrangeiro, o iraniano Behrani (Kingsley) que vai morar lá com sua família, só que Kathy, ao lado de seu namorado policial, não quer deixar que isso aconteça. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Ben Kingsley), melhor atriz coadjuvante (Shohreh Aghdashloo) e melhor trilha sonora original (James Horner).

Comentários:
Filme que me surpreendeu positivamente quando o assisti. Indicado ao Oscar em três categorias, entre elas a de melhor ator para Ben Kingsley (eternamente lembrado por ter interpretado o líder pacifista Mahatma Gandhi no cinema), é uma daquelas produções complicadas de se enquadrar em apenas um gênero cinematográfico. Há elementos de drama, suspense, de filmes policiais e até mesmo de crítica social pois o personagem de Ben Kingsley é um imigrante do Irã nos Estados Unidos, o que obviamente potencializa e muito o preconceito dos norte-americanos sobre ele. A sempre linda e maravilhosa atriz Jennifer Connelly, aqui em sua fase mais adulta no cinema, interpreta uma forte mulher que tenta se reerguer das adversidades da vida. Enfim, um filme realmente muito bom, digno de todos os aplausos do público e da crítica.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Harém

Título no Brasil: Harém
Título Original: Harem
Ano de Produção: 1985
País: França
Estúdio: Sara Films
Direção: Arthur Joffé
Roteiro: Arthur Joffé
Elenco: Nastassja Kinski, Ben Kingsley, Dennis Goldson, Michel Robin, Zohra Sehgal, Juliette Simpson

Sinopse:
Uma jovem americana é sequestrada por um xeque árabe e mantida em cativeiro em seu harém. No início, ela tenta freneticamente escapar, mas à medida que eles vão se conhecendo e se apreciando, surge algo a mais naquele relacionamento.

Comentários:
Nastassja Kinski foi símbolo sexual dos cinéfilos durante os anos 80. Ponto. Essa é uma informação importante. Agora imagine levar essa atriz para o mundo oriental e seu erotismo todo exótico para os padrões dos ocidentais. Foi justamente essa a proposta dessa produção francesa. Funcionou? Em termos. O teor erótico do filme foi mantido por causa das belas curvas de Nastassja Kinski, mas como puro cinema temos apenas algo morno. Assim como a série Shogun, esse filme tinha um gosto de coisa falsa, de algo que não captou de verdade a cultura daqueles povos do Oriente Médio. Além disso a maquiagem e os figurinos nos dias atuais podem soar bem datados, se formos muito críticos. De qualquer forma não é nada mal ver a Nastassja Kinski praticando a dança do ventre.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Os Thunderbirds

Título no Brasil: Os Thunderbirds
Título Original: Thunderbirds
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Working Title Films,
Direção: Jonathan Frakes
Roteiro: Gerry Anderson, Sylvia Anderson
Elenco: Bill Paxton, Anthony Edwards, Ben Kingsley, Philip Winchester, Genie Francis, Deobia Oparei

Sinopse:
Quando um vilão encontra e invade a base secreta do grupo "Resgate Internacional" e prende a maior parte da família Tracy, apenas o jovem Alan Tracy e seus amigos poderão salvar o dia. E salvar sua família não vai ser nada fácil, nada fácil mesmo!

Comentários:
A série original nasceu na Inglaterra, durante a década de 1960. Era um programa com marionetes, inclusive onde os espectadores conseguiam ver até mesmo os fios dos bonecos. Era uma atração para as crianças que acabou fazendo bastante sucesso, inclusive no Brasil, onde foi exibida por anos. O tempo passou e as crianças daquela época cresceram. Estúdios americanos viram potencial em fazer um filme com atores de carne e osso, com a tecnologia do presente. Podia dar certo. Só que no final o filme fracassou nas bilheterias. Era um filme juvenil feito para jovens que não conheciam o material original. Os mais velhos também não prestigiaram. Parece que Thunderbirds só funcionaria mesmo dentro daquele contexto dos anos 60, com os bonecos originais. Tentar modernizar algo assim não deu muito certo. Só sobrou mesmo um pouco de nostalgia e nada mais. O filme diverte, mas é bem fraquinho para dizer a verdade. Só deve agradar mesmo aos nostálgicos de plantão.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Dave - Presidente por um Dia

Título no Brasil: Dave - Presidente por um Dia
Título Original: Dave
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Ivan Reitman
Roteiro: Gary Ross
Elenco: Kevin Kline, Sigourney Weaver, Frank Langella, Kevin Dunn, Ben Kingsley, Laura Linney, Arnold Schwarzenegger     

Sinopse:
Um misterioso sósia presidencial chamado Dave é recrutado pelo Serviço Secreto para se tornar um substituto momentâneo do Presidente dos Estados Unidos. Claro que algo assim vai dar origem a todo tipo de problemas e mal-entendidos. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme - Comédia ou Musical.

