segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Oscar 2013

Foi uma cerimônia bem realizada mas também sem maiores surpresas. De fato todas as previsões que rondaram na semana anterior do prêmio se confirmaram. Não precisava ser vidente para acertar a maioria dos prêmios pois tudo já estava previamente esperado.  Inicialmente “Lincoln” era o mais cotado para vencer o Oscar de Melhor filme mas depois do Globo de Ouro a situação se inverteu e Argo virou o queridinho dos membros da Academia. Muitas pessoas ficaram indignadas pelo fato de Ben Affleck não ter sido indicado ao Oscar de Direção e essa situação acabou se revertendo a favor de “Argo”, um filme que já comentei aqui no blog, bem feito, bem roteirizado mas que ainda não considero melhor do que “Lincoln”. Aliás atribuo a derrota do filme de Spielberg ao seu resultado considerado pesado e enfadonho para quem não gosta particularmente nem de história e nem de política. Assim venceu o filme mais acessível aos membros da Academia. Some-se a isso também a campanha nos bastidores promovida por George Clooney, produtor do filme e muito bem relacionado no meio. Assim a vitória de “Argo” pode ser atribuída aos votos de protesto por causa de Affleck e aos votos de amizade captados por Clooney.

Nas demais categorias também não houve muitas surpresas. Os prêmios foram até que muito bem distribuídos entre todos os filmes principais, sendo que nenhum deles saiu de mãos vazias da noite. Jennifer Lawrence confirmou seu favoritismo e ganhou o Oscar de Melhor atriz por “O Lado Bom da Vida”. Ela levou uma tremenda queda quando subia para receber o prêmio mas isso até que era previsível já que é apenas uma jovem. Nervosa e com aquele vestido absurdo não era de se esperar outra coisa. Seu discurso de agradecimento foi atropelado e ansioso. O filme infelizmente não conseguiu levar mais nenhum prêmio mas diante da vitória da categoria atriz isso até que passou despercebido. Outro favorito absoluto que confirmou o que já se falava há tempos foi Daniel Day-Lewis. Em um discurso bem humorado (coisa que não é típico dele) o ator agradeceu a todos e dedicou o prêmio especialmente para a mãe. Infelizmente nas demais categorias “Lincoln” ficou a ver navios, só conseguindo mesmo apenas mais um Oscar por Direção de Arte (mais do que merecido).

Tarantino por outro lado ficou bastante satisfeito com o resultado de seu “Django Livre”. Além de faturar o Oscar por Roteiro Original (o que já era esperado) ainda abocanhou mais um prêmio de melhor ator coadjuvante para Christoph Waltz que assim repete o feito que havia conseguido no filme anterior de Tarantino, “Bastardos Inglórios”. Só não concordo com sua categoria coadjuvante pois em minha opinião o personagem interpretado por Waltz é um dos protagonistas do filme. Melhor para ele pois se tivesse sido indicado a ator não teria mesmo vencido Daniel Day-Lewis. No mais é sempre bom ver um western ganhando prêmios desse porte pois quem sabe assim a indústria se anime a realizar mais filmes do gênero. Os fãs do bom e velho faroeste agradecem. Como Ben Affleck não foi indicado ao Oscar de Melhor direção (uma aberração pois o filme levou o principal prêmio da noite) sobrou a Ang Lee levar o Oscar para casa por seu bonito “As Aventuras de Pi”. Nada mal para um sujeito que outro dia estava sendo considerado “carta fora do baralho” dentro da indústria americana. A produtora de Pi inclusive fechou as portas, falindo justamente no momento em que o filme recebia tantos reconhecimentos (também foi premiado por trilha sonora e efeitos visuais).

Na categoria animação talvez a maior surpresa de toda a noite pois “Valente” não era considerado um favorito. Animação caretinha conseguiu vencer o principal prêmio para espanto de todos. “Os Miseráveis” apesar do tema difícil venceu três estatuetas (atriz coadjuvante, maquiagem e mixagem de som). Um bom resultado sem dúvida. Anne Hathaway está muito bem no filme, embora não a considere uma boa cantora. De qualquer forma é sempre um prazer ver um musical sendo reconhecido pelo Oscar nos dias atuais. Por fim, nos 50 anos da franquia James Bond a Academia resolveu dar uma colher de chá ao agente premiando Skyfall nas categorias canção original e Edição de Som (onde ocorreu um raro empate entre os vencedores). Atribuo esses prêmios mais a uma homenagem e a um pedido de desculpas tardio do que qualquer outra coisa uma vez que Bond sempre foi desprezado pelo Oscar.

Agora bem decepcionante mesmo foi a fraca performance de Seth MacFarlane como apresentador. Esperava-se que fosse bem mais ácido e picante nas piadas mas nada disso aconteceu, soltou algumas farpinhas inocentes e tentou agradar mas sem ousar. Qualquer episódio de “Family Guy” é bem mais engraçado e irônico do que aquilo. No fundo ele quer mesmo é ser escalado novamente no ano que vem (o que acho complicado acontecer). Enfim, esse foi o Oscar 2013. Não houve nada de muito marcante ou surpreendente. O show como não poderia deixar de ser foi muito bem realizado mas também não conseguiu encher os olhos de ninguém. No fundo foi apenas uma premiação de rotina e nada mais. Parabéns aos vencedores e até ano que vem!

Oscar 2013 – Os vencedores da noite:
Filme: "Argo"
Direção: Ang Lee, por "As Aventuras de Pi"
Ator: Daniel Day-Lewis, "Lincoln"
Atriz: Jennifer Lawrence, "O Lado Bom da Vida"
Ator coadjuvante: Christoph Waltz, "Django Livre"
Atriz coadjuvante: Anne Hathaway, "Os Miseráveis"
Roteiro original:  "Django Livre"
Roteiro adaptado: "Argo"
Animação: "Valente"
Filme estrangeiro: "Amor" (Áustria)
Trilha sonora: "As Aventuras de Pi"
Canção original: "Skyfall", de Adele, "007 - Operação Skyfall"
Fotografia: "As Aventuras de Pi"
Figurino: "Anna Karenina"
Documentário:  "Searching for Sugar Man"
Curta de documentário: "Inocente"
Edição: "Argo"
Maquiagem: "Os Miseráveis"
Direção de arte: "Lincoln"
Curta de animação: "Paperman"
Curta-metragem: "Curfew"
Edição de som: empate entre "A Hora Mais Escura" e "007 - Operação Skyfall"
Mixagem de som: "Os Miseráveis"
Efeitos visuais: "As Aventuras de Pi"

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Batman: O Cavaleiro das Trevas - Parte 2

Sempre que posso estou recomendando essas animações da DC Comics que estão sendo lançadas nos Estados Unidos no mercado de venda direta ao consumidor. São todas produções extremamente bem realizadas, com ótimos roteiros e tecnicamente perfeitas. Sobre esse “Batman: The Dark Knight Returns” já tive a oportunidade de tecer comentários aqui em nosso blog na ocasião do lançamento do primeiro DVD. Agora chega sua conclusão, a parte 2, e para alegria dos fãs de Batman tudo continua no mesmo nível, ou seja, tudo continua excelente. Aliás o enredo dessa segunda parte consegue ser até mesmo mais interessante e marcante do que o primeiro, uma vez que dois personagens ícones da DC surgem na trama: o Coringa e o Superman. O maior vilão do universo de Batman tenta convencer a todos que está finalmente reabilitado e pronto para voltar para a sociedade. Ao lado de seu psiquiatra (que vê nele um modelo de cura) o Coringa aceita participar de um programa de entrevistas popular na TV. Obviamente que tudo terminará numa grande tragédia até porque seu lado psicótico e insano logo volta a se manifestar com mais intensidade do que nunca.

Já o Superman vem como um super-herói do sistema, um joguete do governo americano que não hesita em utilizar seus poderes em prol de seus interesses imperialistas. Logo no começo da trama vemos o homem de aço completamente envolvido em uma guerra de colonialismo em um país perdido no meio do nada. É obviamente uma crítica – e muito bem feita – ao jogo político que os Estados Unidos patrocinam mundo afora. Outro fato curioso é que o Presidente surge como a figura de Ronald Reagan que era o líder da nação na época do lançamento da Graphic Novel original. Presidente de linha ultra-direita, intervencionista e republicano, o político acabou virando uma caricatura nada lisonjeira nas mãos de Frank Miller. E o Batman? Bom, ele é um sujeito envelhecido, doente e recluso que vê, deprimido, sua cidade virar um caos completo, dominada por crimes e convulsões sociais de todos os tipos. Para piorar a antiga gangue dos Mutantes o venera e o segue com fervor por causa de seu ideal de se fazer justiça pelas próprias mãos. Após resolver retornar às ruas para capturar novamente o Coringa, Batman se vê envolvido em um luta mortal com seu antigo colega Superman. Ambos estão em lados opostos e certamente vão se enfrentar para defender aquilo que acreditam ser o certo no meio daquele caos reinante. As cenas de luta entre os dois super-heróis acabam se tornando a melhor coisa da animação que é toda muito boa – realmente diferenciada e obrigatória para os fãs desse universo. Assim “Batman: The Dark Knight Returns, Part 2” está mais do que recomendado, não deixe de assistir.   

Batman: O Cavaleiro das Trevas - Parte 2 (Batman: The Dark Knight Returns, Part 2, EUA, 2013) Direção: Jay Oliva / Roteiro: Bob Goodman baseado na obra de Fank Miller / Elenco (Vozes): Peter Weller, Ariel Winter, Michael Emerson / Sinopse: Para capturar novamente seu antigo inimigo, o Coringa, um envelhecido Batman volta às ruas. Sua presença porém passa a incomodar as autoridades americanas que pedem ajuda ao Superman, o único que poderá encarcerar definitivamente o Homem Morcego.

Pablo Aluísio.

Ação Violenta

Steven Seagal está de volta – ou quase isso! Esse “Ação Violenta” acaba de chegar nas locadoras brasileiras mas na realidade não se trata de um novo filme do ator. Trata-se sim da junção de dois episódios da nova série estrelada por Seagal chamada “True Justice”. Assim como aconteceu com seu colega de filmes de ação, Chuck Norris, Seagal encontrou um novo espaço na TV após sua carreira no cinema chegar em um impasse. “True Justice” é a segunda incursão do ator em séries, a primeira foi “Steven Seagal: Lawman” que chegou a ter uma certa repercussão. Ambas são bem parecidas, com o ator interpretando policiais durões em cidades infestadas por criminosos. A ação de “True Justice” se passa na sempre chuvosa Seattle. É lá que um grupo de bandidos encurralam um carregamento da máfia mexicana e roubam toda a carga – alguns milhões de dólares. Esse roubo acaba desencadeando uma série de retaliações por diversas organizações criminosas e apenas Elijah Kane (Seagal) pode conter a violência.