Comentários:
Na falta de filmes novos, por causa da pandemia, nada melhor do que pesquisar no acervo de filmes antigos para encontrar algo para ver (ou rever). Esse filme tem um grande e talentoso elenco. Só não consigo ver onde eles foram aproveitados. Sim, em minha opinião esse filme não passa de uma comédia bem descartável. O Ivan Reitman na direção só acertou em cheio mesmo em "Irmãos Gêmeos". Fora isso seus filmes não são lá grande coisa. Esse aqui ainda contou com a boa vontade da crítica dos anos 90, o que o fez ser indicado ao Globo de Ouro na categoria melhor comédia ou musical. Seu roteiro chegou até mesmo a receber uma honrosa indicação ao Oscar na categoria de melhor do ano - algo raro de acontecer com comédias. De minha parte nada disso se justifica. O filme é fraco mesmo. O Kevin Kline está bem mais à vontade do que a Sigourney Weaver, que nunca teve jeito para o humor. Pior mesmo foi desperdiçar uma dupla de atores geniais formada por Frank Langella e Ben Kingsley. Nesse ponto o Ivan Reitman realmente não mereceu perdão.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

O Médico

Título no Brasil: O Médico
Título Original: The Physician
Ano de Produção: 2013
País: Alemanha
Estúdio: UFA Fiction
Direção: Philipp Stölzl
Roteiro: Jan Berger
Elenco: Tom Payne, Stellan Skarsgård, Ben Kingsley, Olivier Martinez, Adam Thomas Wright, Jodie McNee

Sinopse:
Na Idade Média um jovem inglês chamado Rob Cole (Tom Payne), decide fazer uma longa viagem em direção ao Oriente Médio, onde pretende estudar com o mestre Ibn Sina (Ben Kingsley). Seus planos é se tornar um médico, em uma época em que não havia universidades de medicina. Filme indicado em diversas categorias no German Film Awards.

Comentários:
Esse filme também é conhecido como "O Físico". Nos primórdios da Idade Média não havia universidades de medicina na Europa, porém no Oriente Médio já existiam centros de saber, onde a medicina era ensinada para jovens. Esse filme é muito interessante pois resgata essa época distante na história. O protagonista é um jovem que órfão passa a ser criado por um vendedor de xaropes e "médico" prático que ia de vila em vila tentando curar as pessoas. Um misto de charlatão com curandeiro medieval. Só que isso era pouco e o jovem decide cruzar os mares em busca de maiores conhecimentos. No Oriente Médio ele encontra aum mestre, mas também encontra fanatismo religioso, um tirano absolutista e uma sociedade prestes a regredir em todos os aspectos por causa da ascensão ao poder de líderes religiosos que tratavam a nascente ciência como blasfêmia contra Alá. E isso acabou gerando uma mudança no centro do mundo. Se antes a Europa havia afundando no misticismo religioso e o mundo oriental prezava o estudo da ciência, as coisas logo mudariam, com os europeus abraçando o conhecimento científico nas universidades que surgiam. Um bom filme, historicamente interessante, com bons personagens em seu roteiro. Gostei muito.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Oliver Twist

Título no Brasil: Oliver Twist
Título Original: Oliver Twist
Ano de Produção: 2005
País: França, Inglaterra
Estúdio: R.P. Productions
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Ronald Harwood
Elenco: Barney Clark, Ben Kingsley, Jeremy Swift, Michael Heath, Jeremy Swift, Ian McNeice

Sinopse:
Baseado na obra escrita pelo consagrado autor Charles Dickens, o filme conta a história do garoto Oliver Twist (Barney Clark), que durante a revolução industrial em Londres se junta a um grupo de pequenos criminosos e batedores de carteira, todos liderados por uma estranha figura, considerado o mestre dos garotos.