A série e o personagem Elijah foram criados pelo próprio Seagal que apostou em um seriado policial que não se limitasse apenas ao velho esquema bandidos versus tiras. O papel de Seagal é bem representativo disso pois ele é também um ex-agente da CIA e por isso todas as tramas começam de certa forma banais para depois se desenrolarem em organizações criminosas maiores envolvendo lavagem de dinheiro internacional, tráfico de drogas e terrorismo. Essa fórmula é repetida aqui nesses dois episódios. Steven Seagal continua o mesmo. Agora mais velho e um pouco fora de forma (que esconde usando um figurino escuro) o ator certamente vai agradar aos fãs de seu estilo “poucas palavras e muitas porradas”. São várias as seqüências de lutas marciais, tiroteios e ação. Ele já não tem a velha velocidade e habilidade dos anos de juventude mas até que não faz feio nas lutas de que participa. A boa notícia é que a série é bem produzida, dentro dos padrões das séries americanas e não chega a aborrecer. Acompanhando Seagal há toda uma equipe de tiras treinados por ele mas nem se preocupe muito com esses personagens pois nenhum deles chega a ser devidamente desenvolvido. No final das contas o que vale mesmo para os fãs do ator é realmente matar as saudades de seu velho ídolo.

Ação Violenta (True Justice, Estados Unidos, 2012) Direção: Lauro Chartrand / Roteiro: Richard Beattie, Keoni Waxman / Elenco: Steven Seagal, Priscilla Faia, Adrian Holmes, Jesse Hutch, Nelson Leis, Lochlyn Munro, Zak Santiago, Darren Shahlavi, Bradley Stryker / Sinopse: Após um roubo de dinheiro da máfia mexicana, um policial de um grupo de elite da polícia de Seattle tenta desvendar o que há por trás do crime. Não tarda para que uma grande conspiração surja envolvendo lavagem de dinheiro e tráfico de drogas internacional.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sempre ao Seu Lado

Richard Gere foi por décadas um grande astro, chamariz de bilheteria. Uma estrela realmente. Infelizmente a profissão de ator não é muito diferente das demais, a idade chega e o mercado muda. Assim o antigo status também se vai. Um exemplo é esse “Sempre ao Seu Lado”. Não que o filme seja ruim, muito longe disso, mas sim que é uma produção modesta, simples, algo que seria impensável para Gere estrelar em seus dias de glória e sucesso. Nos Estados Unidos o filme foi direto para o mercado de vídeo e não ganhou espaço nos cinemas o que é uma pena pois a película tem seus méritos. Uma velha máxima em Hollywood afirma que um ator inteligente nunca deve fazer um filme com crianças ou cães porque invariavelmente eles acabam roubando o show. É verdade. Um exemplo perfeito temos aqui. A estória narra a singela amizade que nasce entre um professor de música e um cão sem dono que ele encontra na rua. Os dois simpatizam e como acontece há milênios na história da humanidade, o cão e seu dono se tornam os melhores amigos. Infelizmente após vários anos juntos o professor vem a falecer, o que não impede o cão de ir todos os dias à estação de trem para esperar por ele – ano após ano, sob chuva, sob neve ou embaixo de sol forte. É a materialização da chamada fidelidade canina.

É óbvio que as pessoas que gostam de cachorros vão gostar muito mais da produção. Realmente o roteiro é muito tocante, ainda mais quando sabemos que foi baseado em uma história real ocorrida no outro lado do planeta, no Japão. Lá a história ganhou os jornais e ficou conhecida de norte a sul do país. O cão Hachiko verdadeiro ganhou inclusive uma estatua na estação onde ficou por anos a fio esperando por seu querido dono. Depois virou um filme muito sensível chamado de “Hachiko Monogataria” (A  história de Hachiko) que foi dirigido pelo talentoso Seijiro Koyama. Assim “Sempre ao Seu Lado” nada mais é do que um remake americano onde a ação sai de uma pequena cidade japonesa para uma comunidade no interior dos EUA. O professor original era um senhor de idade avançada que ia até a estação para pegar um trem até a cidade mais próxima onde ensinava música a jovens talentos. No filme americano a profissão de professor do personagem principal foi mantida mas o roteiro foi modificado para encaixar Richard Gere no papel, surgindo assim um músico bem mais jovem (o professor real tinha 80 anos quando veio a falecer). Apesar das modificações e do fato de ser um remake, “Sempre ao Seu Lado” não deixa de ser um belo filme. Vai tocar especialmente os que já tiveram um grande amigo canino que partiu e funciona muito bem para contar essa bela história de amizade e dedicação entre um homem e seu animal de estimação. Ah e não se esqueça dos lencinhos pois algumas lágrimas serão inevitáveis.

Sempre ao Seu Lado (Hachiko: a Dog´s Story, Estados Unidos, 2009) Direção de Lasse Hallstrom / Roteiro: Stephen P. Lindsey baseado no texto de Kaneto Shindô do filme original "Hachiko Monogatari"  / Elenco: Richard  Gere, Joan Allen, Jason Alexander, Cary Hirouki Tagawa, Sarah Roemer, Erick Avari / Sinopse: O filme narra a emocionante história de amizade entre um homem e seu cão Hachiko.

Pablo Aluísio. 

Amelia

Nos primórdios da aviação muitos heróis foram formados, geralmente quando conseguiam realizar grandes feitos, como ir da Europa aos Estados Unidos atravessando o Oceano Atlântico ou então quando conseguiam dar a volta ao mundo. É o caso de Amelia Earthart (1897- 1937) que se tornou notória ao tentar ser a primeira mulher a dar a volta ao mundo em seu pequeno avião. Em uma época em que as mulheres lutavam pelos direitos mais básicos de igualdade, Amelia conseguia se sobressair ao tentar provar com seus feitos que não havia grandes diferenças entre homens e mulheres no final das contas. Sua celebridade foi tão marcante nas décadas de 1920 e 1930 que chegou inclusive a ser tema de um filme clássico, sendo interpretada nas telas por outro mito, Katherine Hepburn. Eram tempos mais românticos e a aviadora despertava admiração por ser destemida e aventureira, não recuando nem diante dos maiores desafios. Infelizmente quem se propõe a viver uma vida de aventuras como Amelia também se propõe a viver eternamente em riscos. A tragédia pode estar inclusive na próxima curva. É justamente a vida dessa mulher muito especial que esse “Amelia” se propõe a contar. Embora esteja um tanto esquecida (o que é de certa forma natural por causa do longo tempo em que morreu) a heroína despertou o interesse da Fox que já andava atrás de um bom roteiro de aventuras há algum tempo. O fato de sua história ser conhecida talvez atrapalhasse um pouco mas os executivos entenderam que fazia tanto tempo que ela havia morrido que as novas gerações provavelmente nem sequer a conheciam de fato. Infelizmente é verdade. Tão esquecida que inclusive não despertou o interesse do público.

O filme tinha pretensões de ser ao menos indicado ao Oscar mas sua má repercussão de público e crítica atrapalhou os planos da Fox. E o que há de errado com o filme? A direção de Mira Nair perdeu o foco. Ao invés de se concentrar nos feitos mais heróicos e aventureiros da vida da aviadora (o que era de se esperar) a diretora preferiu mostrar muito mais seu relacionamento com o marido (Richard Gere, em papel coadjuvante de luxo). O que era um filme de aventuras virou um romance açucarado demais. Some-se a isso o fato da atriz Hilary Swank não estar bem no papel. Vacilante, não consegue convencer ao espectador que é uma mulher á frente de seu tempo (no máximo ela passa a impressão de que é uma criadora de casos, uma encrenqueira). Tecnicamente não há o que se criticar – o filme é muito bem realizado, com efeitos digitais que se encaixam perfeitamente na proposta da história. O problema é que infelizmente o tempo é o senhor de tudo e Amelia Eckhart e seus feitos parecem datados demais para os dias altamente tecnológicos em que vivemos. Mesmo com esses problemas pontuais recomendo Amelia, não só em respeito a essa mulher que perdeu sua vida por uma boa causa como também pelo fato de ser um filme de memória, que visa resgatar sua figura, a tirando da obscuridade das páginas amareladas do tempo.

Amelia (Amelia, Estados Unidos, 2009) Direção: Mira Nair / Roteiro: Ronald Bass,  Anna Hamilton Phelan baseados nos livros "East To The Dawn: The Life of Amelia Earhart" de Susan Butler e "The Sound of Wings: The Life of Amelia Earhart" de Mary S. Lovell / Elenco: Hilary Swank, Ewan McGregor, Richard Gere, Christopher Eccleston, Joe Anderson, Cherry Jones, Mia Wasiwoska / Sinopse: O filme narra a história de Amelia Earhart, aviadora pioneira que tinha um sonho: ser a primeira mulher a dar a volta ao mundo em um avião.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Rocky, Um Lutador

Sylvester Stallone era apenas um jovem aspirante a ator, desempregado e em sérias dificuldades financeiras quando criou seu mais célebre personagem, o boxeador Rocky Balboa. Na época Sly estava casado, com filho pequeno em casa, mas sem nenhuma perspectiva de crescer na carreira e na profissão. Muitos estúdios tinham simplesmente batido a porta em sua cara, afirmando que ele definitivamente não tinha boa aparência e nem vocação para ser um astro de primeira linha. Foi nessa fase difícil de sua vida que casualmente Stallone viu um fato que lhe trouxe inspiração imediata. Naquele mês Nova Iorque não comentava outra coisa: no fim de semana haveria uma luta entre o campeão mundial de pesos pesados e um boxeador de segunda linha, completamente desconhecido e sem expressão. Na vida real o campeão colocou o novato a nocaute logo nos primeiros minutos de luta, mas Stallone pensou diferente. Que tal escrever um roteiro onde o pequeno lutador saísse consagrado ao derrotar o arrogante e vaidoso campeão do mundo? Nasceu assim Rocky Balboa. Foi certamente uma idéia genial. Não é surpresa para ninguém que Stallone tenha levado ao seu texto vários aspectos de sua própria vida pessoal. As humilhações, as negativas, as piadinhas debochando de seu velho sonho de se tornar um ator de sucesso, tudo está lá na estória de seu personagem mais famoso. Misturando fatos reais com ficção Stallone realmente criou um personagem muito humano, cuja estória tocava fundo na vida de muitas pessoas. Era um grande script e certamente alguém se interessaria em produzi-lo.