Comentários:
Não se pode medir a importância da obra literária de Charles Dickens. Para muitos ele foi o mestre dos mestres nesse tipo de romance, onde aliava a denúncia social do que ocorria em sua época, com enredos divertidos que faziam muito sucesso entre o público. E de fato, mesmo hoje, após tanto tempo, Dickens continua imbatível. Aqui temos um encontro interessante, reunindo o talento de cineasta de Roman Polanski com os personagens criados por Charles Dickens em 1839, data da primeira edição de seu famoso livro. Com produção impecável, bom elenco, inclusive em relação aos garotos, o filme só enfrentou uma crítica mais recorrente quando foi lançado. Muitos não gostaram do fato de Roman Polanski ter dirigido ao filme. Para esses puristas apenas um diretor inglês devia ter essa honra. Em meu caso esse tipo de coisa soa como pura xenofobia. O filme é muito bom, o produto cinematográfico ficou acima da média. Não há mesmo razões sérias para não gostar dessa adaptação.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Sherlock & Eu

Não é bem aquele tipo de filme que eu indicaria para os admiradores do personagem Sherlock Holmes. Isso porque o roteiro subverte completamente a figura do detetive. Ao invés de ser uma mente brilhante, capaz de resolver qualquer caso criminal, aqui temos apenas uma ficção criada pelo Dr. Watson (Ben Kingsley). Isso mesmo, ele cria de sua imaginação a figura de Holmes e contrata um ator canastrão chamado Reginald Kincaid para interpretá-lo. Na realidade ele não é inteligente, muito pelo contrário, é burro como um porta. Apenas representa o tipo para o público em geral. Essa subversão de Sherlock Holmes se tornaria bem indigesta se não fosse para a tela na pele de Michael Caine.

Verdade seja dita, o filme não se sustentaria se não tivesse um ator tão carismático como ele em cena. Até porque Ben Kingsley como o Dr. Watson não tem apelo (nem dentro do enredo do filme e nem aqui fora, olhando-se tudo sob um ponto de vista puramente cinematográfico). Assim sobram algumas cenas divertidas (o roteiro se propõe a ser engraçado) ao mesmo tempo em que tenta trazer o inimigo mais tradicional de Holmes, o Prof. James Moriarty (Paul Freeman), como o vilão clássico para sustentar a frágil trama. Confesso que a caracterização de um Sherlock Holmes estúpido me incomodou várias vezes. Para quem cresceu lendo os livros e vendo os filmes do mitológico personagem detetive fica mesmo difícil de engolir essa nova abordagem, mesmo que tudo seja feito em nome do humor.

Sherlock & Eu (Without a Clue, Inglaterra, 1988) Direção: Thom Eberhardt / Roteiro: Gary Murphy, Larry Strawther / Elenco: Michael Caine, Ben Kingsley, Paul Freeman, Jeffrey Jones / Sinopse: O sumiço de formas usadas para a fabricação de papel moeda do banco central da Inglaterra leva o famoso detetive Sherlock Holmes (Michael Caine) e seu fiel companheiro Dr. Watson (Ben Kingsley) a entrarem no caso. Por trás de tudo parece haver a figura sinistra do Prof. James Moriarty (Paul Freeman). Só que nem tudo é o que aparenta ser.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Operação Final

Esse filme da Netflix conta a história da captura do oficial nazista da SS Adolph Eichmann. Após o fim da II Guerra Mundial ele conseguiu fugir com sua família para a Argentina. Uma vez no novo país adotou uma nova identidade e começou a trabalhar numa fábrica da Mercedes-Bens em Buenos Aires. A vida do carrasco nazista seguiu em tranquilidade até que no começo dos anos 1960 um grupo de agentes israelenses conseguiu localizá-lo. A partir daí começaram os planos para raptá-lo com o objetivo de levá-lo para Israel onde finalmente seria julgado por seus crimes de guerra. Eichmann era conhecido como o "Arquiteto do holocausto" porque ele organizou de forma matemática e administrativa a matança dos judeus nos campos de extermínio. Era um homem frio e calculista que se empenhou pessoalmente na chamada "solução final", onde os judeus seriam exterminados de maneira industrial em campos de concentração e de extermínio espalhados por toda a Europa. Sua função era deixar a máquina de matança dos nazistas funcionando da maneira mais eficiente possível.