De fato muitos mostraram interesse. Os estúdios viram ali uma excelente estória mas queriam realizar o filme com um astro famoso e não com Stallone no papel principal, afinal ele era naquele momento um perfeito Zé Ninguém. Passando necessidades financeiras o ator teve que ter muita personalidade para bater de frente com os estúdios. Ou ele faria Rocky Balboa ou ninguém mais teria os direitos de filmagem daquele roteiro. Após uma verdadeira queda de braço, Stallone conseguiu vencer e foi escalado para interpretar o próprio personagem que criara. Foi a virada definitiva de sua carreira artística. Assim que chegou aos cinemas o filme estourou nas bilheterias. A estória muito tocante da vida de um boxeador desconhecido que conseguia vencer o grande campeão mundial de pesos pesados caiu no gosto de público e crítica. A própria vida de Stallone, aquele ator que ninguém conhecia, também serviu para abrilhantar ainda mais a promoção do filme. Todos queriam saber a história de sua vida pessoal. De certa forma o filme era também a história de sua vida, adaptada para o mundo dos esportes com um personagem de ficção. “Rocky, Um Lutador” se tornou um campeão de bilheteria em seu ano de lançamento e aclamado pela crítica conseguiu abocanhar os principais Oscars da Academia. Venceu nas categorias Melhor Filme, Melhor Diretor (John G. Avidsen) e Melhor Edição. O próprio Sylvester Stallone foi indicado ao Oscar de Melhor Ator mas não venceu (foi sua única indicação na carreira). No saldo final “Rocky,  um Lutador” se tornou aquele tipo de filme onde fatos reais e ficção se misturam maravilhosamente bem, tudo resultando em um filme inesquecível na história do cinema.

Rocky, Um Lutador (Rocky, Estados Unidos, 1976) Direção: John G. Avildsen / Roteiro: Sylvester Stallone / Elenco: Sylvester Stallone, Talia Shire, Burt Young, Carl Weathers, Burgess Meredith, Thayer David, Joe Spinelli, Jimmy Gambina / Sinopse: Rocky Balboa (Sylvester Stallone) é um boxeador desconhecido que ganha a grande chance de sua vida ao enfrentar o campeão mundial de pesos pesados, Apollo Creed (Carl Weathers).

Pablo Aluísio.

A Fúria de Simuroc

Um grupo de jovens decide fazer turismo no interior da Irlanda durante as férias escolares. Após alugarem um veículo adequado para esse tipo de jornada colocam o pé na estrada. Tudo corre muito bem, com brincadeiras e paqueras, até que decidem parar para abastecer em um posto no meio do nada. Lá encontram alguns tipos esquisitos, moradores locais completamente estranhos, que os avisam que é perigoso transitar sozinhos por aquela região. Após se desentenderem com alguns caipiras no local eles tentam sair rapidamente do posto mas na pressa atropelam uma velha cigana que em seus últimos momentos de vida os amaldiçoam com a “fúria de Simuroc” – algo que inicialmente não entendem mas que depois vão compreender perfeitamente quando passam a ser caçados e atacados por uma ave de rapina monstruosa e gigante que não parece desistir do objetivo de devorar  cada um dos jovens turistas.

Bom, pela sinopse já deu para perceber do que se trata esse filme. Aliás você sabe o que Criptozoologia? O nome é complicado mas a definição é simples, pois se trata do estudo de seres mitológicos, folclóricos e místicos. O tal monstro alado desse filme se enquadra bem nisso. Nada contra filmes de monstros e tudo mais. O problema é quando eles não se tornam divertidos e nem assustadores. É o caso desse “A Fúria de Simuroc”. No começo você até fica interessado em saber quando o tal bicho vai começar a atacar e tudo mais. Infelizmente as expectativas vão logo para o ralo. O tal Simuroc é um monstrengo digital muito desengonçado e desarticulado que mais causa risos do que medo. Além de mal feito o filme faz mal uso dele. Seus ataques são em plena luz do dia, sem clima de terror nenhum e completamente risíveis.  O roteiro é puro clichê com todos aqueles jovens sendo mortos um a um sem qualquer traço de criatividade em suas mortes. O elenco é todo desconhecido do grande público com exceção de Stephen Rea que deve estar passando por alguma dificuldade financeira para aceitar trabalhar numa coisa dessas. A produção é do canal Syfy que tem realizado cada coisa ruim que vou te contar. Enfim, se ainda não viu não perca seu tempo com isso. Melhor rever “Os Pássaros” do velho e bom Hitchcock, aquele sim era um filme de verdade.

A Fúria de Simuroc (Roadkill, Estados Unidos, Irlanda, 2011) Direção: Johannes Roberts / Roteiro: Rick Suvalle / Elenco: Stephen Rea, Oliver James, Eliza Bennett  / Sinopse: Grupo de jovens começam a ser atacados por um monstro alado durante uma viagem de turismo pela interior da Irlanda.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Rasputin

Grigori Yefimovich Rasputin (1869 – 1916) foi uma das figuras mais marcantes da Rússia czarista. De origem camponesa caiu nas graças da nobreza ao se tornar próximo da família Romanov. Acontece que o filho herdeiro do Czar Nicolau II sofria de hemofilia, o que colocava em risco o futuro da dinastia. O menor ferimento poderia levar o garoto à morte. Além disso sofria enormes dores que deixavam sua mãe, Alexandra, em completo desespero. Foi nesse momento de agonia e aflição que Rasputin surge no palácio imperial. Dono de uma imagem marcante (barbas longas, roupa de monge religioso e olhar vidrado) ele acabou impressionando Alexandra que, sem saber o que fazer, deixou Rasputin fazer uma oração aos pés da cama do pequeno Alexei. De um jeito ou outro o fato foi que o garoto realmente se recuperou da crise pela qual passava. Alexandra era uma mulher mística que acreditava em poderes sobrenaturais e esotéricos. Logo avisou a Nicolau que não deixasse mais Rasputin ir muito longe pois o jovem herdeiro Alexei precisava de sua presença para superar seus problemas de saúde. Após ganhar a confiança da família Romanov, o estranho Rasputin passou a ser cortejado por diversos nobres ansiosos para gozarem de favores da monarquia. Não tardou para o antes anônimo e sinistro religioso da Sibéria começasse a desfrutar de um prestigio e influência sem precedentes na corte do Czar.

Entendendo completamente sua nova posição o “religioso” Rasputin começou a abusar de sua posição dentro da nobreza. Participava de orgias, festas mundanas e todo tipo de extravagância. No fundo muito provavelmente não passava de um charlatão mas sabia muito bem vender sua imagem messiânica para aquela nobreza decadente e obtusa. Obviamente começou também a colecionar muitos inimigos, reais e imaginários, até que nas vésperas da revolução comunista Russa sofreu um atentado a tiros, punhaladas e facadas. Era um homem tão robusto e forte que mesmo assim não conseguiu ser morto. Foi preciso que seus assassinos o jogassem em um rio congelado para que finalmente morresse afogado e de hipotermia. Como se pode se perceber a história de Rasputin tem todos os elementos para gerar um grande filme. Há intrigas palacianas, escândalos envolvendo a alta nobreza e fanatismo religioso, tudo em doses fartas. Esse filme “Rasputin” conta tudo isso mas infelizmente passou bem despercebido em seu lançamento (no Brasil o filme foi direto para o mercado de vídeo e não passou nos cinemas). É uma pena porque embora não seja em nenhum momento brilhante é uma produção muito eficiente e competente em contar a história do monge louco da Sibéria. Alan Rickman foi bem escolhido para viver Rasputin. Ele naturalmente já tem aquele tipo de olhar doentio e fanatizado que marcou tanto o personagem histórico. Além disso consegue ser plenamente convincente em sua atuação. O único problema é que o verdadeiro Rasputin era um gigante com quase dois metros de altura e Rickman tem um porte bem mais franzino. Não faz mal. Não deixarei de recomendar o filme por causa desses detalhes. Fica então a dica, “Rasputin”, a história que a dinastia Romanov gostaria que não fosse contada. 

Rasputin (Rasputin, Estados Unidos, 1996) Direção: Uli Edel / Roteiro: Peter Pruce / Elenco: Alan Rickman, Greta Scacchi, Ian McKellen / Sinopse: O filme narra a história do monge místico Rasputin (Alan Rickman) que na Rússia Czarista ganhou a confiança da família Romanov após amenizar o sofrimento do pequeno Alexei, herdeiro do trono.

Pablo Aluísio.

A Hospedeira

Atenção fãs da saga “Crepúsculo” chega agora aos cinemas mais um filme baseado na obra da escritora Stephenie Meyer. Saem os vampiros adolescentes e entra em cena um mundo futurista, nada animador para a humanidade em geral. A terra está sob o domínio de uma raça de alienígenas parasitas, que dominam os seres humanos de corpo e mente. Nesse ambiente hostil Melanie (Saoirse Ronan) e Jared (Max Irons) vivem uma história de amor improvável que logo entra em choque com os interesses dos ETs invasores. O casal faz parte de um movimento de resistência que combate os seres provenientes de outro planeta. Tudo começa a mudar quando Melanie é capturada por Peregrina (Diane Kruger), que pretende usar as lembranças de sua prisioneira para localizar os demais rebeldes mas o tiro acaba saindo pela culatra pois ela própria acaba se apaixonando por Jared também!

Bom, pela sinopse já deu para perceber que lógica não é o forte desse novo filme baseado em livro de Stephenie Meyer. Na verdade todo o mundo futurista, todos os problemas provenientes da invasão alienígena na Terra, todo esse contexto é mera desculpa para Meyer desfilar mais uma estória de amor que lembra bastante o romance que imperou em “Crepúsculo”. Aqui a adaptação se mostra mais complicada porque verdade seja dita, nem tudo que funciona na literatura se sai bem na tela de cinema. O enredo se desenvolve aos trancos e barrancos, com um contexto confuso, muitas vezes sem sentido nenhum, que acaba cansando o espectador na sua vã tentativa de entender tudo que se passa naquele universo. O roteiro também não explica praticamente coisa nenhuma – de onde veio os alienígenas, como foi a conquista do nosso planeta, o que de fato aconteceu – nada é explicado! Tudo é meio que jogado para o espectador e ele fica no dilema se compra ou não a estranha idéia. Na verdade pouca coisa é original, com idéias copiadas de vários e vários outros filmes do passado, entre eles “Invasores de Corpos”, “Vampiros de Almas”, “Eles Vivem” e produções semelhantes. Mas esqueça tudo isso, “A Hospedeira” nem é uma ficção de verdade, está mais para romance adolescente (como sempre em se tratando de Stephenie Meyer). Se faz seu estilo assista, caso contrário é melhor deixar pra lá.

A Hospedeira (The Host, Estados Unidos, 2013) Direção: Andrew Niccol / Roteiro: Andrew Niccol baseado na obra de Stephenie Meyer / Elenco: Diane Kruger, Saoirse Ronan, Frances Fisher, Max Irons, Jake Abel, William Hurt / Sinopse: Em um mundo dominado por uma estranha raça alienígena parasita um casal de namorados ousa viver uma grande estória de amor.

Pablo Aluísio.

King Kong

O personagem King Kong é um dos mais famosos da história do cinema. Surgiu pela primeira vez nas telas na década de 1930 em um filme dos estúdios RKO. Na sociedade americana imperava a grande depressão e o filme investia em um mundo de realismo fantástico, com muita aventura e ação, pautada por efeitos especiais de encher os olhos. Era a forma de trazer um alívio para aqueles anos de muito desemprego e falta de esperanças. A fórmula se tornou certeira e o gorilão caiu imediatamente no gosto do grande público que encheu as salas de cinemas. Muitas décadas depois King Kong voltaria às telas, com nova roupagem e efeitos especiais. Era a década de 70, quando os filmes de ficção e fantasia estavam em alta. Era um bom filme mas não escapou das criticas por causa da tentativa de modernizar demais a estória. Peter Jackson era apenas um jovem quando assistiu a esse segundo King Kong nas telas e por muitos anos cultivou o sonho de um dia dirigir algo realmente definitivo sobre o monstro. A chance finalmente lhe caiu nas mãos após o imenso sucesso de bilheteria da trilogia “O Senhor dos Anéis”.  Com carta branca e orçamento literalmente monstruoso (mais de 200 milhões de dólares), Jackson finalmente começou a tornar realidade seu velho sonho de trazer o rei Kong de volta à sua merecida grandiosidade.

O resultado final mostra um filme muito bom mas que não consegue ser excelente por causa de alguns equívocos do roteiro. É certo que há muitas coisas boas no texto como, por exemplo, trazer a estória do filme de volta à década de 30 (na mesma época em que o King Kong original foi lançado). Outro ponto positivo foi resguardar a aparição de Kong o máximo possível criando assim uma expectativa no público.  O problema porém surge logo após King Kong surgir em cena. A overdose de efeitos digitais (principalmente nas cenas em que o gorila entra em uma briga épica contra dinossauros) acaba desviando o foco principal do que é o mais importante nesse filme, a relação de amizade entre o enorme monstro e a delicada e bela heroína que acaba ganhando a afeição do gigante. Peter Jackson parece vacilar na direção, se garantindo numa série de cenas com muitos efeitos digitais que podem impressionar o público mais jovem mas que acabam soando desnecessários e gratuitos para os cinéfilos com mais bagagem. O saldo final é bom, não há como negar, mas perdeu-se a chance de realmente produzir a obra definitiva com King Kong. Claro que nada poderá superar o charme e o carisma do primeiro filme, o original. Poderiam ter realizado algo mais equilibrado e focado nas principais características da estória original mas isso infelizmente não ocorreu aqui nesse remake.

King Kong (King Kong, Estados Unidos, 2005) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Peter Jackson, Fran Walsh, Philippa Boyens / Elenco: Naomi Watts, Jack Black, Adrien Brody, Thomas Kretschmann, Colin Hanks, Andy Serkis, Evan Parke, Jamie Bell, Lobo Chan, John Sumner, Craig Hall, Kyle Chandler, William Johnson / Sinopse: O diretor Carl Dehnam (Jack Black) lidera uma expedição até uma ilha remota perdida no meio do oceano para verificar se uma antiga lenda sobre um gorila gigante realmente tem algum fundo de verdade. Chegando lá ele finalmente consegue ver o monstro mitológico. Não satisfeito resolve capturar King Kong para levá-lo até os EUA onde pretende explorar comercialmente o animal, uma decisão de que ele se arrependerá amargamente depois.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Saga Crepúsculo – Amanhecer Parte 2

Esse é o filme que encerra a Saga Crepúsculo. Bella (Kristen Stewart) e Edward (Robert Pattinson) estão casados, felizes e tem uma filha, fruto desse relacionamento entre uma humana e um vampiro. Tudo caminha maravilhosamente bem até que a notícia da existência de uma criança imortal chega aos ouvidos do líder do clã Volturi.  Uma das leis do universo dos vampiros proíbe a existência de crianças imortais (isso já havia aparecido no argumento de outro filme famoso, “Entrevista com o Vampiro”). Assim apenas adultos podem se tornar vampiros. Isso coloca ambos os clãs em um conflito que poderá se revelar bastante sangrento e mortífero. Bella e Edward lutarão até a morte, se preciso for, para proteger o fruto de seu amor. Como sempre acontece nessa franquia, a chegada do último filme da saga Crepúsculo aos cinemas despertou a ira dos críticos, caindo sobre o filme mais um avalanche de criticas negativas onde nada parecia prestar nessa produção. E como sempre também o público ignorou completamente essas opiniões e lotou as salas transformando esse último filme em mais um enorme sucesso de bilheteria. Juntando todos os filmes a saga já rendeu folgadamente mais de um bilhão de dólares! É dinheiro que não acaba mais, vamos convir. Eu sempre vi Crepúsculo como um produto essencialmente romântico, escrito e produzido para um segmento especifico do público, o mercado adolescente. Assim não há muito sentido em criticar o filme ou o livro que lhe deu origem afirmando que é sem conteúdo. Crepúsculo não é Shakespeare.

Também acho fora de propósito as criticas que afirmam que a autora Stephenie Meyer seria uma reacionária conservadora por colocar seus personagens em situações, digamos, “fora de moda” (como a passagem em que Bella e Edward deixam claro que só farão sexo após o casamento). Eu definitivamente não vejo algo assim como um aspecto negativo de Crepúsculo, penso justamente o contrário. Que bom que a autora tenha passado esse tipo de mensagem para as adolescentes que formam seu público. O mundo já está cheio de adolescentes grávidas por aí. Tomara que as fãs de Crepúsculo sigam o exemplo de Bella e só façam sexo mesmo após o casamento. A gravidez na adolescência é uma tragédia social, tanto para a sociedade quanto para a adolescente que se prejudica na sua própria vida (isso quando não é abandonada pelo companheiro). Sou da opinião de que essa ideologia liberal de comportamento fracassou. O que vemos por aí hoje em dia é a cultura da droga e do sexo livre, levando os jovens para o bueiro bem cedo em suas vidas. Então um livro de teor conservador nesse aspecto é até bem-vindo hoje em dia. Se o pensamento liberal (tão em voga pela geração hippie) jogou a sociedade nesse mundo de drogas e problemas que vivemos hoje em dia, então que se abrace mesmo uma visão mais conservadora, tradicional. Em termos cinematográficos o filme não traz nada de novo. O elenco é fraco, não há como negar, e a produção (dessa vez bem mais caprichada e rica) não chega a impressionar (os lobisomens, por exemplo, são digitais demais). De bom mesmo fica o carinho das fãs em relação a esses filmes (não há nada de errado nisso) e sua mensagem equilibrada (para alguns conservadora) que passa uma forma mais correta de levar a vida, principalmente para as jovens que estão começando agora na vida sentimental e sexual. É por aí mesmo, sejam românticas sim, conservadoras e tenham bastante respeito próprio por seus sentimentos e sua vida sexual. A sociedade como um todo agradece.

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2 (The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2, Estados Unidos, 2012) Direção: Bill Condon / Roteiro: Melissa Rosenberg baseada na obra de Stephenie Meyer / Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner / Sinopse: Bella e Edward lutam para proteger sua pequena filha cuja existência viola as leis que são impostas no universo dos vampiros.

Pablo Aluísio.

Bugsy

Benjamin "Bugsy" Siegel (1906 - 1947) foi um gangster norte-americano diferente. Apesar de seu apelido asqueroso (“inseto”) que aliás odiava, Bugsy adorava roupas finas, de grife, passava muito gel no cabelo e acima de tudo amava cultivar aquela típica pose de ricaço (embora não fosse). Circulando no meio da indústria cinematográfica se tornou amigo de diretores, atores e produtores. Seu sonho era se tornar um astro em Hollywood mas seu passado sujo o impedia de seguir adiante. Bugsy era membro importante da família mafiosa controlada por Meyer Lansky, um chefão especializado em roubos de veículos e jogos ilegais. Ao lado de outro famoso gangster da época, Lucky Luciano, Bugsy foi o responsável pela morte de um poderoso chefão, “Big Boss” Masseria, durante uma guerra entre quadrilhas rivais de Nova Iorque. Pressionado por outras famílias mafiosas resolveu dar um tempo e decidiu ir para o outro lado do país onde, bem no meio do deserto, teve uma idéia brilhante. Aproveitando-se das leis do estado de Nevada que permitiam a prática de jogos de azar, Bugsy imaginou a construção de um grande cassino na pequenina cidade de Las Vegas, um lugar perdido no meio do deserto sem atrativo nenhum. Convencendo Lansky e outros chefões que o investimento naquele lugar seria extremamente lucrativo ele começou a construção do primeiro cassino da cidade, o Flamingo! De fato, tudo o que se vê hoje em Las Vegas, um dos maiores centros de diversão do mundo, nasceu da idéia desse gangster muito imaginativo e empreendedor que sonhou realmente muito alto.

Infelizmente ser o primeiro hotel cassino naquele deserto hostil não era uma tarefa das mais fáceis. Como era algo novo, que ainda precisava ser divulgado adequadamente, o Flamingo em seus primeiros meses não se tornou tão lucrativo quanto seus parceiros mafiosos da costa leste pensavam. E como não atender as expectativas desses criminosos não era definitivamente uma boa idéia, Bugsy acabou pagando caro por sua ousadia. Foi justamente essa história incrível que o diretor Barry Levinson e o ator Warren Beatty conseguiram levar para as telas em 1991. “Bugsy” era um velho sonho de Beatty que achava ter ali um excelente material para a realização de um filme ao velho estilo, como aqueles da década de 1940, cheio de gangsters em roupas finas e mulheres fatais. Produção elegante, com ótima reconstituição histórica, “Bugsy” se destacou por ter o velho charme dos antigos filmes da década de ouro do cinema (cuja época era justamente a retratada no filme). Solteirão convicto há décadas o filme também foi bastante marcante na vida pessoal de Beatty pois foi justamente durante suas filmagens que acabou se apaixonando pela atriz Annette Bening que finalmente levaria ao altar o ator, considerado um dos maiores conquistadores de Hollywood (sua lista de namoradas famosas era mais do que extensa). A crítica gostou bastante do filme, levando “Bugsy” a ser nomeado a oito indicações ao Oscar e a sete do Globo de Ouro. Acabou vencendo apenas duas (todas técnicas, Oscars direção de arte e figurino) perdendo o grande prêmio de melhor filme para “O Silêncio dos Inocentes”. De qualquer modo “Bugsy” é, ainda hoje, um excelente exemplo de cinema refinado e de bom gosto. Se ainda não viu, não deixe de assistir.