Embora seja um filme até pequeno em termos de orçamento, seu grande triunfo vem da presença do ótimo ator Ben Kingsley, Ele interpreta o nazista, trazendo de volta sua pesonalidade metódica, uma espécie de burocrata da morte em série. Jogando o tempo todo com um de seus raptores no cativeiro ele chega até mesmo a despertar a simpatia de um deles! E isso partindo de uma pessoa que viu sua própria irmã e sobrinhos sendo mortos em caminhões de gás nas florestas da Polônia. Um bom retrato de um dos grandes monstros da barbárie nazista.

Operação Final (Operation Finale, Estados Unidos, 2018) Direção: Chris Weitz / Roteiro: Matthew Orton / Elenco: Ben Kingsley, Oscar Isaac, Mélanie Laurent, Lior Raz / Sinopse: Em 1961, o Mossad, o serviço secreto do Estado de Israel, consegue localizar o paradeiro do criminoso de guerra nazista Adolph Eichmann. Ele vive escondido na Argentina. Assim uma operação é planejada com o objetivo de trazê-lo de volta a Israel, onde finalmente seria julgado pelos seus crimes cometidos no holocausto.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Mogli: O Menino Lobo

A animação original fez parte da minha infância. Porém havia muitos anos que tinha assistido e me lembrava muito pouco. Foi bem gratificante então assistir a essa nova versão, com atores em carne e osso e bichinhos falantes construídos com a mais moderna computação gráfica. Pois é, o estúdio Disney teve essa grande ideia, a de fazer novas versões de suas antigos clássicos da animação, agora no estilo mais convencional. Em breve teremos "O Rei Leão" e "Dumbo". Basta assistir a esse "Mogli: O Menino Lobo" para entender que vem coisa muito boa por aí! O filme é uma maravilha tecnológica. Venceu inclusive o Oscar de melhores efeitos especiais. É de uma perfeição técnica de encher os olhos. Ok, tudo o que diz respeito à marca Walt Disney é extremamente bem feito, mas esse aqui subiu um ponto na escala. Como se sabe na fábula do Mogli há muitos personagens animais, que falam e interagem como se fossem seres humanos. Nessa versão eles não são caricatos, mas sim mais próximos da realidade. Excelente escolha.

Some-se a isso o fato de que o elenco de dubladores, todos astros em Hollywood, fizeram um trabalho de pura perfeição. Eu nem havia prestado atenção nesse time antes de ver o filme, mas bastou o urso Baloo abrir a boca para reconhecer imediatamente a voz de Bill Murray! Muito divertido. E o que dizer de um Rei orangotango chamado Louie com trejeitos de Christopher Walken? Impossível não reconhecer o estilo único dele falar. Até mesmo a cobra Kaa ficou perfeita na interpretação vocal de Scarlett Johansson! Enfim, tudo muito bem realizado numa nova versão que ficou excelente, em todos os aspectos cinematográficos.

Mogli: O Menino Lobo (The Jungle Book, Estados Unidos, 2016) Direção: Jon Favreau / Roteiro: Justin Marks, baseado na obra do escritor Rudyard Kipling / Elenco: Neel Sethi, Bill Murray, Ben Kingsley, Christopher Walken, Scarlett Johansson, Idris Elba, Lupita Nyong'o / Sinopse: Após a morte de seu pai, o menino Mogli passa a ser criado por lobos. Sua vida na floresta é feliz, até a chegada do tigre Shere Khan que não aceita sua presença na selva. Ele quer vingança contra todos os homens e também seus "filhotes".

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de novembro de 2017

Amor em Tempos de Guerra

Outro filme que conta com uma bonita produção, belas cenas e fotografia, mas que no geral me deixou com a sensação de ser bem vazio e superficial. Esse "Amor em Tempos de Guerra" conta com um roteiro que parece ter saído daquelas publicações bem românticas e idealizadas como "Sabrina". Na história temos uma jovem americana, muito idealista, que resolve ajudar os mais pobres e humildes. Ela tem formação de enfermeira e aceita o convite de um jovem médico (tão idealista quanto ela) para ir trabalhar como voluntária em um hospital distante e isolado, nas fronteiras da Turquia. A época é o começo do século XX, com a iminência de uma grande guerra começando por toda a Europa (a I Primeira Guerra Mundial), o que tornará tudo ainda mais difícil e complicado.