Bugsy (Bugsy, Estados Unidos, 1991) Direção: Barry Levinson / Roteiro: James Toback baseado no livro de Dean Jennings / Elenco: Warren Beatty, Annette Bening, Harvey Keitel, Ben Kingsley, Elliott Gould, Joe Mantegna / Sinopse: O filme conta a história real de "Bugsy" Siegel, gangster norte-americano que construiu com o dinheiro da máfia da costa leste o primeiro cassino hotel da história de Las Vegas.

Pablo Aluísio.

Alien, O Oitavo Passageiro

Esse foi o primeiro filme de uma longa linhagem de continuações – algumas interessantes, outras medianas e as últimas geralmente péssimas, principalmente às que foram realizadas sob a bandeira “Aliens Vs Predador”. Meros caça-níqueis. Mas não vamos perder muito tempo com isso. O importante aqui é relembrar desse primeiro filme, o original, que é sempre lembrado como uma das melhores ficções cientificas da história do cinema. “Alien O Oitavo Passageiro” conseguia unir em um mesmo filme, ficção e terror com raro brilhantismo. Não é, como alguns pensam, apenas mais uma produção de monstros, muito longe disso. O roteiro lidava muito bem com a possibilidade de um dia o homem explorar comercialmente o universo e nesse processo encontrar outras formas de vida (inclusive hostis). A nave espacial do filme não é uma nave de batalha intergaláctica que dispara raios pelo espaço! Longe disso, era um rebocador comercial, uma espaçonave pertencente a uma empresa privada de exploração de minas em outros planetas. Os sete tripulantes, em última instância, são trabalhadores, verdadeiros astronautas operários, que acabam lidando com uma situação extrema ao perceberem que não são as únicas entidades biológicas presentes naquele ambiente. Após atender um chamado de socorro em uma planeta distante um dos tripulantes acaba sendo infectado, trazendo uma entidade desconhecida para dentro de sua nave. Há um intruso, aquele que é chamado ironicamente de “o oitavo passageiro”.

O filme causou sensação em seu lançamento justamente por causa desse estilo mais realista, fora da fantasia que reinava nas produções de ficção da época (vide “Guerra nas Estrelas”). Ridley Scott literalmente transforma a nave espacial numa camisa de força, ou em um verdadeiro caixão de metal pois dentro dos limites da espaçonave se travará uma batalha pela vida e morte pela sobrevivência da entidade biológica mais forte, confirmando de certa forma as teorias Darwinistas da sobrevivência da espécie mais apta, mais resistente. Seleção natural em estado bruto. Homem vs Alien. O tom do filme é de puro pessimismo, gerando uma sensação de claustrofobia e desconforto que incomoda o espectador. Curiosamente a atriz Veronica Cartwright iria inicialmente interpretar a personagem principal, a tenente Ripley, mas Ridley Scott após algumas semanas pediu aos produtores que fosse contratada Sigourney Weaver, uma atriz de porte alto e elegante que cairia melhor no papel. A decisão como se sabe foi das mais acertadas pois esse acabou se tornando o personagem mais marcante da carreira de Weaver em toda a sua filmografia. Como a Academia sempre foi cautelosa em premiar filmes de ficção cientifica nas principais categorias restou a “Alien, o Oitavo Passageiro” o prêmio de Melhores Efeitos Visuais, ganhando ainda a indicação na categoria de Melhor Direção de Arte. Não faz mal, o filme ainda é um marco no gênero, com ou sem o reconhecimento do Oscar.

Alien, O Oitavo Passageiro (Alien, Estados Unidos, 1979) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Dan O'Bannon / Elenco: Sigourney Weaver, Tom Skerritt, Veronica Cartwright, Harry Dean Stanton, John Hurt, Ian Holm, Yaphet Kotto, Bolaji Badejo, Helen Horton / Sinopse: Tripulantes de uma nave espacial são atacados por uma estranha criatura parasita que toma posse do corpo de um dos membros da equipe. Agora, presos dentro da espaçonave, terão que enfrentar o estranho Alien. E que o mais forte sobreviva.

Pablo Aluísio.

O Procurado

Wesley Gibson (James McAvoy) é um rapaz comum, ainda procurando por um caminho na vida, que após a morte de seu pai descobre a verdadeira natureza de seus “negócios”. O assassinato de seu pai o coloca automaticamente na posição de herdeiro de seus interesses. Mas antes de assumir essa posição ele terá que passar por um exaustivo treinamento. Se for bem sucedido irá embolsar 50 milhões de dólares. Para isso contará com a ajuda da misteriosa Fox (Angelina Jolie) que é uma assassina fria e eficiente e de Sloan (Morgan Freeman), um mentor mais velho. “Procurado” tenta seguir os passos de “Mandando Bala”, um filme de ação que se tornou conhecido justamente por causa de suas sequências impossíveis (mais do que o habitual que estamos acostumados nesse gênero no cinema americano). E o que isso significa em poucas palavras? Significa que é um filme de ação sem freios, com muitos tiros, correrias e efeitos digitais (que se utilizam exaustivamente de longas cenas mostrando nos mínimos detalhes os tiros e as piruetas dadas pelos personagens centrais).

Em um produto assim não há muito o que achar em termos de roteiro e argumento. Surpresa mesmo foi encontrar o ator dramático Morgan Freeman nesse tipo de filme. Nunca foi sua especialidade participar de produtos como esse, focados em pura ação e só. Assim Freeman vira apenas um item coadjuvante de luxo, para mostrar que não se trata de uma produção B mas sim de um blockbuster com a marca registrada dos estúdios Universal. Outra surpresa foi a presença de Angelina Jolie aqui. Não que esse tipo de filme seja estranho na carreira dela mas sim porque por essa época Angelina estava procurando estrelar dramas em essência, tudo para ser mais reconhecida como atriz séria. De repente ela anunciou essa diversão escapista que em nada lembrava os demais projetos que ela andava desenvolvendo, deixando muita gente boa surpreendida. Embora na tela tenhamos esse dois famosos interpretes o filme é estrelado mesmo por James McAvoy. E justamente aí que está um dos grandes problemas de “Wanted”. Ele é muito fraco e definitivamente não funciona como herói de ação. Para falar a verdade ele sai bem melhor em filmes como “Conspiração Americana” onde há um roteiro melhor e mais desenvolvido que não fique apenas focando nele o tempo todo. Enfim é isso. “Procurado” é mais um filme de ação de rotina, daqueles que apostam em ação incessante e cenas inverossímeis ao extremo. Não consegue ser melhor do que “Mandando Bala”, por exemplo, mas pode vir a agradar, mesmo que de forma superficial, aos admiradores do gênero.

O Procurado (Wanted, Estados Unidos, 2008) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Michael Brandt, Derek Haas, Chris Morgan  / Elenco: James McAvoy, Morgan Freeman, Angelina Jolie, Terence Stamp, Thomas Kretschmann, Common, Kristen Hager, Marc Warren / Sinopse: Wesley Gibson (James McAvoy) é um rapaz comum, ainda procurando por um caminho na vida, que após a morte de seu pai descobre a verdadeira natureza de seus “negócios”. O assassinato de seu pai o coloca automaticamente na posição de herdeiro de seus interesses.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Dália Negra

Sou da opinião que esse filme tinha tudo para dar certo. Até porque mexe com a história real de um dos casos de morte mais infames da história de Hollywood. Para quem não conhece o caso da Dália Negra ficou muito conhecido na época. Esse era o nome usado por Elizabeth Short, uma aspirante à atriz em Hollywood que foi encontrada assassinada de forma brutal numa manhã de 1947, numa rua de Los Angeles. Ela tinha sido esquartejada e seus membros estavam separados. O tronco ao lado de suas pernas No rosto o toque maquiavélico do assassino: ele rasgou a boca da vítima dando-lhe uma expressão parecida com a do Coringa do famoso personagem dos quadrinhos. A opinião pública, como não era de se espantar, ficou completamente chocada e exigiu a prisão do assassino mas os anos se passaram e até hoje o homicídio se encontra em aberto no Departamento de Polícia, sem que se tenha chegado à solução do caso. Assim como aconteceu com Jack o Estripador, o caso ficou sem desfecho e o assassino jamais foi encontrado. A morte horrenda porém entrou na cultura pop e deu origem a vários livros, teorias da conspiração e documentários.

Um dos livros mais interessante sobre a morte de Elizabeth Short foi escrito pelo autor James Elroy. Foi justamente essa a base desse filme dirigido pelo mestre Brian De Palma. O simples fato dessa história terrível ser enfocada com as lentes desse diretor já era motivo para comemoração, uma vez que De Palma legou ao cinema contemporâneo alguns dos melhores filmes de suspense dos últimos anos. Infelizmente o tão talentoso cineasta de outrora parece passar por uma crise criativa. Assim as boas expectativas logo se tornaram mais uma decepção. “Dália Negra” por Brian De Palma ficou pelo meio do caminho. O filme é estilizado demais e logo se torna muito falso, apostando em um realismo fantástico que simplesmente não funciona. O roteiro também é muito confuso, misturando fatos reais com imaginação, causando no final cansaço no espectador. Analisando bem esse “Dália Negra” cheguei na conclusão que De Palma errou em tentar responder a pergunta sobre quem teria sido o assassino da atriz. Se tivesse optado por contar apenas os fatos históricos como aconteceram na realidade o resultado teria sido fantástico. Ao invés disso escolheu adotar uma das teorias que rondam essa morte, mas tudo realizado sob uma ótica sensacionalista e infeliz que joga os poucos méritos do filme no chão. O desfecho então nem se fala, completamente sem noção e obtuso. Tive a oportunidade de assistir no cinema, só para se ter uma idéia de como minhas expectativas estavam altas, mas no final tudo se transformou em um enorme desapontamento. O filme, como não poderia deixar de ser, fracassou nas bilheterias. É uma pena pois provavelmente não veremos mais, pelo menos por algum tempo, alguma produção melhor enfocando essa história, uma das mais sinistras e sombrias da história de Hollywood.

Dália Negra (The Black Dahlia, Estados Unidos, 2006) Direção: Brian De Palma / Roteiro: Josh Friedman / Elenco: Josh Hartnett, Scarlett Johansson, Hilary Swank, Aaron Eckhart, Mia Kirshner, William Finley, John Kavanagh / Sinopse: Elizabeth Short, uma aspirante à atriz em Hollywood é brutalmente assassinada em Los Angeles. Seu corpo é encontrado com sinais de tortura e sadismo incomparáveis. Agora o departamento de polícia da cidade terá que se empenhar para solucionar essa morte horrenda.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Impacto Profundo

No mesmo ano em que Armageddon chegava nas telas os estúdios Dreamworks se apressaram para lançar esse “Impacto Profundo” que tinha o mesmo argumento do filme de Michael Bay. A idéia era realizar um filme mais pé no chão, menos fantasioso e bobo. O enredo mostrava um jovem chamado Leo (interpretado por Elijah Wood, antes de seu grande sucesso “O Senhor dos Anéis”) que descobre meio por acaso a chegada de um grande meteoro vindo em direção ao planeta Terra. Ao lado de sua namorada Sarah (feita pela sumida Leelee Sobieski) ele tenta convencer o mundo acadêmico da astronomia da destruição que está por chegar. Há algumas curiosidades sobre “Impacto Profundo” que merecem ser relembradas. A primeira é trazer o ator Morgan Freeman como o presidente dos Estados Unidos. Eu me lembro que só pelo fato dele ser negro já despertou bastante controvérsia na época de lançamento do filme. Houve crítico americano dizendo que a maior ficção do filme era justamente essa, a de um negro na Casa Branca. Mal sabia ele que em poucos anos isso se tornaria uma realidade com a chegada de Obama no poder. Outra coisa que chama a atenção é que o filme, que usa poucos efeitos especiais se comparado com “Armaggedon”, se concentra muito mais nos efeitos aqui na Terra que isso causará do que propriamente na tragédia em si. É um ponto positivo.