A mocinha cheia de boas intenções é interpretada pela atriz islandesa Hera Hilmar. Não a conhecia, acredito que nunca assisti nenhum filme com ela. A garota é bonita, mas ao mesmo tempo tem um jeito de ser chatinha, enfadonha. Sua expressão é a mesma daquela menina que exagerou no chocolate e ficou com o rosto inchado, passando um pouco mal. A sua paixão no filme, que dá título original ao filme (o tal tenente otomano) é feito por Michiel Huisman, outro que não conhecia. É bem improvável que um muçulmano fosse se apaixonar por uma cristã naquela época, mas tudo bem, a gente releva esse tropeço histórico e cultural do roteiro. O médico que a leva para o meio do nada é interpretado por Josh Hartnett, o lobisomem da série "Penny Dreadfull". No final das contas o único ator com maior nome é Ben Kingsley. Ele está no filme dando vida a um médico veterano, já cansado pelos anos, com pouco esperança que as coisas um dia vão melhorar. Em minha opinião o filme poderia ter explorado mais o massacre dos armênios cristãos pelos otomanos muçulmanos, mas a verdade é que o filme não está muito preocupado com esse tipo de coisa, ele só quer mesmo contar uma história de amor.

Amor em Tempos de Guerra (The Ottoman Lieutenant, Estados Unidos, Bélgica, 2017) Direção: Joseph Ruben / Roteiro: Jeff Stockwell / Elenco: Hera Hilmar, Josh Hartnett, Ben Kingsley, Michiel Huisman / Sinopse: Jovem enfermeira idealista decide ir trabalhar em um hospital distante e isolado na Turquia e acaba se apaixonando por um tenente muçulmano do exército otomano, bem nas vésperas do começo da I Grande Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Segurança em Risco

Antonio Banderas interpreta um ex-capitão do exército americano que após deixar as forças armadas consegue um emprego como segurança de shopping center no período noturno. Logo no seu primeiro dia de trabalho ele é levado a abrir as portas do estabelecimento durante a madrugada para acolher uma jovem garota que parece estar apavorada, desesperada, por estar fugindo de alguém. No começo Banderas e seus colegas de trabalho pensam se tratar de uma menina que apenas fugiu de casa por uma situação banal qualquer, só que ela na verdade é uma testemunha de um caso envolvendo um perigoso criminoso internacional. Seu pai foi contador da quadrilha. Acabou sendo morto por eles, que agora querem liquidar a garota. Com o shopping cercado, sem possibilidade de comunicação, eles precisam sobreviver durante à noite, antes que sejam mortos por esses bandidos.

Um filme de ação até bem OK! Antonio Banderas nem é o tipo de ator que você iria esperar encontrar em uma fita como essa. Está mais para Stallone ou Bruce Willis. Afinal ele nunca foi um ator especializado em produções como essa. Porém até que não se saiu mal. Barbudo, com cara de poucos amigos, o espanhol até que segura bem as pontas. Outro nome do elenco que ajuda bastante nesse filme - que inegavelmente tem um roteiro bem básico - é o premiado Ben Kingsley. Ele interpreta o vilão, com olhares psicopatas... numa atuação que chega até mesmo a ser divertida. Ben é uma espécie de "operário padrão" do cinema. Faz um filme atrás do outro, sem pausas na carreira. Mesmo com quase 140 filmes no currículo não parece disposto a se aposentar. Prestes a completar 75 anos de idade é de uma capacidade de trabalho de invejar muita gente jovem por aí! Sua atuação acaba sendo a melhor coisa dessa fita de ação sem maiores novidades, que a despeito disso, pode vir a divertir em uma noite sem ter nada mais de interessante a assistir.

Segurança em Risco (Security, Estados Unidos, 2017) Direção: Alain Desrochers / Roteiro: Tony Mosher, John Sullivan / Elenco: Antonio Banderas, Ben Kingsley, Liam McIntyre / Sinopse: Ex-capitão do exército americano trabalhando como segurança noturno em um shopping center precisa evitar que uma quadrilha de assassinos entre no estabelecimento em que trabalha. Eles querem matar uma jovem que irá testemunhar contra um criminoso internacional.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de junho de 2017