De negativo podemos perceber que “Impacto Profundo” foi prejudicado por seu estúdio, a Dreamworks de Spielberg. Isso aconteceu porque a produção foi acelerada ao máximo para chegar nas telas antes de “Armaggedon”. A pressa nas filmagens e no processo de edição e pós produção prejudicou muito o resultado final que acabou ficando truncado, sem fluência. A diretora Leder não tinha cacife suficiente para impor sua opinião e assim o filme foi literalmente editado pelos executivos da Dreamworks que estavam mais preocupados com a bilheteria do que propriamente por méritos artísticos. Para o cinéfilo o filme vale muito a pena por caso de seu elenco, que conseguiu reunir um belo time de veteranos das telas. Um exemplo é Robert Duvall, sempre digno, interpretando um astronauta veterano que participa da missão de salvamento do nosso planeta. Outras presenças importantes são as de Maximilian Schell e Vanessa Redgrave, em papéis pequenos, é verdade, mas que ao menos servem para matar a saudade desses ícones. Some-se a isso a boa interpretação de Morgan Freeman e você terá um filme no mínimo interessante sobre o tema – o que já é uma grande coisa se compararmos com o fraco “Armaggedon”. Enfim fica a dica: “Impacto Profundo”, para entendermos bem como é frágil nossa posição dentro do universo.

Impacto Profundo (Deep Impact, Estados Unidos, 1998) Direção: Mimi Leder / Roteiro: Bruce Joel Rubin, Michael Tolkin / Elenco: Elijah Wood, Robert Duvall, Téa Leoni, Vanessa Redgrave, Morgan Freeman, Leelee Sobieski, Maximilian Schell, James Cromwell / Sinopse: A Terra se prepara da melhor forma possível para um impacto de proporções cósmicas.

Pablo Aluísio.

Armageddon

Ontem um meteoro passou raspando pela Terra e outro (sem ligação com o anterior) cruzou os céus da Rússia causando vários transtornos para a população local (com vários feridos mas, graças a Deus, sem vítimas fatais). Isso me lembrou de “Armageddon”, uma bobagem dirigida por Michael Bay. Bom, esse é aquele tipo de diretor que ninguém leva à sério, rei dos filmes chicletes ao lado de James Cameron (o mentor desse tipo de cineasta) e o terrível Roland Emmerich. Eu gosto de me referir a esse trio como a turma do algodão doce porque todos os seus filmes (sem exceções) são obras vazias, sem conteúdo nenhum, criadas para arrecadarem muita bilheteria em cinemas de shopping center e mais nada. Como um algodão doce que compramos em eventos festivos, os filmes desses diretores são bonitos de se ver, coloridos, mas não alimentam em nada. Um exemplo é justamente esse “Armageddon” de Michael Bay, que só não consegue ser pior do que Emmerich com suas bobagens em série. Claro que cientificamente “Armageddon” é uma grande besteira mas se você estiver procurando apenas por uma diversão escapista, descartável, pode até ser que lhe sirva para alguma coisa.

Na trama acompanhamos a chegada de um asteróide ao nosso planeta. Diante da certeza da colisão um diretor da NASA (Billy Bob Thornton, simplesmente ridículo como cientista) resolve elaborar um grande plano para deter a destruição que o impacto causará ao chegar na Terra. Assim ele agrupa uma série de profissionais que considera os ideais para a missão, entre eles um perfurador de poços de petróleo (Bruce Willis, pagando mico). Como todo bom blockbuster chiclete esse também tem um romance de araque para o caso de haver mulheres na platéia. O casinho aqui é entre o canastrão Ben Affleck e a gatinha Liv Tyler (na época sensação da juventude mas hoje em dia praticamente sumida do cinema). O plano é simples, interceptar o asteróide, implantar uma arma nuclear nele e explodir tudo, cessando assim o perigo para a existência da humanidade tal como a conhecemos. E como reza a cartilha da turma do algodão doce temos muitos e muitos efeitos especiais, toneladas deles, de todos os tipos, para distrair o espectador da falta de roteiro da produção. É o tipo de filme que faz sucesso mesmo em cinemas de shopping center, tudo muito sem consistência ou importância. Descartável ao extremo, assista e jogue fora. Para Michael Bay o filme deve ter sido uma catarse pois ele pode desenvolver todos os seus cacoetes que fazem em conjunto seu cinema chiclete. Já para o cinéfilo que procura por bons filmes “Armageddon” vai soar mesmo como um meteoro caindo em sua cabeça.

Armageddon (Armageddon, Estados Unidos, 1998) Direção: Michael Bay / Roteiro: J. J. Abrams, Jonathan Hensleigh, Tony Gilroy, Shane Salermo, Robert Roy Pool / Elenco: Bruce Willis, Billy Bob Thornton, Ben Affleck, Liv Tyler, Will Patton, Steve Buscemi, William Fichtner, Owen Wilson, Michael Clarke Duncan / Sinopse: Para deter um impacto de um asteróide no Planeta Terra a NASA convoca um grupo de homens para destruir a rocha no espaço antes que ela se espatife em nosso Planeta. Indicado aos Oscars de Edição de Efeitos Sonoros, Efeitos Visuais, Canção Original (I Don't Want to Miss A Thing) e Som. Vencedor do Framboesa de Ouro nas categorias de Pior Ator (Bruce Willis), Pior Direção, Pior Canção Original (I Don't Want to Miss A Thing), Pior Filme, Pior Casal em Cena, Pior Roteiro e Pior Atriz Coadjuvante (Liv Tyler).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Um Jantar Para Idiotas

É aquele tipo de comédia que você vai assistir sem expectativa nenhuma. O filme é aquela coisa toda de comédia americana mas tem algumas peculiaridades interessantes. De certa forma o personagem do Steve Carell me lembrou muito os papéis que Jerry Lewis fazia nas décadas de 1950 e 1960. São ambos idiotas (no sentido mais ameno do termo) que possuem uma certa ternura, uma inocência em relação ao mundo que os tornam cativantes e carismáticos. Entre eles o que mais se destaca é o interpretado pelo ator e comediante Zach Galifianakis (de "Se Beber Não Case"). Seu modo completamente estúpido de ser logo se torna destaque no meio daquela coleção de personagens bizarros. Ele não faz força para ser engraçado, na realidade me lembrou muito uma frase do Chaplin que dizia que o sucesso para fazer rir era parecer o mais sério e natural possível. O Zach tem muito disso, ele não faz graça de forma alarmante como um Jim Carrey, por exemplo, mas sim o extremo oposto disso, geralmente apenas surgindo em cena, o que basta para ficar engraçado.

O enredo é dos mais simplórios. Tim (Paul Rudd) é um profissional tentando vencer na vida que acaba sendo designado para organizar o chamado “Jantar Para Idiotas”, um evento onde ele deverá convidar as mais estranhas e bizarras personalidades para servirem de entretenimento e diversão para ricaços entediados. Até aí nada demais, há cenas realmente engraçadas e outras que simplesmente não funcionam. O enredo se passa quase que inteiramente no tal jantar e os humoristas vão se sucedendo na tentativa de fazer rir o espectador. A trilha sonora é excepcionalmente boa - tem até The Beatles, imagine você! - mas tirando isso (e algumas coisas que realmente me fizeram rir) o filme é apenas ok. O ator Paul Rudd, por exemplo, segue com sua sina de "ator escada" para os comediantes. Sorte dele já que sozinho provavelmente não funcionaria. O filme é isso, uma comédia bem despretensiosa, se você não esperar muito pode até quem sabe dar algumas risadas com ela. PS: Antes que me esqueça, os ratinhos são um charme!

Um Jantar Para Idiotas (Dinner for Schmucks, Estados Unidos, 2010) Direção: Jay Roach / Roteiro: Andy Borowitz, David Guion, Michael Handelman / Elenco: Steve Carell, Paul Rudd, Zach Galifianakis, Jemaine Clement, Jeff Dunham, Bruce Greenwood, Ron Livingston, Stephanie Szostak / Sinopse: Tim (Paul Rudd) é um bem sucedido empresário que acaba sendo designado para organizar o chamado “Jantar Para Idiotas”, um evento onde ele deverá convidar as mais estranhas e bizarras personalidades para servirem de entretenimento e diversão para ricaços entediados.

Pablo Aluísio.

Doce de Mãe

Título no Brasil: Doce de Mãe
Título Original: Doce de Mãe
Ano de Produção: 2012
País: Brasil
Estúdio: Globo Filmes
Direção:  Ana Luiza Azevedo, Jorge Furtado
Roteiro: Ana Luiza Azevedo, Miguel da Costa Franco
Elenco: Fernanda Montenegro, Marco Ricca, Mariana Lima, Louise Cardoso, Matheus Nachtergaele, Daniel de Oliveira 

Sinopse: Fernanda Montenegro faz o papel de dona Picucha, uma senhorinha de 85 anos que vai levando sua vida muito bem. Viúva há décadas e morando ao lado de sua empregada fiel, amiga de todas as horas, ela decide ajudar um jovem rapaz que está passando por muitos problemas em sua vida. Sua vida bucólica e pacata começa a mudar quando sua empregada decide se casar. Seus filhos acham que ela não poderá mais morar sozinha depois que a empregada se for, então começam a discutir com quem Dona Picucha deve morar a partir de então.