Cavaleiro de Copas

Em relação aos filmes do diretor Terrence Malick não existe meio termo, ou se gosta muito ou se odeia. Esse cineasta tem um estilo próprio, com seu estilo peculiar de se contar uma história. Praticamente não há diálogos, tudo é levado ao espectador por meio de sensações, momentos, lembranças. O enredo vai assim desfilando na tela sob um ponto de vista bem subjetivo, do próprio protagonista, que está passando por uma crise existencial, com nuances de comportamento depressivo. Aqui o personagem principal atende pelo nome de Rick (Christian Bale). Nunca fica muito claro que tipo de trabalho ele tem nos estúdios de Hollywood (pode ser um ator, um roteirista, etc), só se sabe que ele vive em um mundo de riqueza e celebridades, frequentando suas festas, saindo com mulheres bonitas, etc. O relacionamento dele com elas ocupa grande parte do filme. A maioria sequer tem nome, ficando mais ou menos claro a importância que elas tiveram em sua vida.

E há uma variedade delas. Desde a stripper que ele conhece em um bar, passando por uma elegante e charmosa médica (interpretada por Cate Blanchett), indo até uma mulher que ele chega a pensar ser o verdadeiro amor que ele há muito vinha esperando (aqui em presença carismática de Natalie Portman, que só tem algumas poucas linhas de diálogo em cena). Bale por sua vez passa o filme todo de forma bem passiva, olhar perdido, com as mãos no bolso, como se olhasse para a vida sem se importar muito com o que acontece ao seu redor. Como se trata de uma quase obsessão de Terrence Malick, seu personagem principal também tem problemas de relacionamento com o pai, um sujeito abusivo e verbalmente violento, sempre passando lições de moral aos filhos.  Uma pessoa insuportável, mesmo na velhice.

Não vá esperando por um enredo linear e nem por uma linguagem convencional. Tudo é diferente, como convém aos filmes assinados por Terrence Malick. Ela vai construindo seu filme não através de diálogos, mas sim de imagens. Algumas fazem sentido, outras não. É um tipo de cinema, que como escrevi, vai mais pela vertente sensorial, de suas emoções. Muitos gostam de seu estilo (me incluo nesse grupo), mas não condeno quem acha tudo uma grande chatice sem fim. Vai pela opinião e gosto de cada um. Por outro lado, caso você goste do cinema de Terrence Malick não deixe de conferir, embora esse não possa ser considerado um de seus melhores trabalhos no cinema.

Cavaleiro de Copas (Knight of Cups, Estados Unidos, 2015) Direção: Terrence Malick / Roteiro: Terrence Malick / Elenco: Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman, Brian Dennehy, Antonio Banderas, Ben Kingsley, Ryan O'Neal / Sinopse: Em plena crise existencial e com sintomas depressivos, Rick (Bale) não parece mais se importar com o que acontece em sua vida. Imerso em lembranças envolvendo seu pai e as mulheres de sua vida, ele vai vivendo um dia de cada vez, sem muita empolgação por sua própria vida. Filme indicado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Regras do Jogo

Título no Brasil: Regras do Jogo
Título Original: Rules of Engagement
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: William Friedkin
Roteiro: Jim Webb, Stephen Gaghan
Elenco: Tommy Lee Jones, Samuel L. Jackson, Guy Pearce, Ben Kingsley, Bruce Greenwood, Anne Archer
  
Sinopse:
O Coronel Terry Childers (Samuel L. Jackson) é levado para ser julgado em uma corte marcial pela acusação de que teria atirado em civis desarmados durante a tentativa de ocupação da embaixada americana no distante e conturbado Iêmen, no Oriente Médio. O militar se defende da acusação dizendo que tudo foi necessário, diante da gravidade da situação. Filme indicado ao BET Awards na categoria de Melhor Ator (Samuel L. Jackson).

Comentários:
Um filme dirigido pelo cineasta William Friedkin, o mesmo de "O Exorcista". Aqui ele deixou o terror de lado para dirigir um drama de tribunal militar, numa história que foi parcialmente inspirada em fatos reais. O enredo explora um longo flashback mostrando a tentativa de invasão de uma embaixada no Oriente Médio, quando o comandante militar encarregado da segurança do corpo diplomático americano decidiu abrir fogo contra manifestantes civis que tentavam invadir o lugar. Levado à corte marcial se impõe o caso: teria ele cometido algum crime ou apenas se defendeu de uma multidão em delírio? O elenco é bem acima da média, contando não apenas com Samuel L. Jackson (naquela que provavelmente foi sua melhor atuação na carreira), mas também com um inspirado Tommy Lee Jones interpretando um coronel linha dura chamado Hayes 'Hodge' Hodges. Esse tipo de interpretação aliás sempre foi especialidade do durão com cara de poucos amigos Jones. No saldo geral é um filme muito bom, muito coeso, com roteiro extremamente bem escrito. Mesmo que você não goste muito de filmes de tribunais, certamente vai acabar apreciando essa produção por causa de seus méritos cinematográficos. Esse filme é certamente um item para ter em sua coleção.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A Morte e a Donzela

Um Polanski pouco lembrado. Baseado na peça teatral escrita por Ariel Dorfman o filme não consegue negar em nenhum momento suas origens teatrais. E o que isso significa? Bom, basicamente que você terá pela frente uma história passada praticamente toda entre quatro paredes, com ênfase sobretudo nos diálogos. No enredo Sigourney Weaver interpreta uma ativista política, esposa de um advogado proeminente em um país latino-americano (que nunca é revelado completamente pelo roteiro), que acaba caindo numa armadilha psicológica e física. O roteiro, como não poderia deixar de ser, explora bastante a mente de pessoas que são submetidas a torturas.  Roman Polanski acabou realizando um filme duro, onde os personagens não parecem dispostos a perdoar e nem a serem perdoados.

Da vasta e importante filmografia do diretor esse é, como já escrevi, um momento mais esquecido de sua carreira. Talvez seu viés mais comercial (sim, o filme foi acusado de ser comercial demais, por mais estranho que isso possa parecer!) acabou ofuscando suas próprias qualidades como obra cinematográfica. De minha parte o filme agradou bastante, principalmente pela atuação visceral de Sigourney Weaver, que deixando de lado sua franquia "Aliens" se entregou completamente ao papel. Muito provavelmente seja seu momento mais forte nas telas. A produção foi inteiramente rodada na Europa, em especial com locações na França e na Espanha, haja visto que o diretor não pode colocar seus pés nos Estados Unidos pois pesa contra ele uma condenação por um suposto crime que teria cometido por lá na década de 1970.

A Morte e a Donzela (Death and the Maiden, Estados Unidos, Inglaterra, França, 1994) Direção: Roman Polanski / Roteiro: Rafael Yglesias / Elenco: Sigourney Weaver, Ben Kingsley, Stuart Wilson / Sinopse: Um jogo de vida ou morte entre um homem e uma mulher. Filme indicado ao Independent Spirit Awards, na categoria de Melhor Filme do Ano.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Life

Hollywood, 1955. Dennis Stock (Robert Pattinson) é um fotógrafo freelancer que ganha a vida tirando fotos de atores e atrizes famosos. Numa festa ele acaba conhecendo casualmente James Dean (Dane DeHaan), um jovem ator de Nova Iorque, ainda desconhecido do grande público, prestes a ter seu primeiro filme de repercussão a estrear nas telas, "Vidas Amargas". Eles se tornam amigos e próximos e Stock sugere a Dean que ele participe de uma sessão de fotos casuais, de seu cotidiano, pois Stock tentará vender elas para a famosa revista Life. Assim ambos ganhariam, Stock teria uma chance de renda extra e Dean poderia colher alguns frutos com a publicidade da publicação das fotografias. Após hesitar um pouco, Dean aceita a oferta e junto a Stock parte para sua terra natal, Indiana, onde o fotógrafo pretende tirar as melhores fotografias do jovem aspirante a astro do cinema.

Pela história eu já teria todos os motivos para gostar desse filme. O tema é o encontro entre James Dean e o fotógrafo Dennis Stock, que juntos criaram algumas das fotos mais mitológicas da Hollywood clássica em sua era de ouro. Como não conhecer as fotos de Dean andando debaixo da chuva em Times Square? São fotos que ajudaram a criar o mito em torno dele. O curioso é que durante anos as fãs de Robert Pattinson o compararam a Dean, mas aqui ele resolveu interpretar não o lendário rebelde, mas sim o sujeito cheio de dívidas que resolveu tirar as famosas fotos do ator, símbolo máximo da rebeldia no cinema. O Dean que surge no enredo é apenas um jovem desconhecido, com um único filme a estrear, que tem que lidar com a fama prestes a explodir. O ator que interpreta Dean exagera um pouco na dose. O ator não é bem caracterizado porque parece estar o tempo todo afetado, cigarro na boca, cara de tédio extremo. Não existem momentos espontâneos, não parece uma pessoa real. O grande atrativo mesmo é mostrar momentos íntimos de seu namoro com Pier Angeli, o fim do romance e a fossa que Dean viveu após ela resolver se casar com o cantor Vic Damone. Ficou interessante, sem dúvida. Já Pattinson continua apático, o que sempre estraga de certa maneira os filmes de que participa. Mesmo assim, com esses pontuais problemas, é aquele tipo de filme irresistível para qualquer cinéfilo. A história contada é simplesmente cativante demais para se ignorar.