Comentários:
A Globo vai exibir esse simpático "Doce de Mãe" hoje na Sessão da Tarde como uma homenagem singela ao talento da grande atriz Fernanda Montenegro. Eu costumo dizer que o Brasil possui grandes atores e atrizes, o que falta muitas vezes mesmo é material de qualidade para tantas pessoas talentosas. Afinal fazer novela pode ser financeiramente interessante mas não podemos dizer o mesmo sob o aspecto puramente cultural. Esse "Doce de Mãe" é um bom filme, leve, diria até despretensioso mas funciona muito bem graças à presença muito especial de Fernanda Montenegro. Aliás esse papel lhe valeu pela primeira vez o Emmy, o Oscar da TV americana, o que não é pouca coisa. Modesta, Fernanda não quis fazer grande alarde sobre a premiação, o que vai bem de encontro à sua personalidade. Amenizou tudo afirmando: "Eu, às vezes, acho que sou uma velhinha maluca. Todo velho tem uma zona de 'maluqueira', eu acho". Modéstia pura, claro, já que Fernanda Montenegro é uma das grandes damas da dramaturgia brasileira, um mito em sua profissão. Assim não deixe de prestigiar a atriz hoje, conferindo esse simpático filme que mostra o cotidiano das famílias brasileiras, algo que conhecemos tão bem!

Pablo Aluísio.

Cowboys do Espaço

Aposentadoria é uma palavra que definitivamente não faz parte do vocabulário de Clint Eastwood. Sempre ativo e atuante, lançando novos filmes todos os anos, o velho astro não dá sinais de que vá se aposentar um dia, isso apesar de sua idade avançada. O que não significa que não possa brincar com esse fato nas telas. Clint parece se divertir com o fato de que mesmo na terceira idade ainda é mais produtivo e trabalhador do que muito garotão por aí. Um exemplo do bom humor do diretor e ator pode ser conferido nesse simpático “Cowboys do Espaço” cujo roteiro está recheado de piadinhas com a idade não só de Clint mas de todo seu elenco de apoio, formado por veteranos como James Garner, Tommy Lee Jones e Donald Sutherland. O enredo também brinca com o fato de mandar todos esses senhores idosos ao espaço para uma missão especial da NASA. Acontece que um velho satélite da agência espacial apresenta graves problemas, podendo inclusive cair na Terra. Como se trata de uma tecnologia obsoleta, desconhecida dos jovens astronautas na ativa, a NASA resolve convocar os profissionais do espaço da época em que o satélite foi lançado, uma vez que apenas eles podem consertar o artefato. Inverossímil? Inicialmente sim mas por uma dose de sorte na mesma época em que o filme chegava aos cinemas a agência espacial americana anunciava a ida do mais velho astronauta de volta ao espaço, o americano John Glenn. O fato real acabou gerando grande publicidade grátis ao filme pois a missão da NASA ganhou todas as principais manchetes de notícias ao redor do mundo. Apesar disso o filme não conseguiu se tornar exatamente um sucesso de bilheteria.

Anos depois, em entrevistas, Clint Eastwood esclareceu que o projeto inicialmente contava com Jack Nicholson e Sean Connery como primeiras opções para os personagens mas eles, por um motivo ou outro, declinaram do convite. Nicholson alegou que já havia interpretado um astronauta veterano em “Laços de Ternura” e por isso não queria de certa forma repetir aquele tipo de personagem. Já Connery estava muito aborrecido com a Warner por causa de problemas contratuais de filmes anteriores. De fato Sean se aposentaria pouco depois com o fiasco de bilheteria de “A Liga Extraordinária”. De qualquer modo, apesar de não ser um filme brilhante, “Cowboys do Espaço” é simpático e bem realizado dentro de sua proposta inicial – que é unir comédia e aventura em um só filme. Alguns críticos acusaram a produção de ser uma mera cópia de filmes do passado como “Os Eleitos” mas esse tipo de colocação não tem muito sentido. Clint em momento algum quis realizar um épico sobre a corrida espacial, pelo contrário, sua intenção foi mesmo apenas brincar com sua idade ao lado de seus colegas veteranos do cinema. Olhando por esse lado não há como desgostar desse filme. Não é o melhor do diretor, passa longe disso, mas nem só de obras primas vivem os grandes cineastas. Dentro da categoria “diversão descompromissada” esse “Cowboys dos Espaço” já está bom demais.

Cowboys do Espaço (Space Cowboy, Estados Unidos, 2000) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Ken Kaufman, Howard Klausner / Elenco: Clint Eastwood, Tommy Lee Jones, Donald Sutherland, James Garner, Lee Majors, Rade Serbedzija / Sinopse: Um velho satélite da NASA apresenta graves problemas, podendo inclusive cair na Terra. Como se trata de uma tecnologia obsoleta, desconhecida dos jovens astronautas na ativa, a agência espacial americana resolve convocar os profissionais do espaço da época em que o satélite foi lançado, uma vez que apenas eles podem consertar o artefato. Mesmo na terceira idade eles aceitam a missão de voltar ao espaço!

Pablo Aluísio.

A Profecia

A figura do Anticristo sempre foi muito explorada pelo cinema americano. Um das produções mais famosas sobre esse misterioso personagem foi “A Profecia”, um clássico dos filmes de terror e suspense. O enredo narra a estória de um diplomata americano (Gregory Peck, sempre ótimo) que ao lado de sua esposa aguarda com ansiedade o nascimento de seu primeiro filho. Durante o parto porém as coisas não saem bem e a criança morre. Para não abalar sua mulher ele acaba tomando uma decisão extrema: adota uma criança às pressas, um recém-nascido de origem completamente desconhecida. No começo sua idéia dá bons frutos pois a criança cresce forte e sadia porém quando completa uma certa idade começa a manifestar estranhos poderes paranormais que irão mudar o rumo e o destino de toda a sua família. É mais do que curioso o enredo dessa produção pois o garoto, o simpático e amável Damien (Harvey Stephens), é na realidade o Anticristo em pessoa. Ele irá crescer e em um futuro próximo levará a humanidade para sua própria danação, como está escrito inclusive nas escrituras sagradas.

“A Profecia” fez tanto sucesso que deu origem a várias continuações e a uma refilmagem (remake) em 2006, todas desnecessárias. O roteiro desse primeiro filme é conclusivo, se fechando em si mesmo, não sendo necessário se alongar ou levar o enredo adiante como fez os produtores em busca de bilheterias fáceis. Além do roteiro realmente intrigante, que mexia bastante com as crenças do puritano povo americano, “A Profecia” original se destacava também por seu excelente elenco, a começar pelo grande mito Gregory Peck. Que baita ator ele era! Nunca assisti uma atuação de Peck que não fosse altamente digna. Aqui ele repete a dose, interpretando o embaixador americano que acaba adotando o garotinho Damien. Interessante porque ao longo de sua carreira Peck não fez filmes de terror, se concentrando em dramas, filmes de guerra e westerns. Quando resolveu participar desse aqui mal sabia que estava entrando em um dos maiores clássicos do gênero! "A Profecia" mostra acima de tudo que para se fazer um bom filme de terror não é preciso encher a tela de monstros sanguinários ou efeitos especiais gratuitos. Basta um bom roteiro, um argumento interessante e boas atuações. Some-se a isso uma excelente trilha sonora incidental e você terá realmente um clássico em mãos. É um filme para se assistir e entender porque os filmes de suspense e de terror de antigamente eram bem melhores e mais inteligentes do que os que são produzidos hoje em dia.

A Profecia (The Omen, Estados Unidos, 1976) Direção: Richard Donner / Roteiro: David Seltzer / Elenco: Gregory Peck, Lee Remick, Harvey Stephens / Sinopse: Diplomata Americano no exterior (Gregory Peck) acaba adotando um garotinho de origem desconhecida. Conforme se passam os anos o menino começa a desenvolver estranhos poderes paranormais que irão dar origem a uma série de eventos misteriosos e sombrios.

Pablo Aluísio.

Corrida Mortal

“Corrida Mortal” é o remake de “Corrida da Morte”, produção B da década de 1970 que tinha no elenco um ainda bastante jovem Sylvester Stallone. Embora seja uma refilmagem há diferenças substanciais entre as duas produções. Aqui o filme mescla vários fatores contemporâneos (crise econômica, superlotação de presídios e reality shows) para criar aquilo que seria o entretenimento supremo para as massas, uma nova versão dos jogos de gladiadores só que tendo como protagonistas prisioneiros de uma instalação de segurança máxima que são colocados em uma disputa mortal, uma corrida sem regras onde o principal objetivo é sobreviver e ganhar a liberdade. Aos perdedores só resta a morte na pista. Assim podemos perceber que em “Corrida Mortal” há uma mistura incrível de vários filmes e referências tudo jogado de uma só vez nesse verdadeiro caldeirão pop por excelência. Há elementos de “Mad Max” (como sempre), de “O Sobrevivente” (filme com Arnold Schwarzenegger, baseado em livro de Stephen King) e até mesmo o famoso Rollerball, filme sensação que ajudou a criar várias imitações baratas ao longo de todos esses anos.

“Corrida Mortal” foi realizado para três tipos de pessoas. Para os que adoram filmes de ação com carros envenenados, para os fãs de Jason Statham (aqui mais casca grossa do que o habitual) e para os admiradores de Roger Corman, o famoso diretor de filmes B, que ao longo da vida realizou centenas de filmes (sem perder um tostão segundo ele próprio gosta de dizer). O espírito que norteia todo o filme é o de Corman, sem dúvida, embora aqui o orçamento seja mais do que generoso. A direção foi entregue a Paul W.S. Anderson, que os fãs das franquias de Resident Evil e Alien vs. Predador conhecem muito bem. Ele obviamente acelerou ao máximo a condução da estória, injetando doses extras de adrenalina nas sequências de corridas. Os fãs de filmes de ação desenfreada certamente não terão o que reclamar. A produção aliás fez bonito nas bilheterias, tanto que virou uma nova franquia (há pouco foi lançado “Corrida Mortal 3” mas sem Jason Statham). Enfim, “Death Race” não faz feio na categoria filmes apocalípticos de ação. Quem curte corridas de carros também vai gostar bastante. No fundo é um eficiente produto do gênero. Vale a pena acelerar para conferir essa produção.

Corrida Mortal (Death Race, Estados Unidos, 2008) Direção: Paul W. S. Anderson / Roteiro: Paul W. S. Anderson / Elenco: Jason Statham, Ian McShane, Tyrese Gibson, Joan Allen, Robin Shou, Janaya Stephens / Sinopse: Um prisioneiro de um presídio de segurança máxima, Jansen Ames (Jason Statham), é forçado a participar de uma corrida de vida e morte que será transmitida ao vivo para todo o mundo. Em caso de vitória o corredor ganhará a liberdade. Em caso de derrota, a morte será inglória.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Encontro Explosivo

June (Cameron Diaz) é uma garota normal que sem querer acaba se envolvendo em um jogo envolvendo espiões, segredos militares e assassinos profissionais. Depois de descobrir algo comprometedor ela se torna a contragosto “parceira” do misterioso e enigmático Wilner (Tom Cruise) que ao que tudo indica se trata de um agente do serviço secreto mas que pode ser também apenas um assassino profissional em serviço. Juntos partem para diversas partes do mundo, onde vivem grandes momentos de tensão e aventura. Perseguições, tiroteios, caçadas humanas e tudo mais que um verdadeiro espião tem direito. Procurando sair vivos de tantas situações de perigo terão que aprender finalmente a confiar um no outro. Finalmente resolvi dar uma chance e assistir a esse "Encontro Explosivo". Definitivamente o filme é decepcionante. Muito derivativo tenta pegar carona em filmes de ação alucinantes como os que são regularmente estrelados por Jason Statham. A referência mais óbvia vem da franquia “Carga Explosiva”. Mas esqueça qualquer mudança para melhor ou originalidade dessa produção. O que funciona com Jason não funciona com Cruise. Sua cara de garoto bonito não serve para esse tipo de papel que exige atores com estilo e jeito de caras durões como o próprio Jason Statham. Cruise mais parece um Mauricinho querendo impressionar a namorada loira e burra. Isso aborrece depois de um certo tempo.

O roteiro também não se sai melhor pois é outro ao estilo "Esquadrão Classe A", ou seja, muita explosão, muita correria e todo mundo indo atrás de um objeto (em "Esquadrão Classe A" era uma matriz para fabricar dinheiro e aqui uma bateria "que nunca acaba"!). Pois bem, se não serve para os fãs de ação talvez sirva para as fãs de Tom Cruise mas pode desistir pois a química dele com a senhorita Diaz é outra decepção. Com uma interpretação exagerada, olhos arregalados e vidrados, Cruise não consegue ser romântico em nenhum momento e nem passa qualquer tipo de paixão visível ao espectador. Depois que o ator pulou no sofá da apresentadora Oprah nos EUA as coisas meio que saíram dos trilhos na carreira dele. Ele brigou com seu agente, demitiu sua equipe de apoio e por fim foi demitido da Paramount Pictures. Interessante que aqui notamos a diferença que fez essa perda para a carreira dele, pois duvido que ele faria algo tão grotesco se ainda estivesse com o estúdio (que afinal de contas praticamente construiu sua passagem ao estrelado). Aqui nada se salva. A senhorita Diaz continua canastrona, como sempre. Cruise não convence e o roteiro é uma piada de tão mal escrito que é. No final das contas a única coisa explosiva é realmente o filme em si já que é definitivamente uma bomba!

Encontro Explosivo (Knight and Day, Estados Unidos, 2010) Direção: James Mangold / Roteiro: Dana Fox, Scott Frank / Elenco: Tom Cruise, Cameron Diaz, Maggie Grace, Peter Sarsgaard, Paul Dano, Marc Blucas / Sinopse: Sem querer uma garota comum acaba se envolvendo em um jogo de espionagem internacional onde espiões treinados e assassinos profissionais travam uma luta implacável pela posse de um artefato industrial de grande valor.

Pablo Aluísio.

Ninguém é Perfeito

Título no Brasil: Ninguém é Perfeito
Título Original: Flawless
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Tribeca Productions
Direção: Joel Schumacher
Roteiro: Joel Schumacher
Elenco: Robert De Niro, Philip Seymour Hoffman, Barry Miller

Sinopse:
Walt Koontz é um policial ultra conservador que sofre um derrame. Na sua recuperação ele começa a ver o mundo de uma outra maneira, inclusive se tornando próximo e amigo de uma drag queen, Rusty (Philip Seymour Hoffman), em momento inspirador. Filme indicado ao Screen Actors Guild Awards.

Comentários:
Esse é um bonito filme, com roteiro versando sobre tolerância, recomeço, mudança de valores. Os dois personagens principais tinham tudo para se odiarem (um é conservador, o outro gay), porém o destino os aproxima. Robert De Niro, sempre um ator interessante, aqui não está tão marcante. Todos os méritos em termos de atuação vão mesmo para o talentoso Seymour Hoffman. Travestido de drag queen ele rouba todas as atenções. Embora haja algum humor o filme é realmente bem dramático, numa produção feita pela própria companhia de De Niro, a Tribeca Productions. Curiosamente a direção foi dada a  Joel Schumacher, que definitivamente nunca foi cineasta desse tipo de filme. Enfim, não deixe de conferir, um bom drama especialmente indicado para o público GLSTB.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Magic Mike

É bem complicado analisar um filme como esse. Não é questão de preconceito pelo fato dos personagens principais serem todos stripers mas sim pela falta de uma justificativa melhor para a própria existência desse “Magic Mike”. Tudo parece soar como mera desculpa para as várias e várias cenas de strips masculinos, uma atrás da outra, praticamente sem interrupção. Intercalando tudo temos apenas um fiapinho de estória que tenta criar alguma profundidade para esses marmanjos musculosos que ganham a vida se exibindo para mulheres. No Brasil esse tipo de coisa teve seu auge de sucesso no chamado “Clube das Mulheres” mas hoje em dia só sobrevive praticamente como entretenimento para o público gay. Aliás por falar em gays eles foram completamente riscados do mapa na produção que não quis criar nenhum vínculo entre aqueles dançarinos e a cultura gay, muito embora ambos andem de mãos dadas na vida real já que muitos stripers masculinos são também garotos de programa para homossexuais endinheirados. Deixando isso de lado o que vemos é realmente um enredo bem fraco, que tenta se apoiar unicamente no apelo sexual dos atores. Curiosamente tudo é feito até com muito pudor (há obviamente nudismo parcial nas seqüências mas o diretor puxa o freio de mão para algo realmente mais ousado).

Por falar em elenco a trama gira basicamente em torno da vida de três personagens centrais. O primeiro é o próprio Magic Mike (Channing Tatum). Vivendo de trabalhos braçais (como na construção civil e na construção de móveis residenciais) ele se apresenta em clubes noturnos de stripers apenas para juntar uma grana para abrir seu próprio negócio. O ator Channing Tatum mostra intimidade com o babado, até porque ele próprio viveu de tirar a roupa antes de sua carreira como ator decolar. O segundo personagem é um jovem de apenas 19 anos que perde sua bolsa de estudos numa universidade após agredir o seu técnico de futebol. Sem grana e sem emprego topa entrar no jogo que é comandado por Dallas (Matthew McConaughey), um veterano striper que agora comanda seu próprio show e que tem planos de levar seu grupo para uma casa noturna maior e mais moderna em Miami (a estória do filme se passa em Tampa, na Flórida). Embora tenha esse núcleo dramático envolvendo todos esses personagens esqueça essa questão pois tudo é bem superficial mesmo e como escrevemos tudo parece uma simples desculpa para os fortões rebolarem até dizer chega! Por falar neles é uma pena ver Matthew McConaughey regredir com esse tipo de papel, logo ele que vinha apresentando um bom trabalho em filmes realmente bons nos últimos anos. O seu Dallas no filme não passa de um cretino e ele para falar a verdade não diz a que veio se limitando a andar de fio dental pra lá e pra cá. Enfim é isso, “Magic Mike” não tem segredo, é apenas um filme apelativo que usa as cenas de strips de seus atores para chamar a atenção de seu público alvo – mulheres apenas. Para os homens heteros que estiverem em busca de bom cinema é bom desistir de tentar encontrar algo aqui pois certamente ficarão nus com a mão no bolso.

Magic Mike (Magic Mike, Estados Unidos, 2012) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Reid Carolin / Elenco: Channing Tatum, Matthew McConaughey, Joe Manganiello, Alex Pettyfer, Matt Bomer, Olivia Munn / Sinopse: Magic Mike conta a estória de um grupo de stripers masculinos que tentam ganhar a vida tirando a roupa para mulheres em um clube noturno.

Pablo Aluísio. 

Força Policial

Filmes policiais nunca saem de moda. Também são facilmente mesclados com outros gêneros, podendo se tornar filmes policiais de ação, com muitos tiros e perseguições ou então dramas mais densos, com desenvolvimento maior de situações dramáticas envolvendo os principais personagens. É nessa segunda categoria que se enquadra esse “Força Policial”, bom momento do gênero nas telas. O enredo mostra uma família que de geração em geração vai formando novos homens da lei. Desde o patriarca Francis (Jon Voight) até seus filhos Francis Jr. (Noah Emmerich) e Ray (Edward Norton). Como se não bastasse a família de tiras ainda é completada pela presença do cunhado Jimmy (Colin Farrell). As coisas começam a se complicar quando Ray toma conhecimento de uma denúncia de corrupção envolvendo seu cunhado. A dramaticidade surge do conflito interno que começa a assolar o policial, afinal como agir quando algo assim acontece? Deveria ele tomar partido incondicional de um membro da sua família ou adotar uma postura essencialmente ética, levando em frente as investigações para se chegar ao fundo da verdade, mesmo que essa seja a pior possível para os interesses de sua família?

Como se pode perceber o filme se desenvolve em torno dos personagens interpretados pelos atores Colin Farrell e Edward Norton. De Norton sempre esperamos boas atuações pois ele realmente é um profissional muito talentoso. Aqui ele encarna perfeitamente o policial que fica em completa crise existencial ao ter que decidir por sua fidelidade à corporação ou sua lealdade familiar. O argumento, que discute ética e honestidade de uma forma bastante inteligente, encontra um intérprete à altura de seu dilema de índole pessoal. Por outro lado a maior surpresa em termos de atuação vem com Colin Farrell, ator bem mais limitado, que tem ultimamente estrelado filmes ruins com atuações igualmente medonhas. Aqui ele está surpreendentemente bem, talvez por influência do colega de cena. Consegue inclusive levantar dúvidas no espectador sobre seu real caráter. Afinal é realmente um tira corrupto ou apenas um policial sendo injustamente acusado? O resultado final é dos melhores. Sem medo de errar qualifico “Força Policial” como uma das melhores produções do gênero nos últimos anos. Dramaticamente bem desenvolvido, não abre mão da tensão e do suspense, tudo emoldurado em um bom roteiro que não abre brechas para soluções fáceis. Curiosamente o filme deveria ter sido filmado em 2001 mas foi arquivado pelo estúdio por causa dos acontecimentos de 11 de setembro. Não era de bom tom colocar tiras corruptos nas telas naquele momento em que os policiais estavam sendo vistos como heróis daquela tragédia. Mesmo atrasado o filme diverte, entretém e mantém um bom nível e por isso deve ser conhecido por quem deseja assistir a um bom drama policial. Está mais do que recomendado.

Força Policial (Pride and Glory, Estados Unidos, 2008) Direção: Gavin O'Connor / Roteiro: Joe Carnahan, Gavin O'Connor / Elenco: Edward Norton, Colin Farrell, Noah Emmerich, Jennifer Ehle, Chris Astoyan, Lake Bell, Jon Voight, / Sinopse: Policial que faz parte de uma grande família de policiais é acusado de ser corrupto. Seria a acusação um fato ou uma forma de atingir todo o clã policial de que faz parte?

Pablo Aluísio.