Life (EUA, Canadá, 2015) Direção: Anton Corbijn / Roteiro: Luke Davies / Elenco: Robert Pattinson, Dane DeHaan, Alessandra Mastronardi, Ben Kingsley, Peter Lucas / Sinopse: Dennis Stock (Robert Pattinson) é um fotógrafo desempregado, vivendo de bicos, que vê uma oportunidade de ganhar uma grana extra ao tirar fotos de um jovem ator desconhecido chamado James Dean (Dane DeHaan). Ele estava prestes a se tornar o maior mito rebelde da história do cinema americano de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A Travessia

Título no Brasil: A Travessia
Título Original: The Walk
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures Entertainment
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Robert Zemeckis, Christopher Browne
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Ben Kingsley, Charlotte Le Bon
  
Sinopse:
Em 1974 com a construção das torres do World Trade Center um equilibrista francês chamado Philippe Petit (Joseph Gordon-Levitt) acaba tendo um ideia ousada. Ele planeja ir até os Estados Unidos para atravessar os dois arranha-céus em seu cabo de aço, sem qualquer tipo de equipamento de segurança e proteção. Com a ajuda de um grupo de amigos, da namorada Annie (Charlotte Le Bon) e dos conselhos preciosos do veterano de circo Papa Rudy (Ben Kingsley), Petit parte para a realização de seus sonhos. Filme baseado em uma história real.

Comentários:
Esse novo filme do cineasta Robert Zemeckis me deixou surpreso por causa do tema. Nunca foi a praia de Zemeckis realizar filmes desse estilo. Na realidade não consigo visualizar nada em sua filmografia no passado que se pareça com isso. Ponto para ele que resolveu mudar, ir por outros caminhos, afinal de contas nunca é tarde demais para se reinventar. A história real, que inclusive já tinha sido tema de um excelente documentário sobre o próprio Philippe Petit no passado chamado "O Equilibrista", surge também com uma pitada de nostalgia patriótica para os americanos por causa do que aconteceu com o próprio World Trade Center naqueles ataques terroristas que ocorreram em 2001. Assim Zemeckis e sua equipe tiveram que recriar as famosas torres em um trabalho visual magnífico, completamente verossímil, que nos deixam surpreendidos com o avanço da computação gráfica. Em nenhum momento você irá duvidar que os imensos prédios estão lá, na sua frente novamente. Um trabalho digno de Oscar. Em termos de roteiro temos dois atos básicos. O primeiro apresenta ao público o próprio Philippe Petit. Desde criança apaixonado pelas artes circenses ele decide dedicar sua vida ao equilibrismo, para desespero de seus pais. 

Depois de brigar com os velhos e deixar a velha casa paterna ele parte rumo a Paris em busca de seus sonhos. Acaba virando artista de rua e aos poucos vai melhorando cada vez mais na sua arte. Nesse meio tempo acaba conhecendo também outra artista de rua talentosa, Annie, que terá grande importância em sua aventura. O segundo ato começa quando Petit resolve realizar a maior façanha de sua vida - ao tentar atravessar se equilibrando em um cabo de aço as duas torres do World Trade Center. Tudo realizado de forma ilegal, contra as leis, na surdina para não serem presos. A história em si é tão incrível que custa para acreditarmos que ela foi real - e de fato aconteceu mesmo nos anos 1970. Não precisa ser cinéfilo para perceber que é justamente no segundo ato que Zemeckis aposta todas as suas fichas - e acerta em cheio em seus objetivos! As cenas de Petit na corda bamba são fantásticas, valorizadas enormemente por um 3D de extrema qualidade técnica. Não se admire pois em certo sentido você vai acabar se sentindo ao lado do próprio Petit naquele imenso vão vazio entre os dois arranha-céus. Um belo filme em suma, daqueles que valem o preço do ingresso no cinema.

Pablo Aluísio.